Fugindo da Justiça


Nomeação do ex-presidente Lula para ministério será confissão de culpa, avaliam parlamentares

PicMonkey CollageÉ iminente a nomeação do ex-presidente Lula para ocupar um ministério no governo Dilma. Para deputados do PSDB, se concretizada, a atitude soará como confissão de culpa e tentativa de blindagem diante de investigações que podem levar o líder petista à cadeia. Ministros de Estado têm foro privilegiado e, portanto, não são investigados pela Justiça comum. É o Supremo Tribunal Federal que investiga e faz julgamentos.

De acordo com a imprensa, Lula teria sinalizado nessa segunda-feira (15) que vai aceitar o convite para ocupar um cargo na Esplanada. No mesmo dia, a juíza Maria Priscilla Ernandes decidiu remeter ao juiz federal Sérgio Moro o pedido de prisão preventiva e a denúncia feita pelo Ministério Público de São Paulo contra Lula por lavagem de dinheiro.

Coincidência ou não, os tucanos acreditam que o petista pode aceitar compor a equipe ministerial para fugir das investigações tocadas por Moro no âmbito da Operação Lava Jato.

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), avalia que há uma inversão de valores no cerne do governo federal. “Enquanto a recessão castiga os brasileiros, o governo e o PT só se preocupam em salvar a pele do Lula e livrar Dilma do impeachment”, aponta.

Por sua vez, o deputado Bruno Covas (SP) disse que a presidente Dilma vira as costas para os brasileiros em um momento grave. Para ele, a nomeação de Lula a ministro é uma “piada de mau gosto”. O tucano defendeu, em plenário, proposta de sua autoria que visa tornar obrigatório o diploma de nível superior para ministros de Estado. “Se o texto já estivesse aprovado, essa piada seria agora evitada”, alertou.

Já o secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres (SP), acredita que, com o convite, Dilma tenta encontrar soluções para dois “problemas”. “O primeiro é de livrar Lula do risco de uma prisão, já que ele iria para outro foro. E o segundo, é de o Lula tentar, como ministro, fazer uma articulação política para garantir os votos que rejeitem o impeachment na Câmara. Seriam dois motivos de interesse dele e do governo”, avaliou o deputado.

O deputado Alexandre Baldy (GO) considera constrangedor o convite feito por Dilma a Lula. Para ele, a população se sente envergonhada diante de tamanho disparate. “Essa situação é inadmissível. Em um país sério não se pode permitir que um cidadão comum, sem foro privilegiado, se torne ministro apenas para fugir de suas responsabilidades, sejam elas criminais, sejam civis. É um absurdo que a presidente esteja maculando, ainda mais, seu governo para permitir que o ex-presidente tente se salvar”, alertou Baldy.

O tucano afirma que a sociedade está decepcionada. O tucano ressalta que qualquer cidadão brasileiro que comete crimes precisa responder perante a Justiça. Como ressalta, se fosse outra pessoa e ficasse comprovada a prática de ilícitos, a punição seria inevitável. “Não tem que ser diferente com o ex-presidente”, avalia.  Para Baldy, a atitude orquestrada por Dilma e pelo PT deixa o Brasil em uma situação completamente constrangedora.

Ainda ontem, o líder Imbassahy havia alertado que a decisão sobre a prisão preventiva estava em boas mãos, no caso, com o juiz federal Sergio Moro. A decisão foi remetida ao magistrado de Curitiba porque a juíza de São Paulo entendeu que os crimes denunciados são federais, e não estaduais. Ela acredita estar “demonstrado” que a suspeita é de que houve “prejuízo à União”. Segundo ela, mesmo que venha a se concluir que as benesses concedidas a Lula sejam decorrentes do esquema na Bancoop, a competência é da Justiça Federal. Isso porque a falsidade ideológica atribuída ao ex-presidente se deve por declaração falsa ao Fisco Federal, sendo este crime absorvido pelo delito de ordem tributária, que é de competência federal.

Da tribuna da Câmara, o deputado Nelson Marchezan Junior (RS) criticou duramente a tentativa de blindagem ao ex-presidente por meio da possível nomeação no governo. “Em um governo sério quando um ministro é acusado por crimes é feito pedido para que ele se retire. Agora aqui é o contrário. Quando a pessoa está envolvida em corrupção, em roubalheira, ela é convidada para participar do ministério. Tem que ser vigarista para participar do ministério desse governo”, criticou.

Para o tucano, se a nomeação de Lula acontecer será o símbolo maior de um rompimento final e total da presidente Dilma com a sociedade brasileira. “A presidente decidiu romper definitivamente com a sociedade e com o Brasil. Não há símbolo maior do rompimento do governo e da Dilma com a população e do fim de sua gestão do que essa tentativa de nomeação desse chefe de quadrilha para se tornar o ministro mais influente do governo”, rechaçou Marchezan. Para ele, Lula irá carimbar seu medo de ir para cadeia e Dilma atestará sua conivência com todos os maus feitos cometidos por ele. 

Em plenário, o deputado Rogério Marinho (RN) defendeu que o Congresso reaja, caso Lula seja nomeado. O tucano afirmou que não é possível que se aceite inerte a esse verdadeiro escarnio.  “Este Parlamento, de forma altaneira, precisa responder aos anseios da população nas ruas de todo o Brasil e a justiça não há de permitir essa agressão à moralidade pública, quando o ex-presidente da República busca, através da sua assunção ao ministério — espero que isso não seja verdade —, se blindar como se ele não fosse um cidadão comum e estivesse acima da lei”, disse.

O deputado Lobbe Neto (SP) afirmou que o convite de Dilma a Lula pode ser realmente por medo de que o petista acabe preso. “Mas só tenho que cumprimentar as instituições que tem feito o seu trabalho”, afirmou.

Já o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) avalia que se Lula assumir uma pasta na Esplanada poderá ter sua situação ainda mais agravada. Para o tucano, o único lado positivo nisso é que os parlamentares poderão convoca-lo a prestar depoimento a Câmara e ele não terá como fugir do Congresso de se explicar. Segundo ele, são inúmeras as questões pelas quais o petista precisa dar explicações. 

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola)

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15 março, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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