O dia seguinte


Turismo pós-Olimpíadas precisa ser planejado com urgência, alerta Otavio Leite

19483010446_7d13ac1b97_zA Comissão de Turismo da Câmara promoveu, a pedido do deputado Otavio Leite (RJ), uma audiência pública, nesta quarta-feira (8), sobre a situação do turismo no Brasil pós-Olimpíadas. Os convidados apontaram que o país e está aquém de sua capacidade de atrair turistas e afirmaram que faltam recursos para a área de divulgação. No geral, há um entendimento de que é preciso um esforço coletivo para que o legado dos jogos olímpicos seja promissor e os destinos brasileiros atraiam os olhares dos estrangeiros.

De acordo com Otavio, a maior preocupação nesse momento é com o pós-jogos, porque durante o evento o fluxo de pessoas chegando ao Brasil será grande, mas depois ainda há dúvidas se o país vai ter um incremento no número de visitantes.

“Há uma expansão na rede hoteleira e precisamos que haja uma agenda de eventos após os jogos olímpicos para que os hotéis se mantenham cheios.  Turista quando vem deixa dinheiro aqui, são divisas injetadas no país, então quanto mais turistas melhor”, explica o deputado.

Atualmente, o Brasil recebe cerca de seis milhões de turistas por ano. Como lembra o deputado, a conta do turismo para o país ainda é negativa, na ordem de R$ 18 bilhões. Ou seja, os brasileiros gastam mais no exterior, do que os estrangeiros gastam por aqui. “As Olimpíadas são a oportunidade que talvez não se repita tão cedo. A questão é pensar da melhor forma possível na organização, mas, acima de tudo, pensar o dia seguinte, para que o fluxo turístico continue para o Rio de Janeiro e para o Brasil”, explicou.

Jean Fernandes, do Ministério das Relações Exteriores, disse ser necessário que os diversos atores do setor e fora dele façam seu papel para que o turista venha, queira voltar e faça propaganda em sua nação. “Se o turista vier e não tiver segurança e infraestrutura, tal como a capacitação de quem o atende, ele vai ter uma experiência frustrada”, afirmou. Ele informou que o Itamaraty está fazendo um trabalho em 20 capitais, em embaixadas e consulados para tentar divulgar o Brasil como destino turístico.

O presidente do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da CNC, Alexandre Sampaio, também destacou a necessidade de aproveitar a oportunidade. Conforme afirmou, será preciso sensibilizar quem estará no país durante os jogos para visitar os destinos brasileiros. 

O presidente da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis, Dilson Jatahy Junior, destacou que a carga tributária do setor turístico no Brasil é muito alta e precisa ser revista para que o país passe a ter maior competitividade. Ele também falou sobre a redução de voos nacionais e destacou a necessidade da divulgação do turismo interno. 

Segundo Otavio Leite, esta é uma questão crucial. “Nas férias de julho é mais barato viajar para Miami do que para o Nordeste. Tem algo errado. O custo Brasil é uma estupidez e não pode continuar assim. Minha proposta é que o setor do turismo tenha uma equiparação tributária com os industriais que vendem algo para o exterior, com facilidade de acesso a crédito e fomento, pois trazem recursos para o Brasil. Assim atrairemos mais pessoas”, defendeu.

Para o presidente substituto da Embratur, José Antonio Parente, os recursos destinados para o setor ainda são muito baixos e o país tem diversos problemas. Ele destacou, porém, que neste ano vários eventos, como feiras internacionais, que acontecerão após os jogos olímpicos, serão oportunos para apresentar os destinos brasileiros ao mundo. Além disso, durante as Olimpíadas, o instituto apresentará os principais destinos do Brasil à imprensa internacional e aos atletas que estarão presente no país. 

O presidente do Instituto Brasileiro de Turismo Receptivo Internacional, Salvador Saladino, afirmou que 60% do custo dos pacotes turísticos são do transporte aéreo. Ele chamou atenção para o alto custo do serviço no Brasil e afirmou, por exemplo, que um turista que estará no Rio durante os jogos, dificilmente conseguirá conhecer as Cataratas do Iguaçu por causa do alto preço das passagens aéreas.

Ainda menos otimista, o diretor comercial do Rio Convention & Visitors Bureau, Michael Nagy, disse acreditar que os jogos olímpicos do Rio serão os melhores da história, porém isso não representará incremento do turismo após o evento porque o governo brasileiro não fez a lição de casa. Para ele, o grande desafio é fazer campanhas de longo prazo em outros países sobre os destinos brasileiros.  “É preciso fazer planos estratégicos, de fato”, afirmou. Para ele, cada R$ 1 gasto no turismo atrai R$ 10.

(Reportagem: Djan Moreno)

 

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8 junho, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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