Ex-presidente em xeque

Lula deve explicações sobre suposto aval para contrato bilionário na Petrobras, cobra Betinho

Representantes do grupo Schahin indicaram que garantia do ex-presidente Lula foi decisiva para que conseguissem contrato bilionário com a Petrobras em 2007. O contrato teria sido uma compensação em troca de uma dívida que o PT havia contraído com o banco Schahin.

A empresa está entre as companhias investigadas pela Operação Lava Jato acusadas de integrar cartel e pagar propina para fechar contratos. A dívida foi adquirida em 2004 pelo empresário José Carlos Bumlai, amigo de Lula. Reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” publicada nesta segunda-feira diz que Bumlai fez um empréstimo de R$ 12 milhões com o banco da companhia, que teria interesse de se aproximar do partido.

O deputado Betinho Gomes (PE) considerou a informação “muito grave” e cobrou esclarecimentos.  “Não podem ficar essas dúvidas no ar sem que se aprofundem as investigações da participação do ex-presidente em todos esses atos”, cobrou nesta segunda-feira (16). 

O vínculo entre José Carlos Bumlai, a empresa Schahin e o contrato com a Petrobras já havia sido feito por outros delatores da Lava-Jato. Representantes do grupo Schahin disseram também que um encontro foi marcado com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que hoje cumpre pena por participação no esquema do Mensalão. Betinho Gomes acredita que não só Lula, mas outros líderes do PT tenham envolvimento nessas operações que levaram o país ao fundo do poço.

“O PT está no fundo do poço, assim como o Brasil. O PT colocou o Brasil nessa situação e, depois das descobertas que foram feitas a partir da Operação Lava Jato, o PT trilhou esse caminho. Claro que não dá para imaginar uma articulação tão ampla quanto essa sem ter o envolvimento direto dos principais líderes do partido. Eles de fato têm uma crença de que tomando de assalto os cofres públicos, as instituições públicas, eles poderiam exercer um domínio amplo e irrestrito sobre a política nacional”, completou.

Depoimentos colhidos pelos procuradores da Lava-Jato apontam também que o empréstimo nunca foi pago e que a dívida de Bumlai foi perdoada em 2009, dois anos depois de o grupo Schahin ter iniciado o contrato de um navio-sonda.

(Reportagem: Jéssica Vasconcelos/ Foto: Alexssandro Loyola)