Na berlinda

Governo Dilma se afundou em seus próprios escândalos de corrupção, dizem tucanos

Um ano e três meses depois de ter sido reeleita, a presidente Dilma, que assumiu o governo prometendo duro combate à corrupção e posava como faxineira da República, está na iminência de perder o mandato. Na avaliação de parlamentares do PSDB, a aprovação do processo de impeachment por ampla maioria na Câmara dos Deputados mostra claramente o desgaste do governo e a falta de capacidade da presidente Dilma de governar.

O deputado Bruno Covas (SP) reitera a existência de motivação jurídica e política que fez a situação se agravar a ponto de chegar até o processo de impedimento. “Isso não é por acaso, há uma raiz do governo do PT de cooptação das pessoas, de gasto desenfreado do recurso público e uso da coisa pública como se fosse do partido político”, reiterou.

Em entrevista à “Folha de S.Paulo”, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirma que ela está colhendo o que plantou. “A presidente não está sendo afastada pela oposição, mas pela própria base aliada, pois perdeu as condições de comandar e governar o país”, disse o senador.

Em 2014, ao subir a rampa do Palácio do Planalto para o segundo mandato, Dilma Rousseff já não tinha a mesma popularidade, nem a total confiança dos eleitores. Também enfrentava o desgaste causado pelo escândalo do petrolão. Na avaliação do deputado Caio Narcio (MG), depois que o processo eleitoral foi concluído, o PT e a presidente abandonaram todos os valores pra se manter no poder a qualquer custo.

“Ganhou as eleições com o país dividido, mentindo para os brasileiros, porque prometeu um projeto de país que depois não exerceu”, disse o tucano. Ele reiterou que, passado o período eleitoral, toda a agenda proposta por Dilma na campanha perdeu conexão com a realidade.

“O governo vai se desnudando, à medida que as operações, as comissões parlamentares de inquérito demonstram o verdadeiro cunho exercido no poder pela presidente”, afirma ele. A Operação Lava Jato, desencadeada pela Polícia Federal, foi mostrando o envolvimento de pessoas próximas ao governo num grande esquema de corrupção que desviou tanto dinheiro que quebrou a Petrobras. A CPI dos Fundos de Pensão, por exemplo, revelou a dilapidação dos quatro maiores fundos de pensão do país.

De acordo com Caio Narcio, essas operações e as delações mostraram um governo perdulário, corrupt,o que assaltou empresas, exibindo a face mais cruel do governo petista. “A base aliada sendo dilacerada, seguindo a lógica de achar que pode comprar tudo, fazer tudo”, afirmou. Para ele, o pior dos escândalos foi a nomeação das pessoas que ajudaram a quebrar o país e a tentativa de nomeação do ex-presidente Lula “para impedir a atuação da Justiça”.

Outro ponto a ser questionado é a falta de habilidade política da presidente. Arrogante, nunca admitiu erros e ignorou os sinais emitidos pelos próprios aliados. O resultado, segundo Caio Narcio e Bruno Covas, foi uma votação pela cassação muito forte, com respaldo amplo das ruas, e com processo juridicamente muito bem fundamentado. “É um final trágico para a história do PT, mas é o começo de um novo desafio para podermos ter uma perspectiva pra retomar o Brasil no caminho que ele merece”.

(Reportagem: Ana Maria Mejia/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)