Carbono 14

Nova fase da Lava Jato conecta personagens ligados a três escândalos de corrupção do PT

A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira (1º) a 27ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Carbono 14. Foram presos o ex-secretário geral do PT Silvio Pereira e Ronan Maria Pinto, dono do jornal “Diário do Grande ABC” e de empresas do setor de transporte e coleta de lixo. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foi alvo de condução coercitiva, assim como o jornalista Breno Altmann. Todos são figurinhas repetidas, personagens já citados em escândalos de corrupção envolvendo o partido da presidente Dilma.

A deputada Mara Gabrilli (SP) recuperou trecho da reunião da CPI do BNDES que ouviu José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula preso na Lava Jato, para explicar a ligação de Ronan com o esquema do petrolão. No vídeo, ela detalha a participação de Ronan na quadrilha que extorquia empresários em Santo André (SP). O vídeo completo pode ser visto no Facebook da tucana.

“A quadrilha agia armada, todo mês tinha um dia certo para cobrar. Por coincidência, no dia que você (Bumlai) foi preso, uma juíza condenou essa quadrilha, que extorquiu minha família por muitos anos”, afirmou Mara. Segundo ela, o grupo criminoso foi criado na gestão do prefeito Celso Daniel (PT), assassinado em 2002 em circunstâncias nunca esclarecidas.

Mara Gabrilli alerta que o esquema nascido em Santo André tem relação com sistemas de corrupção ainda mais elaborados, como o mensalão e o petrolão. “O que aconteceu foi um pequeno laboratório que culminou no mensalão, no petrolão, e sabe-se mais o que está por vir”, lamentou.

A PF cumpriu hoje 12 mandados judiciais. Entre os crimes investigados estão extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. A nova fase apura um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões obtido por Bumlai no banco Schahin, em 2004, que tinha como um dos beneficiários finais Ronan Maria Pinto, que recebeu R$ 6 milhões.

Em depoimento, Bumlai afirmou que o dinheiro foi pago a Ronan para que ele não contasse o que sabia sobre o caixa dois do diretório local do partido e a relação do dinheiro com o assassinato de Celso Daniel.

A nova fase da Lavo Jato repercutiu nas redes sociais. “Lava Jato invadiu hoje o berço político de Lula e chegou ao tesoureiro do PT, Delúbio, e ao secretário do PT, Sílvio Pereira”, afirmou o deputado Luiz Carlos Hauly (PR) no Twitter. “Apoiamos todas as investigações da Lava Jato”, reforçou o deputado Samuel Moreira (SP).

(Reportagem: Elisa Tecles/ Foto: Alexssandro Loyola)