Postura inaceitável

Para Hauly, ameaças de ministro da Justiça mostram intenção de interferir na Operação Lava Jato

O novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo deste sábado (19) que não vai tolerar vazamentos de investigações da Operação Lava Jato. Segundo ele, se “cheirar” vazamento por um agente, a equipe inteira da Polícia Federal (PF) será trocada, sem a necessidade de comprovar quem foi o responsável pela ação.  Para o deputado Luiz Carlos Hauly (PR), as declarações de Aragão são “claramente” uma tentativa de interferir nas investigações da Operação Lava Jato.

De acordo com o ministro, “se eu tiver um cheiro de vazamento, eu troco a equipe”. “Com certeza absoluta ele vai interferir e tentar defender o ex-presidente Lula e a presidente Dilma. Temos de ficar bastante atentos, vigilantes e denunciar qualquer iniciativa desse novo ministro de tentar obstruir as investigações”, ressaltou.

As falas do novo ministro também foram criticadas pelo presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral. “Lamentamos profundamente, do ministro da Justiça, quando ele diz que vai afastar policiais da Lava-Jato [por suspeita de vazamento seletivo de informações]. Isso aí é uma interferência nas investigações”, declarou.

MINISTRO DO PT

Ainda segundo a reportagem, o novo ministro classificou como “extorsão” o modelo de negociação das delações premiadas na Lava Jato. Ele criticou a prisão preventiva ou temporária de suspeitos, prática que tem levado criminosos a fazer delação.

Na avaliação de Hauly, é “repudiável” a postura parcial do ministro. “É curioso, pois os pedidos partem do Ministério Público, então ele tem que se entender primeiro com a corporação dele. Aragão não está sendo ministro da Justiça, está sendo ministro do PT e do Lula dentro do governo. Ele deveria ter mais postura de ministro da República, não do PT”, concluiu.

(Da Agência PSDB, com alterações/foto: Alexssandro Loyola)