Desespero


Apelos de Dilma à comunidade internacional são frustrados diante da legalidade do impeachment

A investida da presidente Dilma para vender à comunidade internacional a tese de “golpe” não tem surtido efeito. Apesar de declarações nesse sentido à imprensa estrangeira e aos apelos ao Mercosul e Unasul, a presidente não encontrou apoio na comunidade internacional contra o processomosaico que tramita contra ela no Congresso Nacional. Deputados do PSDB acreditam que a legalidade e a constitucionalidade do pedido de impeachment tornam as declarações da petista sem nenhuma credibilidade.

Em viagem aos Estados Unidos no fim da semana passada, Dilma falou em “quebra democrática” ao referir-se ao impeachment e, em entrevista na sexta-feira (22) em Nova Iorque, chegou a sugerir que Mercosul e Unasul avaliassem o processo contra ela. Não adiantou. Apesar da mobilização de países como Venezuela e Bolívia, a União das Nações Sul-Americanas, que se reuniu no fim de semana, não aprovou uma moção de repúdio ao processo de impedimento no Brasil.

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Ao falar a repórteres brasileiros, Dilma se descreveu como “uma vítima, uma pessoa injustiçada” e voltou a falar em golpe. Ela afirmou que se “a quebra democrática” se concretizar no país, pedirá que o Mercosul e a Unasul analisem imediatamente o caso. O bloco comercial poderia, segundo ela, acionar a “cláusula democrática”, que prevê a suspensão de um país em caso de ruptura. 

O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) afirma que é de conhecimento mundial o que tem acontecido no Brasil. E, em sua avaliação, as nações sabem que o processo de impeachment contra Dilma é legítimo, constitucional, legal, transparente, ocorre dentro do parlamento brasileiro e obedece às regras do jogo democrático. “É por isso que ela não encontrou eco em lugar algum, a não ser nas nações com governos populistas e demagogos como o dela e do Lula”, aponta.

Hauly ressalta que o pedido, agora em curso no Senado, tem obedecido todo o rito estabelecido pela Suprema Corte e conta com o apoio de mais de 70% dos parlamentares. Além disso, lembra o deputado, Dilma é acusada por práticas ilegais e, por isso, está passível de punição com a perda do mandato. “Todos sabem, seja nos EUA, Europa ou Canadá, que quem está envolvido em crime de responsabilidade não tem amparo em nenhum país desenvolvido, em nenhuma nação democrática”, reforça.

A propagação da ideia de “golpe” mostrou-se ainda mais frágil com o envio de uma carta escrita por deputados americanos ao Congresso Nacional brasileiro. No texto, os parlamentares dos EUA reforçam a “confiança na democracia brasileira” e nas instituições, que “terão a sabedoria de conduzir o país rumo a dias melhores no marco da lei para todo o povo”.

Para o deputado Caio Narcio (MG), as movimentações de Dilma no sentido de desclassificar um instrumento democrático é fruto de total desespero. “É parte do desespero pelo qual o governo está passando em seu estágio terminal”. O parlamentar acredita que a presidente adotou essa atitude para tentar ganhar algum fôlego, confundindo a comunidade internacional.

O tucano aponta que as nações têm sido informadas e sabem que as instituições brasileiras estão funcionando plenamente e que o impeachment é um instrumento democrático, subsidiado por uma determinação da Suprema Corte do país. “É um processo feito dentro do Legislativo de forma pacífica e organizada e com a participação de todos os parlamentares. Todos os fatos são tranquilos e rebatem os argumentos de Dilma. O governo não vê mais saída a não ser a mentira e a tentativa de confundir”, destaca.

O vice-líder do PSDB na Câmara, Lobbe Neto (SP), rechaçou a tentativa da presidente petista Dilma Rousseff de vender para o mundo que o processo de impeachment é um “golpe”.

De acordo com o parlamentar, essa manobra tem servido apenas para denegrir a imagem do Brasil, ainda mais, do que já está. “Ela age equivocadamente, indo contra as instituições democráticas, omitindo que o impeachment é um instrumento constitucional e que obedece às leis brasileiras”, afirmou.

Lobbe ressaltou que a presidente sabe que sofrerá o impedimento do seu ‘desgoverno’ e, por não ter mais apoio algum no Brasil, tenta encontrá-lo lá fora. “Se existe algum golpe que precisa ser denunciado na ONU [Organização das Nações Unidas], é o golpe pregado por Dilma contra os brasileiros”, rebateu.

PROTESTO NO PARLASUL

Um incidente diplomático provocou a saída da maioria dos  congressistas brasileiros que participavam de um evento, nesta segunda-feira (25), pela comemoração dos 25 anos do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai. A maioria dos delegados brasileiros resolveu protestar contra a opinião do presidente do Parlasul, o argentino Jorge Taiana. Ligado à ex-presidente argentina Cristina Kirchner, aliada de primeira hora da presidente brasileira, Taiana chamou o processo de impeachment no Brasil  de “golpe parlamentar” em nota no site oficial do Mercosul. Só ficaram no recinto um deputado do Psol e dois do PT. 

Integrante do Parlasul, o deputado Rocha (AC) também manifestou a revolta dos parlamentares brasileiros, que foram colocados nas últimas fileiras na sessão em comemoração aos 25 anos do Mercosul. Diante disso, se retiraram da cerimônia. “A localização em que fomos acomodados foi um desrespeito com o papel e a posição do Brasil que, há 25 anos ajuda a construir e fortalecer o bloco econômico”, explicou o parlamentar do PSDB.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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25 abril, 2016 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Desespero”

  1. rubens malta campos disse:

    As tratativas da Dilma nesses organismos internacionais levam-me a pensar em estar ela cometendo crime de lesa- pátria,um a mais para seu afastamento

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