Dinheiro no exterior
Lava Jato alcança marqueteiro do PT e coloca campanhas de Lula e Dilma sob suspeita
A nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira (22), chegou ainda mais perto do PT e das campanhas presidenciais de Lula e Dilma. A Polícia Federal expediu pedido de prisão temporária do publicitário João Santana, responsável pelas campanhas petistas. O PSDB deve pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o acréscimo das provas obtidas nos processos que tramitam na corte contra a chapa de Dilma e Michel Temer, como disse, em entrevista, o presidente nacional do partido, senador Aécio Neves.
O coordenador jurídico e vice-presidente da legenda, deputado Carlos Sampaio (SP), disse que as novas revelações causam um revés no mandato de Dilma. Ao destacar que Santana é investigado por suspeita de ter recebido recursos da Odebrecht no exterior em 2014, ano da campanha à reeleição da petista, o parlamentar alertou: “Isso vai reforçar ainda mais nossa ação no TSE que pede a cassação do mandato da Dilma e do Temer”.
Segundo a PF, empresas no exterior (offshores) ligadas à empreiteira Odebrecht fizeram transferências de US$ 3 milhões ao publicitário entre 2012 e 2013. O dinheiro foi depositado em conta na Suíça. O mandado de prisão ao publicitário ainda não foi cumprido, porque ele está na República Dominicana.
João Santana também teria recebido US$ 4,5 milhões do engenheiro Zwi Skornicki, por meio de nove transferências. Preso nesta segunda-feira, Skornicki era o representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels. O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirma que o engenheiro está envolvido na corrupção da Petrobras. Portanto, há indicativos de que esses valores sejam oriundos de propina de contratos com a estatal. “Não estamos trabalhando com caixa 2 somente”, disse. A PF suspeita que Santana tenha comprado um apartamento de R$ 3 milhões em São Paulo com o dinheiro que recebeu da Odebrecht.
“Era algo que já prevíamos. A campanha de Dilma está envolvida com dinheiro sujo, pois é fruto de corrupção de contratos com a Petrobras. Boa parte dos pagamentos de João Santana vieram dos contratos da petroleira”, alertou o deputado Vanderlei Macris (SP).
O tucano acredita que essas confirmações são tão graves que merecem ser analisadas pelo TSE, no sentido de cancelar as eleições e impugnar a chapa Dilma-Temer. Macris destaca que o esquema envolvendo Santana assemelha-se ao mensalão, no qual o também publicitário Duda Mendonça reconheceu que recebeu dinheiro no exterior por serviços prestados para o PT. “João Santana cometeu as mesmas ações e isso já está aparecendo na investigação da PF e do Ministério Público. Repetiram a estratégia e isso é gravíssimo”, disse Macris.
DINHEIRO SUJO
As investigações revelaram mais indícios do envolvimento de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que está preso desde junho de 2015, no esquema investigado na Lava Jato. Ele teria controle sobre pagamentos feitos por meio de offshores a João Santana, ao ex-ministro José Dirceu, além de funcionários públicos da Argentina.
“O PSDB vai pedir pra juntar essas informações no processo que corre no TSE. A Justiça precisa dar cabo a isso, pois foi dinheiro sujo usado na campanha e que foi parar em contas do marqueteiro no exterior”, alertou Macris. Segundo ele, já existem provas contundentes de que o dinheiro desviado da Petrobras alimentou a campanha de Dilma em 2014.
Na edição desta semana, a revista “IstoÉ” traz reportagem sobre o ofício enviado pelo juiz Sérgio Moro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que contém elementos para subsidiar o processo apresentado pelo PSDB na corte, que investiga se dinheiro da corrupção na Petrobras abasteceu o caixa eleitoral da presidente Dilma. Se caracterizado o crime, o tribunal terá motivo suficiente para a cassação da petista e do vice Michel Temer.
A documentação enviada por Moro em outubro cita dez ações penais que dão força e materialidade às assertivas de Moro. Segundo a revista, os documentos relatam, com provas, que “as propinas do Petrolão irrigaram a campanha de Dilma e que o dinheiro foi lavado na bacia das doações eleitorais oficiais” – prática adotada desde 2008 – e “serviu para abastecer as campanhas de Dilma em 2010 e 2014”.
“O Brasil não pode mais conviver com isso e a população está dizendo chega”, apontou Macris, ao destacar que a oposição vai se unir à sociedade no dia 13 de março em protestos de rua contra a roubalheira praticada no governo e a favor da saída de Dilma.
(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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