Reação diplomática


Tucanos elogiam reação do Itamaraty a críticas de governos bolivarianos ao afastamento de Dilma

26798868445_02727e7a0b_kDeputados do PSDB elogiaram nesta segunda-feira (16) a atitude do Ministério das Relações Exteriores, que rejeitou, oficialmente, as críticas dos governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, além de entidades internacionais, ao afastamento da presidente petista Dilma Rousseff. Sob o comando do novo ministro José Serra, o Itamaraty classificou de falsas as interpretações de que o impeachment seria um golpe de Estado.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Pedro Vilela (AL), aponta que o Brasil entrou em uma nova fase e o ministro José Serra agiu corretamente ao rechaçar as declarações de nações que ignoram a realidade sobre o processo de impeachment. Segundo o tucano, durante os governos petistas, o Brasil foi conivente com regimes marcados por sérias violações aos direitos humanos e à democracia.

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“Óbvio que os governantes desses países agora estão bastante incomodados com o momento que o Brasil vive. Eles tinham nos governos Lula e Dilma parceiros coniventes e agora perceberam que isso não vai existir. Diante desse fato, começam a distorcer o que está se passando aqui em um processo absolutamente constitucional, legitimado pela nossa mais alta corte de Justiça, pela ampla maioria da sociedade e pelo Congresso Nacional”, destacou.

Para Vilela, a postura adotada pelo Itamaraty foi correta, no momento certo e na medida certa. O tucano avalia como absurdo o movimento comandado por Cuba contra o afastamento da presidente Dilma. Segundo ele, o país comandado pela ditadura da família Castro é o menos indicado para falar sobre democracia. “Não tem lógica nenhuma”, disse.

De acordo com ele, a postura do governo cubano, assim como de outros vizinhos latinos, se deu pelo fato de relações nebulosas e compadrios terem sido adotados ao longo dos governos petistas, “algo absolutamente obscuro e que ninguém sabe ao certo em que termos eram essas relações”. Com o novo governo, Vilela avalia que as relações com esses  países devem continuar, mas agora defendendo interesses do Brasil e dos brasileiros, e não de determinados grupos políticos.

Apesar dos ataques isolados feitos por governos bolivarianos, a comunidade internacional reconhece o processo de impedimento de Dilma Rousseff como um ato legítimo das instituições brasileiras. O afastamento da presidente não será considerado golpe de Estado pelos pesquisadores que desenvolveram um dos mais completos bancos de dados sobre governos retirados do poder ilegalmente no mundo todo.

Em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, o cientista político Clayton Thyne, da Universidade do Kentucky (EUA), afirmou que “a ideia de que há um golpe no Brasil é completo nonsense”. Ele é um dos autores do banco de dados que reúne informações sobre todos os golpes de Estado (e tentativas de golpe) no mundo desde 1950, e afirmou que o impeachment de Dilma não vai ser contabilizado no levantamento.

Em comunicado enviado a todos os países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas, o Itamaraty afirma que os governos esquerdistas da América Latina e organizações – como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América/Tratado de Cooperação dos Povos (ALBA/TCP) – opinam e propagam falsidades sobre a política interna no Brasil, cujo processo se desenvolve em absoluto respeito às instituições democráticas e segue rigorosamente o rito estabelecido na Constituição, com aval e determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Em outro comunicado, o Ministério das Relações Exteriores também rebateu, pelos mesmos motivos, os comentários críticos do secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, sobre a conjuntura política no Brasil.

O 1º vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Luiz Carlos Hauly (PR), afirmou que o novo comando do Itamaraty pensa nos interesses do Brasil e não aceita juízo de valor sobre a democracia brasileira e a legalidade do processo de impeachment, que está em conformidade com as leis, a Constituição e a Justiça. “O que aconteceu aqui foi uma decisão soberana nacional”, destacou, ao lembrar que Dilma cometeu crime de responsabilidade e por isso acabou sendo afastada de suas funções.

Mesmo após a reação do chanceler José Serra, que contou com o aval do presidente interino Michel Temer, o governo cubano não se intimidou e fez campanha nos órgãos internacionais contra o governo provisório. Em e-mail enviado pela missão de Cuba perante as Nações Unidas para mais de uma dezena de organismos internacionais, a diplomacia cubana alertando para o “golpe” no Brasil.

Na mensagem, o governo cubano descreve o conteúdo da declaração como sendo “sobre o golpe do estado parlamentar e judicial no Brasil”. Segundo o “Estadão”, em anexo, os diplomatas que abriam o documento podiam ler a declaração assinada em Havana no dia 12 de maio e já publicada que acusava Temer de ter “usurpado o poder”, apoiado pela “grande imprensa reacionária e o imperialismo”.

“Não admitimos essa interferência. Repudiamos veementemente”, rechaçou Hauly. Para ele, o movimento liderado por Cuba não possui efeito prático, pois o mundo inteiro sabe que o país vive uma ditadura há mais de 50 anos. “Trata-se de uma ditadura monárquica de irmão para irmão. Com todo respeito aos cubanos e a Cuba, mas aquele país é o menos democrático das Américas, enquanto o Brasil continua firme, com as suas instituições funcionando. Não vamos nos meter nos assuntos internos deles e queremos continuar mantendo as relações que sempre mantivemos”, pontuou.  

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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16 maio, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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