CPI dos Fundos de Pensão


Ex-gerente de serviços da Petrobras confirma pagamento de propina nos contratos da Sete Brasil

baruscoO ex-gerente de Serviços da Petrobras José Pedro Barusco Filho confirmou, durante reunião da CPI dos Fundos de Pensão, que houve pagamento de propina em troca de contratos da empresa Sete Brasil, da qual ele foi diretor, para construção de 28 navios plataforma para a Petrobras. Segundo ele, havia uma combinação de pagamento de um percentual de propina entre 0,9% a 1% nos contratos de construção, que somavam US$ 24 bilhões.

Em resposta ao deputado Marcus Pestana (MG), ele explicou que foram efetivamente pagos em propina cerca de US$ 10 milhões, dos quais US$ 4,5 milhões entregues ao PT, por meio da empresa Keppel. Ele mesmo recebeu, da parte da Sete Brasil, entre US$ 2,7 milhões a US$ 3 milhões.

O restante teria sido repassado ao ex-presidente da Sete Brasil, João Carlos Medeiros Ferraz, ao ex-diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque e aos ex-gerentes da área Internacional da estatal Roberto Gonçalves e Eduardo Musa. “Eu gerenciei essa parte, mesmo depois de ter deixado a Sete Brasil em 2011”, afirmou Pedro Barusco.

A Sete Brasil é uma empresa privada criada para construir 28 navios plataforma para perfuração do petróleo da camada do pré-sal. Na avaliação de Marcus Pestana, até aí, tudo normal. Ocorre que a empresa tinha como principal fonte de recursos  o BNDES, que oferecia dinheiro barato, e recursos dos fundos de pensão Petros, Previ, Valia (da Vale do Rio Doce), Funcef e dos bancos BTG Pactual, Bradesco e Santander.

Para o tucano, a engenharia financeira institucional que marcou a criação da empresa Sete Brasil foi sui generis: seria uma empresa privada com totais garantias públicas e mercado cativo, em função da grande demanda por sondas no mercado. No entanto, ressalta Pestana, não é normal que três fundos de pensão: o Previ, o Funcef e Petrus, sobretudo os dois últimos, tenham se mobilizado espontaneamente para colocar RS$ 4,5 milhões num investimento futuro. “Quem mobilizou esses fundos?”, questionou, sem obter resposta.

A participação da presidente Dilma Rousseff,do ex-presidente Lula e do ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli também foi questionada. Pedro Barusco, no entanto, disse desconhecer a atuação deles em favor desses contratos. Ressaltou que, no período em que a Petrobras queria contratar 18 sondas no exterior, o então presidente Lula acompanhou a ainda ministra de Minas e Energia Dilma para entender o motivo.

Atualmente, a Sete Brasil enfrenta dificuldades financeiras depois da Operação Lava Jato e depende de financiamentos para concluir a construção de 17 das 28 sondas de perfuração, o que envolve 150 mil empregos diretos. A empresa parou de pagar os estaleiros contratados por ela em novembro do ano passado, depois que o BNDES não liberou o empréstimo de 18 bilhões de dólares – financiamento que tinha sido aprovado pela diretoria do banco quando a empresa foi criada.

Marcus Pestana questionou se ele acredita na recuperação da empresa Sete Brasil, que depende de uma operação de salvamento altamente subsidiada pela Petrobras. E que provocou um rombo de R$ 7 bilhões nos fundos de pensão. Barusco disse que à época era um excelente negócio. Hoje, o fracasso ou o sucesso depende da postura dos sócios envolvidos.  “O paraíso descrito para os servidores e beneficiários da Funcef, Previ e Petrus virou um inferno”, contestou Pestana.

(Reportagem: Ana Maria Mejia/foto: Luis Macedo – Câmara dos Deputados)

 

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19 novembro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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