CPI


Para tucano, depoimento confirma esquema de corrupção para assaltar fundos de pensão

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Ex-braço direito de Alberto Youssef deu mais informações do que o doleiro.

O sub-relator de investimentos em fundos de renda fixa da CPI dos Fundos de Pensão, deputado Marcus Pestana (MG), afirmou que o depoimento de Carlos Alberto Pereira da Costa, ex-braço direito do doleiro Alberto Youssef, foi muito importante para confirmar a existência de um esquema de corrupção para assaltar os cofres públicos e irrigar partidos políticos e campanhas partidárias. “De forma objetiva e simples, o senhor legitimou o objetivo desta CPI”, disse ele se dirigindo a Pereira da Costa. “De um lado o patrimônio dos trabalhadores e, do outro, a sanha macabra para atender a interesses espúrios”, criticou.

Carlos Alberto confirmou denúncias que já havia feito à Polícia Federal. Ele informou que, por meio de consultoria da CSA Project Finance, empresa usada por Youssef, foram investidos R$ 13 milhões para a Petros, e em 2006 houve  pagamento de propina a diretores. Ele relatou ainda que poderia ter havido a compra de R$ 50 milhões em debêntures para a Funcef, mas a operação não se concretizou devido à Operação Lava Jato. Costa confirmou ainda que João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, frequentava reuniões na CSA.

CRISE DE ESQUECIMENTO

Em seu depoimento também realizado nesta terça-feira (27), Youssef  negou qualquer intermediação de contato envolvendo a Petros, o fundo de pensão da Petrobras. A negativa frustrou a expectativa dos parlamentares. O deputado Rocha (AC) expressou sua decepção. “Youssef parece ter tido um crise de esquecimento”, criticou.

Ao chegar para depor, o doleiro justificou que sua delação premiada contém dois relatos sobre os fundos de pensão: a tentativa de vender debêntures para Funcef e Postalis, que não se concretizou; e outros investimentos de fundos municipais e estaduais no fundo “Viagens Brasil”, da empresa Marsans.

 Youssef chegou munido de habeas corpus e poderia ter ficado em silêncio, mas preferiu responder a todas as perguntas da CPI. Ao questioná-lo, o deputado Marcus Pestana lembrou o depoimento da ex-contadora de Youssef, Meire Pozza, que ,segundo ele, foi revelador: ela disse que estava tudo encaminhado para que a Funcef e o Postalis investissem no fundo “Viagens Brasil”, operado pelo doleiro, mas não houve sucesso.

Lacônico, o doleiro confirmou que esteve na Funcef, há dois anos, em reunião marcada pelo ex-deputado André Vargas, para apresentar debêntures, mas o negócio não se concretizou. Ele admitiu ser sócio majoritário da JFD Investimentos, que tinha relação com o fundo Marsans.

Afirmou ainda que emitiu nota fiscal, sem prestação de serviço, para a Sanko Sider, Mendes Junior e Engevix.  “Eu tinha dinheiro para receber, e a JFD precisava de caixa, então eu ficava com o dinheiro e investia na própria empresa”, afirmou. Segundo ele, a empresa tinha 40 pontos de venda e 2 mil funcionários. Depois da deflagração da Lava Jato, com todos os diretores presos, o fundo faliu. Ele estima ter emitido notas num total de R$ 15 milhões. Para montar a JFD Investimentos, o doleiro trouxe de volta ao Brasil R$ 7 milhões como se fosse um fundo de investimento.

O deputado Samuel Moreira (SP) questionou o doleiro se nos fundos de pensão houve desvios de corrupção para enriquecimento ilícito, caixa de campanha política ou outros interesses. Ele reiterou que a Petros fez investimento de R$ 13 milhões na Indústria de Metais Vale (IMV), com articulação da CSA, e ali houve pagamento de propina de R$ 3 milhões. “O povo brasileiro está pagando um preço altíssimo”, reiterou Moreira, na tentativa de sensibilizar o depoente.

Youssef negou ainda participação em qualquer investimento envolvendo os quatro fundos de pensão federais investigados pela CPI, apesar de confirmar que conhecia ex-diretores desses fundos. “Quando José Janene entrou na IMV, a Petros já tinha feito essa alocação de recursos”, afirmou.

Ele disse que foi apresentado a Claudio Augusto Mente pelo ex-deputado Janene, já falecido. E que esteve uma única vez com o filho do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Renan Filho, mas que não tratou de fundos de pensão com ele. “Falamos de política e de economia, só isso”, declarou Youssef.

A CPI quer esclarecer a relação dos depoente com os fundos de pensão. Ela investiga se houve manipulação política em investimentos com recursos dos fundos de pensão federais: Petros (da Petrobras), Previ (do Banco do Brasil), Funcef (da Caixa Econômica Federal) e Postalis (dos Correios). As operações levaram os fundos a um déficit de mais de R$ 30 bilhões no ano passado.

(Reportagem: Ana Maria Mejia/Foto: Alexssandro Loyola)

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27 outubro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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