Planalto em desespero


Imbassahy critica defesa feita por Delcídio e diz que senador e Cerveró têm muito a revelar

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“Este governo podre tem que acabar. Se a presidente tivesse um pouco de dignidade e espírito público, renunciaria”, disse o tucano nesta sexta.

A presidente Dilma e seus aliados têm motivos de sobra para se preocupar com informações que podem vir à tona a partir de depoimentos do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso pela Polícia Federal na quarta-feira (25), e do também presidiário Nestor Cerveró, ex-diretor da maior estatal do país. A avaliação foi feita pelo deputado Antonio Imbassahy (BA), que neste ano foi vice-presidente da CPI da Petrobras. O tucano disse nesta sexta-feira (27) que a defesa apresentada por Delcídio para as acusações que o levaram à prisão são fictícias e que se a verdade for revelada afetará diretamente o Palácio do Planalto.

HISTÓRIA DE CAROCHINHA

Em depoimento, o senador petista e líder do governo alegou que se dispôs a ajudar Nestor Cerveró por “razões humanitárias”. A “ajuda” oferecida ao delator da Operação Lava Jato teria sido no sentido de transmitir “uma palavra de conforto e esperança” à família para atenuar-lhes “a dor e o sofrimento”.

Para Imbassahy, as declarações são uma agressão à inteligência dos brasileiros.  “Isso e uma história de carochinha. Quem poderá acreditar nesse tipo de declaração? Por melhor coração que tenha uma pessoa, não chegaria a esse ponto de oferecer fuga e recursos financeiros, além de envolver um advogado. Não dá para acreditar nisso”, rebate o tucano. Segundo ele, é incontestável que o senador foi flagrado numa ação que configura em formação de quadrilha e tentativa de obstruir a Justiça.

Segundo investigadores, Delcídio foi preso por estar atrapalhando apurações da Operação Lava Jato. Uma gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, mostra a tentativa dele de atrapalhar as investigações e de oferecer fuga para Cerveró caso ele não falasse em delação premiada sobre irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

DILMA E A COMPRA DE PASADENA

Conforme lembra Imbassahy, Pasadena foi um dos piores negócios da história da Petrobras. Ela foi adquirida por valor muita acima do padrão, em 2006, quando Dilma Rousseff era presidente do Conselho de Administração da petroleira.

“Delcídio era homem da mais absoluta confiança do Lula quando começou toda essa roubalheira na Petrobras, e que depois teve continuidade na gestão de Dilma. Ela, que por um acaso, foi ministra de Minas e Energia, presidente do Conselho de Administração por muitos anos e que sabia de muita coisa, inclusive tendo participado da compra de Pasadena, essa maracutaia que escandalizou o planeta”, destaca o deputado pela Bahia. “Querer agora dizer que Delcídio não tem nada a ver com PT ou com Lula, tenha paciência”, reprovou o parlamentar.

A presidente da República, por exemplo, mantém o silêncio sobre a prisão do seu líder do governo, atitude considerada “um acinte à inteligência dos brasileiros” pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

QUE A VERDADE VENHA À TONA

Para Imbassahy, há um sentimento de desespero em relação ao que ele, e também Cerveró, podem revelar. O tucano diz esperar que o ex-diretor da Petrobras continue revelando o que sabe à Justiça e que Delcídio siga o mesmo caminho, diante do abandono por parte de seu partido.  “Espero que ele resolva e faça uma delação, envolvendo quem quer que seja para que o povo conheça a verdade e a Justiça leve essa turma toda para a cadeia”.

Em situação delicada, o Planalto emitiu ordem de não atacar, nem defender o parlamentar. É uma estratégia diferente da do partido ao qual pertence o líder, que adotou uma postura mais agressiva e de críticas frente o parlamentar. Mas, a verdade é que a prisão de Delcídio caiu como uma bomba no Planalto. Na gravação que embasou a prisão do parlamentar, Cerveró acusou Dilma de “saber de tudo” sobre a compra da refinaria de Pasadena, gerando prejuízos à estatal. O dono da BTG Pactual, André Esteves, também preso, tinha uma minuta com anotações em que Cerveró acusava Dilma.

A situação do governo é de fato preocupante. A ordem no Planalto é manter a neutralidade em relação a Delcídio. A estratégia é diferente da que foi adotada pelo PT, que oficialmente tem falado até em expulsa-lo da sigla (mesmo com quase toda bancada do Senado tendo votado para que ele fosse solto). Imbassahy acredita que a prisão do líder do governo caiu como uma bomba no Planalto.

Na gravação que embasou a prisão do parlamentar, Cerveró acusou Dilma de “saber de tudo” sobre a compra de Pasadena, gerando prejuízos à estatal. O dono da BTG Pactual, André Esteves, também preso, tinha uma minuta com anotações em que Cerveró acusava a petista.  “Isso é um escárnio, uma república de bandidos, um governo podre que tem que acabar. Se a presidente tivesse um pouco de dignidade e espírito público, renunciaria”, sugere o tucano.

 (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola)

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27 novembro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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