Em defesa do Brasil

Manifestações pró-impeachment continuam no Congresso e são apoiadas por tucanos

Tucanos conversaram com manifestantes que estão acorrentados há quase uma semana no Salão Verde.

Representantes de movimentos sociais de todo o país deixaram suas cidades e rotinas diárias para protestar por  uma causa nobre em Brasília: o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Do lado de dentro na Câmara, eles se acorrentam no Salão Verde. E no gramado em frente, outro grupo montou um acampamento. Em comum, a pressão pela abertura do processo que pode culminar na saída da petista do Planalto. Desde o início desses atos, iniciados há quase uma semana, parlamentares do PSDB estão prestando solidariedade e apoiando os protestos. 

Nesta terça-feira (3), líderes dos partidos de oposição e diversos  outros deputados prestaram solidariedade aos manifestantes e à causa defendida por eles. O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP) demonstrou preocupação com a saúde dos militantes. Carla Zambelli, uma das coordenadoras da ação, possui um tumor no cérebro e ainda assim está desde o dia 28 acorrentada no Salão Verde. Ela chegou a passar mal enquanto conversava com os parlamentares e a imprensa nesta tarde.

O deputado Lobbe Neto (SP), um dos vários tucanos que esteve com os manifestantes, disse que é preciso uma atitude do presidente da Câmara o quanto antes. “Tem que haver um desfecho, ou acata ou não acata. Essa decisão precisa sair e por isso estamos aqui apoiando esse movimento”, disse. Já Vitor Lippi (SP) destacou que a maioria dos brasileiros está representada nesse protesto, pois o impeachment é um desejo nacional, dado às diversas razões que o tornam viável. “Há uma batalha jurídica quanto a isso, mas é a forma que temos hoje de melhorar o Brasil”, afirmou. 

Na noite do último sábado (31), o líder da Minoria na Câmara, Bruno Araújo (PE), e o 1º vice-líder do partido na Câmara, Nilson Leitão (MT), já haviam estado com os manifestantes no Salão Verde. De acordo com Bruno, essas pessoas mostram coragem e representam milhões de outros cidadãos que acreditam nessa bandeira. Nilson, por sua vez, os chamou de “guerreiros brasileiros”. “O Brasil precisa do impeachment e esta manifestação é para convencer o presidente da Câmara a deixar o processo andar e, a partir disso, dar esperança aos brasileiros”. Segundo ele, sem a pressão da sociedade, o impeachment não acontecerá.  

De acordo com Carla Zambelli, diversos congressistas da oposição têm prestado apoio ao movimento. Conforme apontou, por meio da internet o apoio popular também ganhou força. Zambelli veio de São Paulo e participa do protesto desde o início. Os manifestantes integram a Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos.

“Acreditamos que estamos defendendo milhões de brasileiros”, declarou Zambelli na manhã desta terça-feira (3). Segundo ela, mais de cem pessoas estiveram envolvidas na organização do manifesto e, ainda nesta semana, mais militantes de todo país chegarão a Brasília para se unir ao grupo. Segundo ela, o grupo só deixará o Congresso quando o presidente da Câmara se posicionar a respeito do andamento do processo de impeachment.  

Várias barracas foram montadas no gramado em frente ao Congresso.

De acordo com Pedro Cherulli, administrador do acampamento e coordenador do Movimento Brasil Livre de Minas Gerais, há cerca de 60 barracas montadas no gramado em frente ao Congresso. Ele ressaltou que, a partir desta semana, haverá uma movimentação ainda maior devido à chegada de mais manifestantes. Conforme relatou, os parlamentares também estiveram no acampamento dando sugestões e apoiando a ação em defesa do país.

Na quinta-feira (29), Carlos Sampaio havia visitado o acampamento em frente ao Congresso Nacional e também esteve com os protestantes no Salão Verde. Na ocasião chegou a se algemar com eles, ao lado de Bruno Araújo e da deputada Mara Gabrilli (SP). “Essa amarração é em defesa da ética, decência e do país. Nós queremos o impeachment porque representamos o Brasil e o Brasil quer o impeachment”, disse o tucano. 

Os deputados João Gualberto (BA) e Rogério Marinho (RN) também estão entre os parlamentares que estiveram no acampamento e conversaram com lideranças do movimento. “É importante dizer que este movimento nos representa. É importante que a juventude, que pessoas de bem, tenham saído de suas casas, do conforto, para vir aqui no Congresso protestar”, disse Marinho.

PEDIDO APRESENTADO DIA 21

No último dia 21, líderes da oposição (DEM, PSDB, PPS e Solidariedade) entregaram ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um novo pedido de impeachment da presidente Dilma. Com 64 páginas, o documento é assinado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr e Janaina Paschoal e tem o apoio de 45 movimentos de rua. O pedido, subscrito pelo advogado Flávio Costa Pereira, pede a saída de Dilma do cargo de presidente e a perda dos direitos políticos por oito anos por conta dos crimes de responsabilidade.

Entre os fatos que embasam o novo texto estão informações oferecidas pelo Ministério Público, junto ao Tribunal de Contas da União, que comprovam que as chamadas “pedaladas fiscais” prosseguiram em 2015. Essas manobras foram um dos principais motivos que levaram o TCU a rejeitar as contas do governo Dilma do ano passado por unanimidade. Além disso, Dilma autorizou em 2014 e 2015, via decretos, a abertura de créditos com inobservância à Lei Orçamentária Anual e à Constituição.

(Reportagem: Thábata Manhiça/ Fotos: Alexssandro Loyola)