Descompromisso
Atraso na entrega de imóveis prontos comprova irresponsabilidade do governo afastado, dizem deputados
A demora na entrega de imóveis, já prontos, do programa Minha Casa Minha Vida, demonstra a falta de responsabilidade e de compromisso do governo da presidente afastada Dilma Rousseff com a população mais pobre. Na avaliação de parlamentares do PSDB, o caráter meramente politico, em vez do compromisso com a população, está sendo comprovado, até mesmo num dos programas básicos que foi criado para diminuir o déficit habitacional dos menos favorecidos.
Em entrevista ao jornal “O Globo”, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, disse que milhares de pessoas esperam pelo recebimento da casa própria e, enquanto isso, o governo da presidente afastada Dilma deixou 50 mil unidades prontas sem entregar, “seja por problemas burocráticos ou por falta de espaço nas agendas oficiais para marcação de solenidades de inauguração”.
Para o deputado Daniel Coelho (PE), está comprovado que a maior preocupação do governo passado era com a foto no jornal do dia seguinte. “Principalmente nos últimos meses, o jogo foi para agradar a plateia sem se preocupar efetivamente com o benefício da população”, disse.
O tucano reitera a responsabilidade do novo ministro em mostrar a realidade e, a partir de agora, executar os programas, concluir o que for preciso e entregar à população. Para o deputado Caio Narcio (MG), deixar de entregar moradia para pessoas de baixa renda demonstra a total falta de responsabilidade no uso do dinheiro público e má fé. “Isso não é um equívoco qualquer, é má fé de quem fez a coisa errada e mal feita”, avalia.
No Rio de Janeiro, por exemplo, o secretário municipal de Habitação, Sérgio Zveiter, reclama que há quase sete mil imóveis do Minha Casa Minha Vida prontos, mas ainda não entregues. “O custo é, sobretudo, político”, diz ele, explicando que 5 mil famílias já foram sorteadas para ocupá-los. “Tentei marcar a entrega, mas esbarrei na falta de agenda”, protestou. Ele agora busca solução junto ao novo governo.
Segundo Caio Narcio, ao tomar pé do que acontece, o governo provisório descobre as mentiras que foram ditas e observa que existe muita propaganda e pouca efetividade. “Muito do que foi dito na TV não passou de propaganda, o MCMV 1 nem acabou, começa o dois. Depois lança o três e não acaba, da mesma forma como aconteceu com o PAC”, disse.
Para o tucano, o desafio é grande. Muitas pessoas estão na expectativa de receber as moradias e infelizmente isso não acontece, pois tudo precisa ser organizado. O ministro vai propor ao presidente Michel Temer uma solenidade nacional dando por inaugurado esse volume de obras. Segundo ele, esta é a forma de tirar esse aspecto tão negativo de impedir dezenas de milhares de brasileiros de entrarem no seu imóvel novo porque faltou alguém do PT ir lá inaugurar.
Nessa entrevista, Bruno Araújo afirmou ainda que as obras inacabadas serão vistoriadas, a exemplo de Pernambuco, estado em que das 25 mil moradias anunciadas, pouco mais da metade foi entregue. Em auditoria, o Tribunal de Contas do Estado constatou irregularidades gravíssimas, entre elas a listagem de obras abandonadas há anos que ainda apareciam como “em andamento”.
(Reportagem: Ana Maria Mejia/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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