Sem explicação


Deputados criticam silêncio do secretário de finanças da Contag na CPI Funai/Incra

O relator da CPI Funai/Incra, deputado Nilson Leitão (MT), acredita que o episódio envolvendo o secretário de Finanças e administração da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos, no Palácio do Planalto foi intencional e que a incitação à 25808269783_e5ed6446e8_kviolência promovida por ele teve a conivência da presidente Dilma e de outros governistas. No dia 1º de abril, Aristides afirmou, em evento na sede do Executivo, que era preciso invadir as propriedades e gabinetes de parlamentares favoráveis ao impeachment. Nesta quarta-feira (13), ele esteve na CPI para explicar o acontecido, mas permaneceu em silêncio.

Para Nilson Leitão, Aristides cometeu um crime dentro do Palácio, “abençoado” pelos aplausos da presidente da República, pelo ministro da Justiça e pela Advocacia Geral da União. “Infelizmente ele não teve coragem de repetir a mesma fala na CPI. Ele veio protegido por um habeas corpus e não teve sequer a capacidade de se retratar e nem de reafirmar o que disse”, afirmou.

O parlamentar ressalta que, na verdade, o secretário não queria defender a reforma agrária, mas sim o governo do PT contra o impeachment. “Não pode um cidadão partidarizado, politizado, querer defender o impeachment e usar esse instrumento para atacar a sociedade brasileira. É uma questão de opinião, de democracia”.

Apesar do Secretário de Finanças da Contag se recusar a falar, o tucano fez diversos questionamentos sobre sua vida pessoal, suas riquezas e sua boa qualidade de vida. O tucano perguntou se o secretário conhece o integrante do MST José Carlos dos Santos, preso com R$ 16 mil em dinheiro num acampamento pró-governo, na região central de Brasília. “Qual a origem desse dinheiro? Qual era a função desse dinheiro?”, questionou o parlamentar.

Nilson também apresentou informações que mostram a vida luxuosa do secretário, em contradição com a defesa que faz e o cargo que exerce em defesa dos trabalhadores pobres do campo.

“Os 10 milhões de associados da Contag são sabedores do seu endereço em um bairro nobre de Brasília, do apartamento avaliado em R$ 1,5 milhão? As despesas de viagens internacionais do senhor e de vossa família? Que seu carro Honda Civic vale hoje R$ 60 mil?”, indagou o deputado. Segundo o tucano, um dependente de Aristides estudou em um dos colégios mais caros de Brasília, em que a mensalidade custa R$ 2.700.

Presente a reunião, o deputado Domingos Sávio (MG) ressaltou que a Contag merece respeito e deixou claro que ninguém está criminalizando a instituição. Ele destacou que as questões a serem discutidas dizem respeito a assuntos agrários e ao que foi dito pelo secretário. “Aquele foi um episódio grotesco. O silêncio não torna ninguém imune à investigação. Meu propósito é buscar a verdade”, justificou.

Nilson Leitão declarou ser lamentável que o secretário não tenha se expressado na comissão. O tucano apresentou vídeo em que Aristides fez as declarações de ameaças e de incitação à violência.

“A forma de enfrentar a bancada contrária ao golpe é ocupar as propriedades deles ainda lá nas bases, lá no campo. E é a Contag, e os movimentos sociais do campo que vão fazer isso. Ontem dizíamos na passeata: vamos ocupar os gabinetes, mas também as fazendas deles. Nós vamos incomodar também as casas, as fazendas e as propriedades deles”, disse Aristides, no vídeo feito no Palácio do Planalto no dia 1° deste mês.

Para o tucano, as palavras ditas pelo Secretário da Contag foram sem dúvida uma ameaça. “A minha casa foi ameaçada, assim como a de cada um que defende o impeachment. Na minha opinião, aquele foi um debate sobre o impeachment. O que ele disse é muito grave”, justificou.

Houve discussão durante a reunião da CPI e deputados do PT tentaram impedir o relator de fazer seus questionamentos. Nilson Leitão rebateu e declarou que antes mesmo de Aristides ter ido ao Planalto fazer seu discurso ele já vinha recebendo ameaças em suas redes sociais. O tucano disse ainda que o secretári,o da Contag perdeu a oportunidade de se defender, ao mesmo tempo em que ele mostrou a verdade sobre o militante da causa pró-Dilma.

Segundo o parlamentar, a vida que leva o secretário não é a mesma vida que vive o pequeno produtor brasileiro que depende de financiamentos, de ajuda de prefeitura, de estados e até mesmo da sociedade. “Ele não representa de fato os seus representados sindicalizados da Contag. Ele não teve capacidade de se desculpar e se explicar, pelo menos aos seus colegas pequenos produtores, porque ele não é produtor há muitos anos”, apontou.

(Reportagem: Elayne Ferraz/ Foto: Alexssandro Loyola)

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13 abril, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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