Petista na cadeia

Prisão de líder do governo Dilma coloca mais uma vez PT e Planalto em xeque, avaliam deputados

A prisão do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), coloca em xeque o PT e o governo. Essa foi a avaliação de deputados do PSDB logo após o petista ser detido pela Polícia Federal em Brasília, na manhã desta quarta-feira (25).  É a primeira vez que um senador da República é preso no exercício do mandato. Pela Constituição Federal, isso só é possível se o parlamentar for pego em flagrante de delito inafiançável. Segundo investigadores, a prisão aconteceu porque Delcídio estava atrapalhando apurações da Operação Lava Jato.

Uma gravação feita pelo filho do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró mostra a tentativa do senador de atrapalhar as investigações e de oferecer fuga para o ex-diretor caso ele não falasse em delação premiada sobre irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Pasadena foi um dos piores negócios da história da Petrobras. Ela foi adquirida por valor muita acima do padrão, em 2006, quando Dilma Rousseff era presidente do Conselho de Administração da petroleira. Também foram presos pela PF o banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual, e o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira. As prisões do líder do governo e de Ribeiro são preventivas, ou seja, não há data limite.

“Há uma quadrilha instalada no Palácio do Planalto e que continua assaltando o país sem pudor. Eles perderam o medo e o Brasil assiste de maneira estarrecida o comportamento desse governo. Mas, as mentiras vão caindo por terra”, disse o 1º vice-líder do PSDB, deputado Nilson Leitão (MT).  “Chegamos ao fundo do poço, mas temos que parabenizar a Justiça brasileira, que nos faz passar por um processo de entendimento de que o crime não compensa”, completou.

Segundo o tucano, não restam dúvidas do envolvimento integral do PT e do governo, com participação de partidos aliados, em um imenso esquema de corrupção.  O deputado acredita que o Senado, responsável por decidir sobre a manutenção ou não da prisão de Delcídio, deverá proceder de acordo com a decisão da Justiça. “Se o STF, de forma inédita, votou por unanimidade pela prisão de alguém que está atrapalhando investigações e até propondo fuga a um presidiário que roubou o Brasil, não é possível que o Parlamento vá contra isso”, disse Leitão. A 2ª Turma do STF referendou a manutenção da prisão. 

Líder do governo no Senado foi preso acusado de interferir nas investigações da Operação Lava Jato.

O deputado Elizeu Dionizio (MS) afirmou que a prisão do líder revela uma postura adotada desde o início pelo PT: a de tentar impedir toda e qualquer investigação. “Infelizmente eles não se atentaram que a política é uma ferramenta de servir à sociedade e não para se servir da sociedade”, pontuou.  De acordo com ele, é inerente ao PT, desde que chegou à Presidência da República, agir de maneira escusa, com um modus operandi no mínimo questionável.

O tucano acredita que tanto a presidente Dilma quanto o ex-presidente Lula estão cada vez mais próximos das irregularidades investigadas pela Polícia Federal. “Falar que eles não têm a ciência de tudo isso que está acontecendo é incabível. Ou eles são incompetentes ou são coniventes”, aponta o tucano, ao afirmar que a permanência de Dilma no cargo está cada vez mais insustentável.

Para ele, o interesse demonstrado por Delcídio e o PT é apenas de “poder pelo poder”. Por isso, eles estão dispostos a qualquer coisa, inclusive obstruir a Justiça. Dionísio afirma que a prisão do líder do governo deve servir como lição e sinalizar um recado da Justiça e da sociedade de que é preciso uma mudança comportamental por parte de um partido tomado pela corrupção.

O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) afirmou que a detenção de Delcídio faz com que o dia 25 de novembro entre para a história. “Deveria passar a ser o dia internacional do combate à corrupção”, disse. Segundo ele, o coração do governo foi duramente atingido. O tucano também acredita que a manutenção de Dilma no comando do país fica insustentável. “Não tem mais condições de continuar. A remoção dela deve ser imediata”, defendeu.

O deputado Vanderlei Macris (SP) destacou que esse foi mais um passo pra desbaratar uma quadrilha instalada no cerne do poder. “Essa quadrilha tem chefe e as pessoas já têm ideia de quem seja. Será questão de tempo chegar nele”, afirmou. Em sua avaliação, a prisão do líder do governo um dia após a prisão de um empresário ligado ao presidente Lula complica ainda mais as coisas para o PT e deve provocar uma importante reflexão.

“Um momento de reflexão para todos que atuam direta ou indiretamente na política brasileira de que o caminho que a sociedade quer é que o Parlamento e o Executivo conduzam seus trabalhos de maneira séria, pautados nos interesses sociais e não nos interesses próprios, como tem sido feito desde que o PT assumiu o poder”, alertou Macris.

Delcídio foi citado na delação do lobista Fernando Baiano como beneficiário de uma propina no valor de US$ 1,5 milhão pela compra da refinaria de Pasadena. O líder do governo também foi citado em outro contrato da Petrobras, que trata do aluguel de navios-sonda. Segundo Baiano, houve um acordo entre Delcídio, o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-ministro Silas Rondeau para dividir entre eles suborno de US$ 6 milhões.

US$ 792 milhões
Foi o prejuízo na compra da refinaria de Pasadena, segundo o TCU. A aquisição foi fechada com o aval de Dilma, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras. 

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Marcos Oliveira Agência Senado/ Áudio: Hélio Ricardo)