Desrespeito à democracia
Manifestantes tentam impedir, mas OAB formaliza novo pedido de impeachment contra Dilma na Câmara
Defensores da presidente Dilma tentaram atrapalhar nesta segunda-feira (28) a entrega do pedido de impeachment feito pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Manifestantes ocuparam o Salão Verde da Câmara quando o presidente da OAB, Claudio Lamachia, chegou para protocolar o documento.
O deputado Carlos Sampaio (SP) presenciou a confusão e lamentou o ato anti-democrático. “Apesar da violência desse grupo, o pedido acaba de ser protocolizado! Parabéns à OAB por representar, com dignidade, os anseios de grande parte da população brasileira”, afirmou.
Em vídeo publicado no Facebook, o tucano destacou que o país está em primeiro lugar, não o PT. “Aqui tem um grupo de advogados, obviamente ligados ao PT, chamando de golpistas aqueles que só estão querendo defender a nação. É inacreditável a cara de pau de quem vem aqui defender um governo corrupto e mentiroso”, completou.
Em um clima tenso, os advogados da ordem que acompanhavam o presidente da entidade foram alvo de militantes, inclusive de servidores ligados ao PT. Eles tentaram bloquear a passagem dos advogados, aos gritos de “não vai ter golpe”. Os petistas foram prontamente respondidos, tanto pelos advogados quanto por visitantes, que fizerem coro em defesa da democracia. A segurança da Câmara teve que ser acionada. Exaltados, servidores da Câmara, além de deputados e senadores, chegaram a fazer uma corrente ao redor dos representantes da OAB para impedir que o novo pedido de impedimento fosse protocolado. Houve confusão e empurra empurra.
Apesar dos protestos, o presidente da OAB protocolou o pedido pessoalmente e exaltou o trabalho técnico feito pela entidade. Segundo ele, a presença dos conselheiros federais da OAB, de presidentes das secções regionais e de dezenas de advogados na Câmara demonstra a correção do exame técnico feito pela entidade, que cobrou rapidez na análise dos pedidos em andamento.
O deputado Marcus Pestana (MG) destacou que a OAB se mostra sintonizada com a maioria da sociedade ao apresentar um pedido ancorado na Constituição. “O maior escândalo, o maior ciclo de corrupção institucionalizada da história do Brasil estava nas barbas da presidente Dilma na Petrobras, no Ministério de Minas e Energia e na condução do PAC. E, também, a obstrução da justiça é crime de responsabilidade”, justificou.
RELAÇÕES NADA REPUBLICANAS
Em reunião no último dia 18, o Conselho Federal da OAB decidiu pedir a instauração de processo de impeachment contra Dilma. A decisão contou com o voto favorável de 26 das 27 bancadas de conselheiros federais. A entidade afirma que houve prática de infrações político-administrativas ensejadoras de crimes de responsabilidade.
“A permissividade da Excelentíssima Senhora Presidente da República com relações não republicanas, externadas na aceitação, expressa ou tácita, de que o seu antecessor livre e diretamente busque junto aos seus auxiliares diretos (ministros de estado), dentre outras autoridades, a satisfação de interesses pessoais, lhe deixa à míngua das mais basilares condições para o exercício do cargo de presidente da República”, diz trecho do voto.
(Da redação/ Fotos: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)
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