Fora, Dilma!
Em reunião que durou 13 horas, tucanos reforçam argumentos pelo afastamento de Dilma
Deputados do PSDB que participam da longa reunião da comissão do impeachment iniciada no meio da tarde da sexta-feira voltaram a defender enfaticamente o afastamento da presidente Dilma pelo Congresso. A sessão foi aberta pouco depois das 15h e entrou pela madrugada de sábado (9), terminando às 4h43. Ao todo, 12 tucanos inscritos tiveram a oportunidade de expor argumentos a favor da saída da petista do Planalto. A consistência do relatório de Jovair Arantes (PTB-GO) foi elogiada. No documento, o parlamentar aponta claramente como Dilma cometeu crime de responsabilidade passível de impeachment.
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Rogério Marinho (RN) foi o primeiro deputado do PSDB a se pronunciar. Em seu discurso, o tucano apontou que o texto do relator, Jovair Arantes (PTB-GO), é “sóbrio” e “lúcido” e “retrata o que realmente aconteceu”. “Não há registro de uma degradação ética, moral e econômica como neste governo”, avaliou. Para ele, Dilma é a responsável por um governo que “surrupia a esperança das pessoas” com suas ações fisiológicas, intervenção na economia e aparelhamento do estado.
TRAGÉDIA DA MÁ GESTÃO
O deputado Vanderlei Macris (SP) destaca que o impeachment é o principal fato discutido hoje no Brasil. “Estamos diante da maior rejeição de um governo, algo nunca visto na história do país. A presidente Dilma foi eleita em cima de uma campanha de mentiras. Basta fazer uma análise do que ela prometeu e o que ela cumpriu”, apontou o tucano, que fez referência à “tragédia da má gestão” petista. O tucano também chamou a atenção para a tentativa do Planalto de “comprar” apoio político para não cair. “Como pensar em um Brasil melhor se a presidente da República age mostrando que vale tudo para ficar no poder?”, questionou o tucano.
Por sua vez, o deputado Izalci (DF) explicou como os crimes cometidos pela presidente são evidentes e feriram a Lei de Responsabilidade Fiscal. O tucano acredita que, além das irregularidades apontadas na denúncia, muitas outras foram cometidas pela presidente, que inclusive foi reeleita com base em um estelionato eleitoral. “Tenho completa convicção que a presidente tinha exata noção do impacto dessas manobras e no resultado delas. Ela foi a grande beneficiária dessa maquiagem das contas públicas”, afirmou o tucano, que integrou a Comissão Mista de Orçamento e apresentou voto em separado a favor da rejeição das contas de Dilma de 2014.
Já o deputado Fábio Sousa (GO) chamou a atenção para as várias crises que o Brasil vive hoje atualmente, como a que afeta o relacionamento entre os três poderes. No caso do Poder Executivo, a situação é dramática.“Vivemos uma crise de autoridade no Brasil. Temos um sistema presidencialista, mas a presidente não conduz”, afirmou em seu discurso.
Por sua vez, o deputado Rocha (AC) ressaltou que por várias vezes os petistas tentam confundir a população. E que na falta do que falar, os petistas criaram o falso argumento do “golpe”. Para ele, a estratégia do PT é tentar vencer pelo cansaço e repetir as mesmas mentiras. “O PT não tem mais crédito com o povo brasileiro, por conta das mentiras ditas por Dilma na última eleição. Não adianta o PT tentar encontrar erros nos outros para poder justificar os seus”, alegou.
O parecer de Jovair Arantes, filiado a um partido da base aliada, também foi elogiado pela deputada Mariana Carvalho (RO). Segundo a tucana, o parecer mostrou que a denúncia contra a presidente Dilma apresenta todos os requisitos jurídicos e políticos em relação à admissibilidade do processo.
Ainda segundo ela, o relatório deu um suspiro de esperança aos brasileiros. “O que fizeram com nosso país foi acabar com nossos sonhos. O futuro das nossas gerações foi colocado em risco a partir do momento em que o governo pensou nele próprio”, alertou. Para Mariana, o pedido de impeachment tenta tratar a ferida deixada pela corrupção da gestão petista.
O deputado Bruno Covas (SP) detalhou a prática da gestão petista conhecida como “pedaladas fiscais”. “O que são as pedaladas? É o financiamento das despesas que o governo tem usando a Caixa Econômica, o Banco do Brasil e o BNDES. O governo não tinha recursos para honrar seus compromissos fez com que os bancos pagassem e maquiou as contas.”
O tucano também deixou claro qual foi o verdadeiro golpe. “O golpe real foi ter mentido para a população na eleição, foi tentar sub-julgar o Legislativo, é tentar calar a imprensa, o MP e o Judiciário. Este golpe não passará! Impeachment já”, declarou.
O deputado Caio Narcio (MG) avisou que não irá faltar coragem entre os parlamentares para lutar a favor do impeachment . “Não venham com ameaças para cima da gente”, alertou o deputado, em referência às criticas de governistas. Para o tucano, o governo petista tenta intimidar a população dizendo que o país que virá depois da saída da presidente Dilma será pior do que o Brasil de hoje. “Qual o país que nós queremos fazer para as pessoas que vem depois de nós? Qual o Brasil que nós vamos construir?”, questionou.
Para a deputada Shéridan (RR), a saída da presidente Dilma é fundamental para quem pensa em construir um país melhor para seus filhos, já que, com a petista, o Brasil não conseguirá sair da crise que se encontra. “É pelas crianças brasileiras que precisam de futuro digno e decente que eu sou a favor do impeachment, porque eu sou a favor do Brasil”, declarou a deputada no meio da madrugada.
Para Nilson Leitão (MT), o impeachment não surgiu apenas por causa das pedaladas e das mentiras nas prestações de contas, mas também pelo estelionato eleitoral pela contabilidade criativa e por suas promessas falsas. “Ela faliu o Brasil e o impeachment não é mais uma vontade de alguns, mas sim a vontade de mais de 80% dos brasileiros”.
Para o parlamentar, a presidente Dilma não ganhou as eleições de forma legítima, mas sim com dinheiro de caixa dois. “É obvio que foi uma campanha desigual. A presidente usou da máquina, usou dos contratos e de dinheiro de corrupção para comprar votos sim”, rechaçou.
“Nós estamos lutando por um Brasil mais ético, com mais moral, sem corrupção, com um presidente que tenha condições efetivas de governar o nosso país, algo que Dilma demonstrou não ter. Ela não tem capacidade nem mesmo de se comunicar com a população brasileira. Por essa razão que registro meu voto favorável ao impeachment”, afirmou o deputado Paulo Abi-Ackel (MG).
Para o deputado Jutahy Junior (BA), não há saída para o Brasil sem o impeachment. “Não vam
os sair desse atoleiro moral, político, econômico e social sem termos 342 votos no próximo domingo. O Brasil tem esperança em relação ao futuro”, apontou.
Após o término dos trabalhos, o 1º vice-presidente da comissão, deputado Carlos Sampaio (SP), publicou um vídeo no qual mostrou a fuga dos governistas. “Vejam que aqui só estão aqueles favoráveis ao impeachment. Imagino que os contrários e os petistas tenham ido dormir de vergonha. Mas nós estamos aqui em defesa do país”, destacou Sampaio. Já eram quase 5h da manhã quando os deputados cantaram o Hino Nacional.
PARECER FAVORÁVEL
Apresentado na quarta-feira (6), o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) é favorável à abertura do procedimento. O documento conclui que a presidente Dilma precisa ser julgada pelo Senado por crime de responsabilidade pela abertura de créditos suplementares por decreto presidencial, sem autorização do Congresso Nacional; e por adiar repasses para o custeio do Plano Safra, obrigando o Banco do Brasil a pagar benefícios sociais com recursos próprios – o que ficou conhecido como “pedalada fiscal”.
Em seu texto, o parlamentar apontou ainda a necessidade de permitir a continuidade do processo e apontou a “magnitude e o alcance das violações praticadas pela presidente da República” e que estas “constituíram grave desvio dos seus deveres funcionais, com prejuízos para os interesses da nação e com a quebra da confiança que lhe foi depositada”. “Tais atos justificam a abertura do excepcional mecanismo do impeachment”, diz o documento.
Ainda segundo o parecer, o processo deverá ter continuidade, já que as condutas atribuídas à presidente, se confirmadas, não representam atos de menor gravidade ou mero tecnicismo contábil, orçamentário ou financeiro. “Pelo contrário, tais atos revelam sérios indícios de gravíssimos e sistemáticos atentados à Constituição Federal, em diversos princípios estruturantes de nosso Estado Democrático de Direito”.
(Da redação/foto: Alexssandro Loyola)
TEXTO ATUALIZADO ÀS 15H06 DO DIA 11
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