Situação alarmante


Tucanos: erros do governo provocaram aumento de casos de doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti

mosaicoEm meio ao aumento dos casos de microcefalia e do temor dos brasileiros com as doenças transmitidas pelo mosquito aedes aegypti, deputados do PSDB chamam a atenção para a redução no número de agentes de combate a endemias e dos aportes federais para ações relacionadas. Ou seja, o governo federal tem parcela expressiva de culpa pelo surto de doenças que tem causado vítimas por todo o país.

Dados do Siafi apontam queda significativa do orçamento para o programa  “Coordenação Nacional da Vigilância, Prevenção e Controle da Dengue”, destinado a pesquisas, estudos e capacitação profissional envolvendo doenças causadas pelo mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika (que pode estar ligada ao surto de microcefalia).

O deputado Betinho Gomes (PE) apresentou requerimento de informações ao Ministério da Saúde cobrando explicações sobre a participação da pasta no combate às endemias. Já o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) é autor de projeto que visa suspender os efeitos de portaria editada pelo ministério, em julho, que cortou recursos da área e levou à redução do número de agentes trabalhando no combate às doenças.

Até o mesmo o ministro da Saúde, Marcelo Castro, admitiu, na quarta-feira (9), falha no combate ao aedes aegypti. Castro declarou que faltou, de diferentes entes federativos, a iniciativa de fazer campanhas também fora de períodos de surtos. Diante desse vergonhoso fracasso na prevenção e no combate, já foram oficialmente contabilizados 1.761 casos de microcefalia, associada ao zika vírus, espalhados em 13 estados e no Distrito Federal, segundo balanço divulgado na terça-feira (8) pelo Ministério da Saúde. Uma média de 73 novos casos por dia.

A presidente Dilma só veio abordar a questão na semana passada, quando, cometendo mais um de seus constrangedores equívocos, se referiu ao vetor que transmite a doença como “vírus Aedes Aegypti”. Só agora o ministro anunciou que serão distribuídos repelentes para gestantes para ajudar a prevenir picadas do mosquito e a Anvisa resolveu liberar os testes da vacina contra a dengue, protocolados pelo Instituto Butantan há oito meses.

“Essa crise que estamos vivendo é em função da omissão do governo, que cortou recursos, não teve uma ação continuada e não atendeu as demandas dos estados e municípios. Agora estamos vivendo uma epidemia que está assolando o país de maneira grave, principalmente com os casos de microcefalia, que avançam rapidamente”, criticou Betinho Gomes.

O tucano solicitou ao ministério que detalhe o orçamento da área nos últimos cinco anos, o quantitativo de agentes de combate às endemias antes e depois da Portaria 1.025/15 e os motivos que levaram à sua edição. Segundo ele, a escassez de recursos e redução dos agentes contribui gravemente para o quadro. “Vamos mostrar que o governo foi omisso, o que prejudica toda a população”, disse, ao lembrar que Pernambuco lidera o ranking de casos de microcefalia.

Gomes de Matos lamenta que o governo não dê atenção à saúde, principalmente na área preventiva. Há anos o tucano tem alertado para a importância do fortalecimento de categorias como os agentes de saúde e de combate a endemias, assim como a definição, no pacto federativo, das atribuições de municípios, estados e União em ações preventivas. A Portaria 1.025/15, segundo ele, foi uma medida irresponsável. “Uma irresponsabilidade, a marca do PT, que vai deixar para a história uma patologia que mundialmente não existe. Isso foi falta de apoio desse governo aos agentes”, apontou.

Como lembram os tucanos, os recursos para o combate ao mosquito aedes aegypti simplesmente minguaram, de R$ 12,8 milhões em 2013 para R$ 8,9 milhões, dos quais apenas R$ 433 mil haviam sido gastos até o último dia 15.  “Não espanta que em estados onde a infestação é maior faltem até larvicidas e sejam insuficientes as equipes de combate à doença”, destaca o Instituto Teotônio Vilela (ITV), em sua Carta de Formulação e Mobilização Política.

“O zika vírus já circulava, mas com a diminuição dos agentes e a falta de recursos para dar estrutura necessárias aos agentes, ele se alastrou e hoje existe essa geração que vai nascer com a diminuição das funções motoras e mentais”, lamenta Gomes de Matos. “Esse quadro é imprevisível no momento. Ninguém sabe quantas pessoas serão afetas. É grave e entra para a história essa mancha negra na história da saúde do país”, completa.

O tucano, que também é médico, alertou ainda para a conscientização da sociedade e a importância de eliminar os focos do mosquito. Ele citou que não só os quintais, mas até mesmo em locais como o fundo de geladeiras, devido ao suor da refrigeração, é possível haver acúmulo de água, assim como em banheiros e pneus. A eliminação dos focos, segundo ele, é indispensável, tal como o engajamento da comunidade em debelar esses focos e cobrar ações dos órgãos responsáveis pela limpeza pública.

(Reportagem: Djan Moreno/Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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11 dezembro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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