Trapalhada


Meta fiscal do Orçamento virou peça de ficção com flexibilização do déficit, criticam deputados

Para o deputado Caio Narcio (MG), o que se viu em 2015 foi uma verdadeira “trapalhada orçamentária".

Para o deputado Caio Narcio (MG), o que se viu em 2015 foi uma verdadeira “trapalhada orçamentária”.

Deputados do PSDB criticaram a aprovação, na Comissão Mista de Orçamento, do projeto que autoriza o governo a fechar o ano de 2015 com déficit primário de até R$ 119,9 bilhões. O PLN 5/15 substitui a meta inicial da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015, de superávit primário de R$ 55,3 bilhões para a União e R$ 11 bilhões para os demais entes federados.

Para o deputado Caio Narcio (MG), o que se viu em 2015 foi uma “trapalhada orçamentária”. “Assistimos a um governo despreparado, que legisla de maneira desorganizada. Depois de fazer todos os seus equívocos, manda um projeto de salvação para a CMO”, reprovou.

Na avaliação do tucano, a aprovação do projeto passa a mensagem que o governo não precisa ter responsabilidade com as metas nem dar transparência ao orçamento. “Jamais houve tanta trapalhada numa peça orçamentária como estamos vendo agora. Aprovar esse PLN é um fracasso para o Brasil”, lamentou Narcio.

A mudança nos valores foi pedida pelo governo por incapacidade em administrar as despesas, avaliam tucanos. O resultado primário da União até setembro foi deficitário em R$ 22,2 bilhões, o menor valor para o período, de acordo com série histórica iniciada em 1997.

O relatório aprovado permite que o Executivo reduza seu esforço fiscal de modo a ampliar o déficit. O governo poderá acrescentar à sua meta até R$ 68,1 bilhões, caso sejam frustradas as receitas com concessões de usinas hidroelétricas (R$ 11,05 bilhões), e sejam pagas dívidas do Tesouro Nacional com o BNDES, FGTS, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (R$ 57,01 bilhões).

Coordenador do PSDB na CMO, Domingos Sávio participou de reunião de lideranças da comissão.

Coordenador do PSDB na CMO, Domingos Sávio participou de reunião de lideranças da comissão.

As dívidas do Tesouro ficaram conhecidas como “pedaladas fiscais” e estão entre os problemas apontados pelo Tribunal de Contas da União nas contas da presidente Dilma Rousseff relativas a 2014, que tiveram parecer pela rejeição no tribunal. O deputado Samuel Moreira (SP) acredita que a meta fiscal passa a ser “fictícia” quando o governo não toma atitudes para alcançá-la. “O governo não tem coragem de rever seus gastos, não tem atitude. Vamos continuar como se isso fosse normal?”, indagou.

O deputado Domingos Sávio (MG) chegou a apresentar voto em separado por discordar do relatório. Para o tucano, a mudança radical da meta contraria a busca pelo equilíbrio nas contas e tenta regularizar o crime de responsabilidade fiscal de não cumprimento da meta. “Pretendemos que o governo pague aos bancos públicos aquilo que tomou indevidamente. Esse é o equilíbrio fiscal que a nação precisa”, defendeu.

(Da redação com informações da Agência Câmara/ Foto: Gustavo Lima – Câmara dos Deputados e Alexssandro Loyola)

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17 novembro, 2015 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Trapalhada”

  1. Sergio Bambino disse:

    Em minha opinião, é inconstitucional modificar a LDO desta forma. A LDO se exaure com a apresentação do orçamento a que serve de base. Modificá-la para esconder a incapacidade do executivo de cumprí-la é (mais) uma “pedalada”, além de um mau exemplo para estados e municípios. O PSDB deveria submeter tal modificação ao STF.

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