Brasil precisa deixar de ser anão diplomático, por Luiz Carlos Hauly
Além da falência econômica, da divisão do País entre “nós e eles”, de protagonizar os maiores escândalos de corrupção da história republicana, entre tantos outros males, os 13 anos de governo petista (Lula e Dilma) também deixou como herança o rebaixamento do Brasil ao status de anão diplomático. Assim como precisa adotar medidas urgentes para implantar as reformas que tanto o País precisa para voltar a crescer e gerar empregos, assim também o novo governo liderado por Michel Temer precisa sinalizar ao mundo, com grande ênfase, que a política externa passa agora a ser orientada de acordo com os interesses de Estado, sepultando o viés ideológico que fez o Itamaraty refém dos então mandatários de ocasião.
O desprezo dos governos petistas pela tradição da até então respeitada diplomacia brasileira foi tão grande que foi instalado no próprio Palácio do Planalto, a figura controversa de Marco Aurélio Garcia que, com sua “grande experiência” como coordenador do famigerado Foro de São Paulo, passou a ser uma espécie de chanceler dos presidentes Lula e Dilma, defendendo sempre com ferrenho interesse assuntos ligados a Cuba, Venezuela, Bolívia e outros países do eixo bolivariano, aos quais o Brasil nestes últimos 13 anos deu todo apoio, fez concessões absurdas e até financiou obras injustificáveis como o porto de Mariel em Havana, onde foram aplicados 800 milhões de dólares de recursos públicos do Brasil.
Sob nova direção e descontaminado do dogmático viés bolivariano, o Itamaraty tem agora, em nome da transparência, da verdade e em respeito a sua própria história, a oportunidade de abrir os arquivos daquela vergonhosa omissão do governo brasileiro que culminou com a fuga para o Brasil do senador boliviano, Roger Pinto Molina, depois dele permanecer 15 meses refugiado na Embaixada do Brasil em La Paz, sem que nada fosse feito para salvá-lo das ameaças de Evo Morales. O diplomata Eduardo Saboia que arquitetou a perigosa fuga, de mais de 20 horas de carro, ao invés de ser elogiado por sua coragem e pela ação humanitária, acabou sendo covardemente punido pelo governo brasileiro.
Um outro episódio, de maior gravidade, foi a devolução dos boxeadores cubanos que buscaram asilo no Brasil durante o Pan de 2007. Numa ação combinada de ditadura para ditadura, desrespeitando as regras básicas dos direitos humanos de qualquer país civilizado, o presidente Lula entregou os dois atletas como um troféu ao regime castrista de Havana. À época, Guilhermo Rigondeaux era bicampeão olímpico até 54 Kg e Erislandy Lara era campeão mundial até 69 Kg. Eles foram recebidos pela ditadura cubana na condição de soldados desertores. A diplomacia brasileira não pode permitir que o caso do senador boliviano e dos boxeadores cubanos permaneçam na caixa preta do Itamaraty.
Como vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional vamos cobrar também a divulgação dos contratos obscuros firmados pelos governos petistas para financiar, com dinheiro público dos brasileiros, obras em países do eixo bolivariano e ditaduras africanas. Espero também que o novo governo tenha como prioridade colocar em prática, de fato, o Plano Estratégico de Fronteiras, para que o contrabando de drogas e armas seja efetivamente combatido numa ação integrada de todas as forças de segurança. Além de uma nova agenda externa, outra questão que o Governo Temer precisa rever com urgência é o contrato dos Médicos Cubanos. Além de submeter esses profissionais as leis de medicina do País, o Brasil não pode mais usar esse serviço terceirizado como ponte para continuar financiando a ditadura cubana.
(*) Luiz Carlos Hauly é deputado federal pelo PSDB-PR.
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