Na contramão
Criação de cargos na Câmara é inoportuna diante do cenário de crise, avaliam tucanos em Plenário
Parlamentares do PSDB foram contra a criação de novos cargos conforme previsto no Projeto de Resolução 88/15, da Mesa Diretora, aprovado pelo Plenário da Câmara na noite de quarta-feira (4). De acordo com deputados tucanos, o momento econômico do pais exige austeridade e o zelo recomenda a redução da máquina pública, em vez de aumentá-la. “O PSDB, mantendo sua coerência, é contra a criação de cargos no Poder Executivo e também compreende que o Legislativo deveria fazer uma reforma dos cargos já existentes e nunca criá-los”, disse o deputado Daniel Coelho (PE).
O projeto também extingue e redistribui os cargos pelas lideranças e representações partidárias de acordo com o tamanho das bancadas. Mesmo assim, a despesa será de R$ 3,4 milhões/ano. Para o deputado Domingos Sávio (MG), o momento é de austeridade e qualquer remanejamento de cargo deveria manter o número atual. “Nós não podemos pregar austeridade para fora e não termos uma atitude de coerência nesta Casa”, alertou.
O Brasil está na iminência de fechar 2016 com um déficit primário próximo de R$ 100 bilhões, além de juros para pagar, despesa que passa de meio trilhão de reais. Diante deste cenário, Domingos Sávio afirma que este é o momento de compartilhar sacrifícios em favor do Brasil.
“É o momento de sinalizar para o Presidente que ele pode contar com patriotas, cidadãos que entendem que é necessário enxugar a máquina pública, diminuir o número de ministérios e cortar programas que não tenham repercussão na criação de empregos ou no campo social para preservar os programas sociais, para ter força e fôlego para incentivar os programas que gerem emprego”, afirmou.
A redistribuição de cargos considera quais e quantos cargos de natureza especial são necessários para atender as bancadas, de acordo com a nova composição partidária definida depois das últimas trocas de partido, em março. O projeto surgiu ano passado por causa da criação de dois partidos: a Rede Sustentabilidade (Rede) e o Partido da Mulher Brasileira (PMB).
Na avaliação do deputado Nelson Marchezan Junior (RS), o partido Rede começa muito mal. “Num momento em que há 11 milhões de desempregados, 200 mil empresas fecharam as portas por questões financeiras, os investimentos despencaram próximo de zero, a primeira votação envolvendo a Rede é para criar cargos. Isso passa a ideia de que é um partido carguista”, disse ele.
Segundo o tucano, a Rede já começa fazendo “mais do mesmo”, repetindo os erros que toda a sociedade repudia, que é criar penduricalhos, cargos e cargos em comissão de livre nomeação. “A cada novo partido serão criados mais cargos?”, questionou o parlamentar.
(Reportagem: Ana Maria Mejia)
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