Investimentos duvidosos
CPI do BNDES: Mantega ignora falhas e insiste na defesa da política econômica da gestão petista
Em depoimento à CPI do BNDES, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega insistiu na defesa à política econômica da presidente Dilma e aos repasses de recursos do Tesouro Nacional. Mantega presidiu o BNDES do período de novembro de 2004 a março de 2006. Ao tornar-se ministro, em 2006, passou a integrar o conselho de administração da instituição. Os deputados Miguel Haddad (SP), Betinho Gomes (PE) e Caio Narcio (MG) estão entre os parlamentares que solicitaram a reunião.
Haddad, 1º vice-presidente da comissão de inquérito, destacou que houve gigantesco aporte de recursos para o BNDES durante a gestão de Mantega. O saldo de empréstimos saltou de R$ 43,2 bilhões, no final de 2008 para mais de R$ 450 bilhões no final de 2014. Na avaliação do tucano, a entrega de quase meio trilhão de reais não pode ter acontecido sem o envolvimento de Lula e Dilma, que chefiaram o Executivo no período.
“Ficou claro que a decisão política para esse grande aporte que alimentou o sistema de corrupção teve a participação de Lula e Dilma”, afirmou Haddad. Para o tucano, Mantega não deu explicações claras sobre o aporte bilionário ao BNDES nem sobre os beneficiados com o processo.
Haddad contestou as declarações do ex-ministro de que as decisões da equipe econômica da gestão petista deram bons resultados. “Afirmar que tivemos acerto é ir contra a nossa realidade. Esse é o sentimento de todo brasileiro que está desempregado ou tem sérias dificuldades em ir ao supermercado, à farmácia”, completou o parlamentar.
Para o deputado Alexandre Baldy (GO), a sociedade vive hoje as consequências de uma política econômica irresponsável, com desemprego, inflação, crise no setor elétrico e aumento de impostos. Enquanto o país sofre, o BNDES emprega recursos públicos em obras no exterior, como o Porto de Mariel, em Cuba. “É importante tirar imposto do povo para investir em um porto em Cuba enquanto há portos no Brasil com filas enormes, produção sendo perdida e custo com infraestrutura subindo?”, questionou. O tucano se disse decepcionado com o depoimento do ex-ministro, que considerou evasivo e confuso.
O deputado Caio Narcio pediu explicações de Mantega sobre a relação com empresários beneficiados pelos empréstimos e cobrou a quebra dos sigilos do ex-ministro para ajudar a esclarecer os fatos.
PREVISÕES FURADAS
O ex-ministro atribuiu à “crise mundial” o desastre na economia brasileira e afirmou que todos os países emergentes serão afetados. Ele defendeu a política de injetar recursos do Tesouro Nacional no BNDES para sustentar linhas de crédito do banco.
“Não sei que país maravilhoso é esse em que vive o governo do PT. Só está bom para as pessoas envolvidas em corrupção”, criticou o deputado João Gualberto (BA). Ele destaca que a gestão petista só fala em crise internacional, mas outros países estão crescendo. No Brasil, a situação é outra. “O desemprego na Bahia já supera 12%”, frisou. “Se não houvesse crise, estaríamos em trajetória muito boa”, respondeu Mantega.
O esforço brutal do governo para fazer um ajuste fiscal mostra que a política econômica não compensou, alertou Betinho Gomes. Ele lembra que os grandes empresários têm taxas subsidiadas, enquanto os pequenos e médios precisam recorrer a financiamentos comuns, com juros altos. “A política não foi sustentável. Foi como o voo da galinha: teve sucesso pontual e depois foi um fracasso”, afirmou. A troca de Mantega por Joaquim Levy no comando da Fazenda evidencia os péssimos resultados, explicou Gomes.
(Da Redação/ Foto: Alexssandro Loyola)
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