Não vai ter golpe petista

Tucanos criticam nomeação de Lula à Casa Civil e pedem abertura de inquérito contra Dilma

Os líderes da oposição anunciaram a apresentação, na Procuradoria Geral da República (PGR), de uma representação na qual pedem a abertura de inquérito contra Dilma Rousseff para investigar a prática de crimes de prevaricação, fraude processual e favorecimento pessoal na nomeação de Lula para a Casa Civil.

Lula foi empossado na pasta em uma cerimônia realizada na manhã desta quinta no Palácio do Planalto. Com seu ingresso no primeiro escalão, o ex-presidente volta a ter direito ao foro privilegiado. Na quarta-feira (16), foi divulgada uma conversa telefônica entre a presidente da República, Dilma Rousseff, e Lula, na qual Dilma afirma que encaminharia ao ex-presidente o termo de posse para ser usado em caso de “necessidade”. Milhares de manifestantes protestam Brasil afora, inclusive em frente à sede do poder Executivo. 

As Oposições entendem que a nomeação de Lula está envolta por crime de prevaricação e tentativa de favorecimento pessoal, já que seu objetivo foi debelar a Justiça, como ficou comprovado em  diálogos flagrados pela Justiça Federal. Os líderes dos partidos de oposição alegam que o alocamento de Lula na Casa Civil não passou de uma fraude contra o Brasil e a democracia. Caso a PGR decida pela abertura do inquérito contra a presidente da República, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal terão que dar o aval  para o início da investigação. 

MANOBRA PETISTA
Deputados do PSDB comemoraram a decisão do juiz federal Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara do Distrito Federal, que suspendeu, por meio de decisão provisória, a posse. À noite, uma juíza do Rio de Janeiro também barrou a nomeação. Os tucanos também cobraram um posicionamento claro dos partidos a favor do impeachment e destacaram que a nomeação de Lula é uma afronta à sociedade por se tratar de clara manobra de blindagem.

O 1º vice-líder do PSDB, deputado Daniel Coelho (PE), disse que o povo brasileiro está tomado pelo sentimento de impedir o golpe da nomeação de Lula.   “Ele e Dilma não vão dar o golpe de usar a prerrogativa do cargo para que ele fuja da Justiça. As gravações de ontem mostram o objetivo de barrar as investigações”.

A decisão do juiz Catta Preta foi tomada em ação popular movida por um advogado e ainda cabe decisão ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). 

“Um cidadão pediu e foi atendido por um juiz federal. Trata-se do povo exigindo seus direitos e a Justiça atendendo a vontade popular”, comemorou o deputado Rodrigo de Castro (MG). O tucano ainda defendeu a saída da presidente Dilma. “Temos a volta da inflação, aumento do desemprego, a educação em baixos níveis e a segurança em situação precária”, disse ele, reiterando que a saída do PT do governo é a alternativa para retomar os rumos da economia do país. 

“Parabéns, juiz Catta Preta”, disse o deputado Fábio Sousa (GO). Para ele, a política nacional está no fundo do poço e o governo tem “cavado” mais, aprofundando a crise. Ele cobrou atitudes responsáveis, especialmente por parte dos congressistas, para a volta da normalidade. “O Congresso Nacional está sendo chamado a tomar uma atitude”, disse ele.  Segundo Fábio Sousa, duas atitudes são necessárias: a renúncia da presidente e novas eleições gerais. A mesma postura havia sido defendida momentos antes pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PR).

O deputado Nelson Marchezan Junior (RS) parabenizou a sociedade pelas manifestações pacíficas de domingo. Ele destacou que a resposta aos protestos foi o rompimento definitivo de Dilma com a sociedade por meio da nomeação de um ministro que simboliza a corrupção, o “o líder da quadrilha, Luiz Inácio Lula da Silva”, disse.  “Vamos seguir com o impeachment. Nós estamos aqui para dizer que não vai ter golpe. Renuncie já, presidente, ou vamos tirar a senhora e seus ministros”, avisou o tucano.  

Lobbe Neto (SP) ressaltou que o governo Dilma não escutou a voz dos brasileiros ecoada nas ruas. De acordo com o tucano, Dilma quis impor ao Brasil um terceiro mandato de Lula, sem votos. O tucano cumprimentou a Justiça e a sociedade por se mobilizarem de imediato para impedir que o plano dos petistas se concretize.

O deputado Caio Narcio (MG) lembrou que, antes mesmo da decisão de suspender a posse de Lula, milhares de pessoas saíram as ruas para protestar contra a nomeação do ministro. O intuito de todos, segundo ele, é impedir “a pouca vergonha da nomeação”. “É um escárnio, uma falta de vergonha”, disse. Segundo ele, as instituições estão cumprindo seu papel e denunciando a desfaçatez de corruptos. “O povo continua lá fora e agora está esperando que também façamos a nossa parte com o impeachment desse governo. Não dá para aguentar mais”, frisou.

O deputado Rogério Marinho (RN) também criticou a nomeação de Lula e fez menção a um trecho das gravações em que o ex-presidente fala que é o único capaz de incendiar o país. “Isso me remete a história. Esse governo mais parece Nero cantando enquanto Roma pegava fogo. Precisam ter cuidado com a sociedade, que não aceita esse escárnio”, alertou.

Vestido com uma bandeira do Brasil assinada por parlamentares que apoiam o impeachment de Dilma, o deputado Vanderlei Macris (SP) alertou: “Vamos conseguir os votos suficientes para que a sociedade volte a estar ao lado do Congresso. Vamos tirar Dilma, Lula e o PT do Palácio do Planalto”.

(Reportagem: Djan Moreno e Ana Maria Mejia)