Réplica
Rogério Marinho: Absurdos de colunista da “Folha” não guardam vínculo com o real
Na edição do dia 14 de abril de 2016, o psicanalista Contardo Calligaris fez considerações apressadas sobre meu discurso proferido na comissão que analisou o pedido de impeachment da presidente Dilma. No afã de refutar-me o “intelectual orgânico”, como o definiria Gramsci, usa de absurdos interpretativos que não guardam qualquer vínculo com a realidade.
Sua leitura cândida de Gramsci é influenciada pela visão de uma esquerda que glamoriza o marxismo e releva os seus malefícios. Gramsci não só reinterpretou a realidade deturpando-a como produziu uma eficiente estratégia de ocupação de poder pelas vias culturais. O objetivo é transformar a voz do partido em senso comum por meio dos intelectuais que ocupam universidades, imprensa e meios culturais.
Escrevendo a respeito dos intelectuais, Gramsci é claro ao afirmar que estes são o grupo responsável pelo exercício das funções subalternas da hegemonia social e do governo político. A receita é seguida à risca pelo PT. Em seu caderno de teses, para o 5º Congresso, diz uma das correntes: “O PT precisa retomar o conceito de disputa de hegemonia, combinando a ação institucional, articulado com as lutas dos movimentos sociais e com base numa forte organização interna, com vistas a encantar novamente a juventude e a sociedade como um todo”.
Toda obra marxista é uma análise deturpada da realidade misturada com estratégias políticas de tomada do poder. Utilizam-se de uma leitura incorreta dos fatos históricos para reverter em receitas de ações revolucionárias visando o domínio da sociedade. Gramsci inovou ao reconhecer na estrutura cultural o meio mais eficaz de alcançar o poder e, em sua obra, ensinou meios de destruição da cultura para imposição da engenharia social marxista. Calligaris faltou à aula, ou não leu.
Outro buraco na argumentação está no seu completo desconhecimento das teorias defendidas pela Escola de Frankfurt. Adorno e Horkheimer argumentavam que o terror e a civilização são inseparáveis e que, portanto, a solução era destruir a civilização. Marcuse, nesse viés, defendia que era possível, justificadamente, falar de uma revolução cultural visto que o protesto tem como alvo todo o edifício cultural, incluindo, aí, a moralidade da sociedade. Como se não bastasse, em seu livro “Eros e a Civilização”, Marcuse escreve receitas de destruição da moralidade cristã ocidental em prol da imposição do novo homem socialista.
Cada vez mais ideologias são vendidas como teorias científicas. Ideologia de gênero é uma pseudoteoria que diz que ninguém nasce mulher ou homem, pois a sexualidade é uma construção social independente do sexo biológico. Calligaris ignora a imensa literatura a respeito ao afirmar que não existe uma ideologia de gênero. Recomendo a leitura do livro “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, de Engels, além dele, dos autores Marx, Beauvoir, Kate Millett, Shulamith Firestone.
A intenção marxista por trás das teorias de gênero são explicitadas sem pudor pelas teóricas do feminismo radical desde Simone de Beauvoir. Abolir a própria ideia de feminino e masculino e subverter os comportamentos sexuais, transformando-os em armas contra a família dita tradicional, burguesa e opressora. São meras ideologias exóticas, parciais e preocupadas com revolução e mudanças profundas de comportamento.
A classe dos otários não é a que Calligaris apregoa. Em verdade, é formada pelo povo trabalhador, cristão, responsável e defensor das suas convicções, como honestidade, paz e progresso, que vê as suas conquistas e seu dinheiro serem dilapidados por um governo corrupto, uma verdadeira quadrilha, que se preocupa meramente com seu projeto de perpetuação no poder.
Um projeto de poder que quer destruir as bases da sociedade, ignorando a formação moral do Brasil, é promovido por aqueles que defendem criminosos, o assassinato por meio do aborto, o assistencialismo viciante, a liberação das drogas, a promoção de ideologias na escola, entre outras pérolas malignas.
A maioria das pautas ditas libertárias e progressistas nada mais são do que um modo disfarçado de promover a velha agenda comuno-fascista utilizando-se de pseudointelectuais que sequer têm a coragem de se apresentar como o que são: instrumentos de um partido que busca hegemonia cultural, política, econômica, aparelhamento, adoração do ídolo, o ateísmo irresponsável e a destruição moral do povo brasileiro.
(*) Rogério Marinho é deputado federal do Rio Grande do Norte pelo PSDB. (foto: Alexssandro Loyola)
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