A história se repete
PT foi o grande defensor dos impeachments em governos passados, lembra Jutahy Junior
O mesmo PT que hoje tenta desqualificar o impeachment de Dilma apresentou 50 pedidos de impedimento de presidentes da República antes de governar o país. Essa lembrança foi feita pelo deputado Jutahy Junior (BA), um dos cinco parlamentares que se pronunciaram durante o tempo destinado ao PSDB na sessão que discute o processo contra a petista, nesta sexta-feira (15). O tucano afirmou que a Constituição foi desrespeitada pela chefe do Executivo e alertou para as crises econômica e ética em curso.
Jutahy é um dos deputados do PSDB com mais mandatos na Câmara. O tucano foi constituinte e também participou da votação do impeachment do ex-presidente Collor, em 1992. O tucano citou o artigo 85 da Constituição Federal, que trata dos crimes de responsabilidade, para mostrar que o processo contra Dilma possui embasamento jurídico.
O deputado ressaltou que o PT já foi o grande defensor dos processos de impeachment e responsável pela apresentação de 50 pedidos contra os presidentes que antecederam Luís Inácio Lula da Silva. Um deles, contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no início de seu governo, contou com o apoio de apenas 100 parlamentares, porque, de acordo com o tucano, estava completamente desvinculado do desejo da população e não possuía nenhum fundamento jurídico.
Em 1992, Lula, então presidente do PT, dizia: “O Congresso Nacional sabe da responsabilidade que hoje recai sobre os ombros da instituição e sabe que, se não votar o impeachment, ficará desacreditado com a opinião pública. Acho que o Congresso Nacional tem clareza de que vivemos uma crise profunda e que somente com a saída do governo iremos resolver alguns problemas da nação”.
A diferença dos pedidos apresentados pelo PT contra outros governantes e do atual pedido contra Dilma está exatamente na legalidade, de acordo com Jutahy. “Os crimes agora estão bem fundamentados pelos juristas”, defendeu, ao apontar a existência de todos os pressupostos necessários para o afastamento da presidente.
O parlamentar, que integrou a comissão especial do impeachment e votou pela continuidade do processo no colegiado, afirma que todo o rito estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal está sendo obedecido.
Ao citar o ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln, Jutahy disse que não se pode enganar a todos todo o tempo e que o sonho vendido pelo PT na campanha eleitoral de 2014 transformou-se no mais escandaloso estelionato eleitoral que o Brasil já viveu. Segundo ele, Dilma e seu governo lançaram o país em uma crise ética sem precedentes e uma crise econômica que penaliza os mais pobres – exatamente aqueles que o PT prometeu defender.
“Essa crise levou à volta da inflação. A economia desabou e com ela a renda das famílias e o emprego. Muitos dos desempregados são jovens e pais de famílias sem esperança no atual governo. A palavra presente na vida das pessoas é medo; medo do futuro porque não sabem o que vai acontecer, medo quando as contas chegam, quando se vai ao supermercado”, disse o tucano.
Jutahy lamentou que o governo do PT tenha feito um verdadeiro “desmonte” da Petrobras, tornando a maior estatal do Brasil na empresa mais endividada do mundo. O tucano citou obras como Abreu e Lima, refinarias Premium I e II e a superfaturada compra da refinaria de Pasadena como exemplos do que se tornou a Petrobras. A empresa, segundo ele, sofre com o somatório de corrupção, incompetência e um falido viés ideológico.
Ao defender a aprovação do impeachment e a consequente saída de Dilma, o tucano ressaltou ainda que o slogan do governo, “Pátria Educadora”, é uma verdadeira falácia diante da atual situação da educação nacional. Ele criticou o descaso com a saúde, e disse que a corrupção do governo petita levou à prisão inúmeros presidentes e tesoureiros do PT.
O tucano defendeu uma união nacional para tirar o Brasil do atoleiro após a saída de Dilma e afirmou que a corrupção se tornou método de governo com o PT, sendo que quem paga por isso são os mais pobres. “Temos que nos empenhar para que o futuro do Brasil não seja vítima desse presente. Decidiremos por esse caminho com mais de 342 votos nesse plenário no domingo”, concluiu.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola)
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