Desfazer o nó lulopetista, por José Aníbal


No seminário sobre Energia realizado pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV), semana passada, no Rio de Janeiro, um dos palestrantes, a propósito da inação e inércia do governo, disse que “pessoas desorientadas nunca fazem coisas boas”. Por isso, nas qualificadas apresentações de propostas sobre iniciativas urgentes para sair da crise, não foi considerada a hipótese de alguma nova tecnologia para armazenamento dos ventos!

Falar de energia é falar com todos os brasileiros. Afinal, a conta da bancarrota do setor está sendo paga por toda população. Cada família de milhões de brasileiros recebe mensalmente a visita indesejada de Dilma por meio da conta de luz implacavelmente aumentada, expropriando parte expressiva da sua já minguada renda. Uma apropriação indébita que não tem paralelo em nossa história, da ordem de 2, 3, 4 ou mais por cento sobre o suado ganho mensal. Contas que passaram de 40 para 80 reais, de 70 para 150, de 110 para 225. Um verdadeiro assalto para compensar o momento de insanidade voluntarista da presidente com propósito meramente eleitoreiro. Ela disse que estava mudando para diminuir a conta. Aconteceu ao contrário, como sempre, quando se trata de Dilma e do lulopetismo.

O desastre do setor elétrico que pagamos mês a mês, por si só seria motivo para condenar Dilma por crime de responsabilidade. Semelhante ao que cometeu com sua cumplicidade no assalto à Petrobrás, aos bancos públicos, aos fundos de pensão, à corrupção endêmica. As pedaladas foram (são) o artifício criminoso para enganar. Quanto a Lula, as denúncias sobre filhos, nora, compadre, apartamentos, sítios, tráfico de influência, enriquecimentos suspeitos se multiplicam. O fato é que Dilma, Lula e o PT quebraram o Brasil.

O impacto de todos os desmazelos que se ampliam a cada dia, sem perspectiva de mudança, justifica a terrível perspectiva de que não só 2015 acabou, mas também 2016 será um ano perdido. Perdido para o Brasil, perdido para os brasileiros. Desemprego, empresas quebrando, investimentos zerados, PIB de menos 3%, projetos adiados, inflação de 10%, sonhos desfeitos.

No dia a dia, a população vai sendo tomada por sentimentos de medo, paralisia, desamparo, desesperança e revolta. Pior, por algo para o qual ela nada fez, salvo confiar no que se revelou, em seguida, um estelionato. Dez longos meses passados da posse de Dilma, tudo se agrava. Na arena política, os embates se sucedem expondo o lamaçal que a presidente amplia a cada dia com negociações espúrias envolvendo qualquer naco de poder, inclusive os propiciados pelo Ministério da Saúde.

Paralelamente, Lula, sempre ele, com a retórica malandra que lhe é peculiar, opera para que a desagregação de Dilma continue sob controle. Tempo ao tempo enquanto o personagem central do drama, o povo brasileiro, vai ficando à mercê do prolongamento dos horrores da crise.

Sabemos o que quer o governo. Operar com o rebaixamento geral das expectativas, empurrando do jeito que der o dia a dia da crise, atuando para que o “somos todos iguais”, ao fim e ao cabo, prevaleça. É aí que Lula, tutelando Dilma, mas sem se confundir com ela, deposita suas expectativas. Se der certo, vai inventar uma narrativa qualquer para se posicionar à frente.

As oposições tem que fazer o que é necessário e certo para resgatar a credibilidade e a confiança dos brasileiros. À luta política no Parlamento, é urgente associar a interlocução com os movimentos da sociedade que se manifestam e descreem neste governo para sair da crise. A legítima exasperação quanto à imprevisibilidade do que ocorre na arena política, certamente encontrará um caminho mais promissor na sintonia com uma sociedade que pode tornar a relativa paralisia, numa ação consequente, audaciosa e democrática para desfazer o nó lulopetista.

(*) José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB. (foto: Alexssandro Loyola)

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22 outubro, 2015 Artigosblog Sem commentários »

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