Entrevista
Mara Gabrilli sobre a prisão de Ronan Pinto: sentimento de missão cumprida
Ao prender na última semana o empresário Ronan Maria Pinto, acusado de chantagear o ex-presidente Lula e o PT para não revelar o envolvimento dos petistas no caso Celso Daniel, pode ser que a deputada Mara Gabrilli (SP) comece a ver respondidas as perguntas que fez ao então ministro Gilberto Carvalho durante sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Na ocasião, protegido pelo foro especial e pela blindagem da mídia, o ministro calou. Pode ser que agora seja obrigado a dar as explicações exigidas pela corajosa deputada tucana.
Celso Daniel, prefeito de Santo André pelo PT, foi assassinado em 2002 em circunstâncias nunca apuradas devidamente. Talvez porque a maioria das pessoas envolvidas no episódio tenha morrido de forma suspeita, menos de quatro anos após o crime.
O PT sempre tratou a morte do prefeito de Santo André como crime comum, apesar do desmentido cabal dos dois irmãos de Celso Daniel, que sempre afirmaram que o irmão havia sido assassinado a mando do partido. A insistência da família do morto, inclusive, fez com que ambos passassem a sofrer constantes ameaças de morte. Um acabou se exilando na França com a família, outro saiu de São Paulo, nenhum voltou atrás nas acusações feitas ao Partido dos Trabalhadores.
O PSDB-Mulher procurou Mara Gabrilli para saber o que ela está sentindo, ao ver esse caso, finalmente, começar a ser esclarecido. Veja suas respostas.
PSDB Mulher – Deputada Mara, o que está sentindo ao ver que a Lava-Jato começa a investigar e prender pessoas que fizeram tanto mal a Santo André e às empresas do seu pai?
Mara Gabrilli – Apesar de a situação ter feito muito mal à minha família, essa questão foi superada e não trato a prisão do Ronan Maria Pinto, por exemplo, como algo pessoal. Mas ainda tenho a informação sobre toda a história, sobre tudo o que aconteceu na cidade e também dentro da minha casa. Hoje, quem ganhou com mais essa fase da Lava Jato foi o Brasil. Embora estejamos vivendo um momento delicado, de muita perturbação política, social, financeira, ética e moral, o que aconteceu hoje prova que a Justiça tarda, mas não falha. Acredito que o Brasil esteja caminhando para ser um país mais justo.
PSDB Mulher – Se sente recompensada, depois de denunciá-los?
Mara Gabrilli – Tenho um sentimento de missão cumprida. Quem viveu e sofreu muito na pele foi meu pai, que perdeu a força, adoeceu e faleceu buscando a justiça. Eu me vejo cumprindo um papel que tem uma amplitude, mas como tudo que faço, meu objetivo é lutar por mais justiça nesse país. Não é só pela minha família, ela foi apenas um exemplo, mas o transporte de Santo André ficou prejudicado, a cidade de Santo André e os moradores foram muito prejudicados. Além disso, o fato todo foi um péssimo exemplo, que prejudica o Brasil e os brasileiros até hoje. Ali começou uma prática que foi crescendo, gerou o mensalão, que culminou no Petrolão e virou o que estamos assistindo hoje. O que está acontecendo agora é que os fatos estão aparecendo e sendo comprovados. A Justiça Federal, a Polícia Federal, o Ministério Público, estão chegando ao cerne da questão.
(Do PSDB Mulher, com alterações/foto: Alexssandro Loyola)
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