Milhões de excluídos

Em sessão alusiva à Campanha da Fraternidade, deputados cobram ampliação do saneamento básico

Ao lado de religiosos, tucanos exibem material com o texto-base da edição deste ano da Campanha da Fraternidade.

Deputados do PSDB participaram nesta quinta-feira (25) de sessão solene em homenagem à Campanha da Fraternidade 2016, que este ano foca o saneamento básico, o desenvolvimento, a saúde integral e a qualidade de vida. Os tucanos destacaram a importância do tema escolhido diante do momento pelo qual o país passa, inclusive com o surto de doenças provocadas pelo Aedes aegypti, e alertaram para as consequências da falta de acesso de milhões de brasileiros à água encanada e à coleta de esgoto.  

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Representantes de entidades religiosas, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), estiveram presentes à cerimônia realizada no Plenário Ulysses Guimarães. Em seu discurso, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), também ressaltou a oportunidade do tema e fez um cobrança à Igreja Católica. Para ele, a instituição não pode se calar e nem se omitir diante da atual crise moral que assola o país.

Com o tema “Casa Comum, nossa responsabilidade”, o objetivo principal da campanha é assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e lutar por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro do que as entidades que a promovem chamam de “nossa Casa Comum”. Apesar de ocupar o posto de sétima maior economia do mundo, cerca de 100 milhões de pessoas no Brasil não têm acesso a serviços básicos de tratamento de esgoto e coleta de lixo.

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Um dos parlamentares que pediram a realização da cerimônia, o deputado Izalci (DF) lembrou que a Campanha da Fraternidade é realizada de forma ecumênica com o objetivo de fortalecer os espaços de convivência entre as diferentes igrejas para um trabalho conjunto em favor do bem comum. Segundo o tucano, o tema deste ano é um “bálsamo” a guiar um trabalho constante e unido de transformação nessa “Casa”. “É nossa responsabilidade obrigar o poder público a fazer a sua parte, mas é também nossa responsabilidade o cuidado com a natureza que nos rodeia e de uns para com os outros. O que Deus quer de nós é que sejamos jardineiros da vida”, defendeu.

Cartaz da Campanha da Freaternidade de 2016.

O tucano destacou que a falta de saneamento básico e o descaso com a saúde pública são as principais causas da proliferação do Aedes aegypti.  Izalci afirma que a cada dois minutos e meio uma criança morre por não ter acesso à água potável, rede de esgoto e higiene. Segundo ele, mais de 82% das pessoas no mundo não têm acesso à água tratada. 

O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) também ressaltou que a importância de colocar em evidência a questão da qualidade da água, do tratamento de esgoto e dos lixões. “A falta de saneamento básico tem tudo a ver com as epidemias de dengue, zika e chikungunya que estamos vivendo”, afirmou. O tucano ressaltou que dia 23 de março será convocada uma comissão geral no Plenário da Câmara que discutirá temas levantados pela campanha.

Um dos maiores especialistas da Câmara em saneamento básico, o deputado João Paulo Papa (SP) ressaltou que depende de cada um fazer a sua parte para que as mudanças aconteçam. “Uma pessoa individualmente pode usar a água racionalmente, pode produzir menos resíduo, dar a eles uma destinação correta. Os governos podem priorizar os recursos para o saneamento e devem obrigatoriamente seguir as leis nas áreas de recursos hídricos de saneamento de resíduos sólidos e meio ambiente”, defendeu.

 Domingos Sávio (MG) também reforçou a comissão geral do dia 23 de março, na qual será aprofundado o debate pela busca de soluções especialmente na área de saneamento e outras graves questões sociais que afetam a “nossa casa”. “Para que tenhamos justiça para todos, para que tenhamos um planeta melhor temos que nos preocupar com o meio ambiente, com cada ser humano e com o saneamento básico”, pontuou.

A Campanha da Fraternidade é promovida pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e assumida pelas igrejas-membro: Católica Apostólica Romana, por meio da CNBB, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil, Presbiteriana Unida do Brasil e Sirian Ortodoxa de Antioquia. Além dessas igrejas, estão integradas à campanha a Aliança de Batistas do Brasil, a Visão Mundial e o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep).

(Reportagem: Elayne Ferraz/foto: Alexssandro Loyola/imagem: divulgação/ Áudio: Hélio Ricardo)