Atuação indevida
Para líder, saída de Cardozo da Justiça expõe pressão do PT e Lula para abafar Lava Jato e Zelotes
Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), a saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça expõe a pressão exercida pelo PT e pelo ex-presidente Lula para que o governo controle a Polícia Federal e as Operações Lava Jato e Zelotes, que cada vez mais se aproximam do ex-presidente Lula.
“O que o PT e Lula querem é que o ministro da Justiça controle as atividades da Polícia Federal e as investigações que atingem membros do governo e do partido. Sem ter como se explicar, os investigados querem impor uma mordaça aos investigadores. Típico daqueles que são autoritários e querem colocar o Estado a serviço deles”, disse.
O líder do PSDB lembra que a saída de Cardozo ocorre logo depois de Lula ter se declarado perseguido pela PF e pelo Ministério Público durante o evento sobre o PT, no sábado.
“A pressão do PT sobre Cardozo tornou-se notória, tanto que o ministro se utilizava do cargo para, indevidamente, sair em defesa do PT e da campanha petista à reeleição, investigada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Agora, com o cerco se fechando contra o ex-presidente Lula, que não tem respostas às investigações que apuram se ele é dono oculto de um tríplex no Guarujá e de um sítio em Atibaia, a cobrança sobre o ministro deve ter aumentado de intensidade”, afirmou Imbassahy.
Segundo Imbassahy, a saída de Cardozo é uma sinalização muito ruim e agora resta saber se a presidente Dilma irá acatar o que o PT e Lula, seu criador, querem. “É inadmissível e condenável qualquer tentativa de interferência nas atividades da Polícia Federal e da Justiça, que prestam hoje um extraordinário serviço à sociedade ao expor os esqueletos que o PT quis esconder. Agora, resta saber se a presidente Dilma mentiu mais uma vez as brasileiros, ao dizer que não governa só para o PT”, afirmou.
ATUAÇÃO POLÍTICA
Na noite da última sexta-feira (29), em nota (leia íntegra), o coordenador jurídico e vice presidente do PSDB, Carlos Sampaio (SP), disse que a a “gritante omissão” do Ministério da Justiça desde o início da Lava Jato contrasta com a “atuação forte” de Cardozo em apressar a abertura de um inquérito policial contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por questões de natureza exclusivamente pessoal.
Sampaio lembrou ainda que, em recentes episódios envolvendo Rosemary Noronha, pessoa da relação íntima de Lula, sobre quem pesa investigações por desvio de recursos públicos, “a omissão do Ministério da Justiça foi aviltante”. Para o ex-líder tucano, não há mais dúvidas de que o ministro José Eduardo Cardozo se tornou instrumento de atuação política do PT, perdendo legitimidade para continuar no cargo.
Na opinião do deputado Raimundo Gomes de Matos (CE), as trocas envolvendo a área jurídica do governo revelam a total falta de comando e de coordenação política do governo da presidente Dilma. “Ninguém mais se entende. O ex-presidente Lula diz uma coisa, Dilma diz outra, os ministros dizem uma terceira”, criticou o parlamentar.
Cardozo assumirá a Advocacia-Geral da União, em lugar de Luís Inácio Adams. Wellington Cesar Lima e Silva é o indicado de Jaques Wagner, ministro da Casa Civil, para assumir o Ministério da Justiça.
VIAGEM SECRETA
Em dezembro, o deputado Alexandre Baldy (GO) apresentou requerimento para que o ministro da Justiça e o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Leandro Daiello, prestassem esclarecimentos sobre viagem secreta ao Paraná e possível reunião sobre a operação Lava Jato. Os fatos foram denunciados em reportagem da revista “Época”, veiculada neste final de semana. Segundo a publicação, Cardozo viajou de Brasília para Curitiba para um encontro com Rosalvo Branco, superintendente da PF no estado e chefe dos delegados da Lava Jato. Acontecida na madrugada, a reunião ficou fora da agenda oficial do ministro.
(Da redação, com informações da assessoria de imprensa da Liderança do PSDB na Câmara/ Foto: Alexssandro Loyola)
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