Descontrole
Fala de Dilma sobre combate a mosquito mostra abismo entre discurso e prática
A falta de planejamento em áreas essenciais na saúde deixa o Brasil numa situação delicada frente às condições sanitárias e ações de prevenção no combate ao Aedes aegypti adotadas em âmbito mundial. Para se ter uma ideia do descaso, Dilma foi à TV para pedir empenho da população na guerra ao mosquito enquanto o número de visitadores sanitários, agentes que verificam existência de focos do mosquito nas residências, despencou ao longo de 2015 no Brasil. Para tucanos, a incoerência entre o discurso e a prática é uma das marcas do governo petista.
O mosquito Aedes é transmissor da dengue, do vírus zika e da febre chikungunya, doenças que se espalham na medida em que não vem ocorrendo ação eficaz de combate ao transmissor. Para o deputado Fabio Sousa (GO), o que vem ocorrendo é o retrato do governo Dilma. Para ele, a gravidade do momento exigiria ações enérgicas da presidente da República, mas “ela discursa, discursa e na prática não faz nada”.
Ele alerta que o país está à beira de uma catástrofe e o mundo está de olho no Brasil. Nesta semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta de emergência de saúde pública internacional, preocupada com a disseminação do zika vírus pelo mundo.
As ações de prevenção incluem várias ações, como o combate direto aos focos do mosquito na área urbana, a eliminação de lixões a céu aberto e investimento em saneamento básico. “O PSDB alertou sobre a necessidade de investir na formação de aterros sanitários e em saneamento básico como ações de combate a endemias”, disse o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE).
Segundo ele, a maior incidência do mosquito Aedes está no Nordeste, região que tem a menor estrutura de coleta de lixo e de saneamento. “O governo cortou 55% do orçamento do Ministério das Cidades e, com isso, inviabilizou a formação de consórcios entre os municípios para a criação de aterros sanitários e a melhoria do saneamento básico”, disse o tucano.
MENOS “FISCAIS DA DENGUE”
Divulgados pelo jornal “O Tempo”, números do DataSus, do Ministério da Saúde, mostram que ao longo do ano passado houve houve uma queda substancial no número de visitadores sanitários em serviço. De 35.183 que estavam na ativa em fevereiro, apenas 13.596 permaneciam atuando em dezembro.
“O corte de recursos provocou essa instabilidade e agora temos que correr para recuperar o prejuízo”, afirma Raimundo Gomes de Matos. Ele destaca que também no ano passado houve um corte no número de agentes de agentes de saúde e controle de endemias.
“Faltou recurso para comprar larvicida, os municípios ficaram desabastecidos e não houve capacitação dos agentes de saúde e de endemia”, criticou. Ele diz não entender essa omissão diante de tão grave ameaça de haver uma epidemia. “Acho que o ministro Marcelo Castro tem razão: nós perdemos a guerra para o mosquito”, afirmou Gomes de Matos ao se referir a uma declaração do titular da pasta da Saúde.
Para ele, infelizmente o governo do PT deixará para o pais a marca da microcefalia. A mesma preocupação é compartilhada por Fábio Sousa. “Nós vamos ter uma geração de pessoas com microcefalia. Como será daqui a cinco anos?”, questionou.
Os tucanos consideram que agora é o momento em que todos os recursos devem ser investidos para debelar a epidemia. Diante da grave ameaça em curso, o governo federal pretende comandar uma ação juntamente com prefeitos e governadores na montagem de uma estratégia eficiente de controle do Aedes Aegypti.
(Reportagem: Ana Maria Mejia/fotos: Alexssandro Loyola e Conversa com Brasileiros/ Áudio: Hélio Ricardo)
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