“A verdade sobre 2015″, por Miguel Haddad


Ninguém sabe como vai ser 2016. Podemos ter o impeachment, podemos ter a condenação das contas da chapa Dilma/Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – o que significa, no primeiro caso, a saída de Dilma e a posse do vice e, no segundo, a saída de ambos. Por outro lado, pode ser que nada disso aconteça. Ou seja, 2016, por enquanto, é o ano da incerteza.

Se não dá para prever o que vai acontecer no ano que vem, a verdade é que dificilmente terá havido na história brasileira um ano tão previsível como 2015. O que aconteceu nesses últimos 12 meses foi antecipado por analistas e observadores praticamente desde o início do primeiro mandato de Dilma Rousseff, quando, sob seu comando, foi instituída a chamada “nova matriz econômica”.

Vivemos hoje em um País assustado, vendo o desemprego aumentar, a inflação chegar a dois dígitos e continuar a subir, a situação não parando de piorar e Dilma, nada! Continua surda e insensível ao enorme sofrimento do povo que governa. Perdemos um ano sem que ela tenha tomado qualquer providência efetiva para evitar que mergulhássemos no caos.

“Eu não roubei”, ela diz. Mas, na prática, tenta impedir as investigações sobre uso de dinheiro de propina na sua campanha. Na CPI do BNDES, da qual sou vice-presidente – e é assim em todas as outras – seus representantes têm uma única tarefa: blindar os seus comparsas.

É triste saber que a opinião dos brasileiros, que em sua esmagadora maioria não confia na presidente do seu País, é confirmada pela realidade dos fatos.

Dilma tem o que os velhos militantes de esquerda no século passado chamavam de “firmeza ideológica”. Não importa a verdade, os fins justificam os meios. Não importa os fatos, o sofrimento do povo é um preço a pagar pelo “mundo novo” que virá – embora nunca, jamais, em lugar algum, tenha vindo e somente persista hoje na Coréia do Norte, onde milhares morrem em campos de concentração, de fome ou executados pelo terceiro herdeiro da dinastia local.

Foi sua “firmeza ideológica” que fez 2015 tão previsível. E se alguém ainda pensa que haveria um momento em que, pela força do caos econômico e do desemprego, sua visão do mundo poderia mudar, basta ver o que aconteceu com o ministro Joaquim Levy, que tentou até o limite de sua desmoralização pública impor um mínimo de bom senso a essa irresponsabilidade. Não existe Dilma 2. Com ela, o que temos para hoje e para amanhã é o mesmo que tivemos ao longo dos últimos cinco anos.

A imprevisibilidade de 2016 tem uma única razão: Dilma sai ou Dilma fica? No entanto, se ela continuar, prever o que vai acontecer é mais fácil do que somar dois mais dois. 2016 será ainda pior do que 2015. E o Brasil mergulhará no caos.

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5 janeiro, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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