Indiciamentos

CPI da Petrobras: Tucanos querem incluir no relatório responsabilização de envolvidos com corrupção

Deputados do PSDB defenderam alterações no relatório final da CPI da Petrobras apresentado nessa segunda-feira (19) pelo relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). O petista livrou a presidente Dilma Rousseff e outros atores do escândalo de corrupção, como os ex-presidentes da estatal Graça Foster e Sérgio Gabrielli, como se fossem meras vítimas. Para os tucanos, é necessário responsabilizar os envolvidos no esquema.

Sub-relatores da comissão de inquérito, inclusive o deputado Bruno Covas (SP), pediram o indiciamento de mais de 60 pessoas. A quantidade e a relação das pessoas a serem indiciadas ainda serão definidas até quinta-feira (22), penúltimo dia de funcionamento da CPI – que ainda pode ser prorrogada pelo Plenário da Câmara.

Além de pedir o indiciamento de Gabrielli, Covas defendeu a responsabilização da presidente Dilma e de Graça Foster, por envolvimento na criação de uma empresa que ele considera “de fachada”, a Transportadora Gasene. “A Petrobras controlava até mesmo quem a Gasene deveria enviar como preposto em audiências na Justiça Trabalhista”, disse o deputado. Covas acusou Graça Foster de mentir à CPI. “Ela veio aqui e disse que a Petrobras não tinha ingerência na Gasene”, disse.

COLEGIADO FRUSTRADO
O 1º vice-presidente da CPI da Petrobras, deputado Antonio Imbassahy (BA), considera inaceitável o fato de o relator da comissão ter isentado o nome da presidente Dilma Rousseff de responsabilidade pelo esquema de corrupção instalado na estatal. Para ele, o relatório frustrou a maioria dos integrantes do colegiado.

“Não trabalhamos oito meses para apresentar um relatório que frustrasse a população brasileira. Temos que fazer os indiciamentos, com as propostas de penalizações, e a modernização da legislação. Certamente esse trabalho será alterado. Posso garantir que esse não será o relatório final da CPI da Petrobras”, concluiu.

O parlamentar acrescentou que a proposta já está sendo submetida a discussões e debates, que ocorrerão até a próxima quinta-feira (22). Os tucanos estudam apresentar voto em separado para corrigir as falhas do relatório. O relatório final faz críticas à Operação Lava Jato, afirma que a estatal foi vítima de um cartel de empreiteiras, “com a cumplicidade de alguns maus funcionários”, e que houve “motivações de natureza pessoal” nos crimes cometidos.

“O meu entendimento é diferente. Eu acho que foi instalada uma organização criminosa na companhia, sob o comando do Palácio do Planalto. O ex-presidente Lula e a presidente Dilma nomearam quatro diretores – que, inclusive, estão presos – para roubar a Petrobras”, argumentou, em entrevista à Rádio Metrópole.

TEXTO VERGONHOSO
Para o deputado Delegado Waldir (GO), o texto apresentado pelo petista Luiz Sérgio é inaceitável e vergonhoso. “Descobri por que os cidadãos dizem que toda CPI acaba em pizza. O relator acha que Gabrielli, Graça Goster, Dilma e Lula foram vítimas de doleiros, diretores e outros políticos. Todos são ‘santinhos’, nada sabiam”, afirmou nas redes sociais.

O deputado Betinho Gomes (PE) classificou o relatório como um deboche e um total desrespeito à inteligência do povo brasileiro. O tucano destacou que, não bastasse não ter denunciado nenhum agente político em seu relatório, o relator ainda ataca de forma incoerente a delação premiada.

“É absurda a postura do relator da CPI da Petrobras ao criticar um instrumento absolutamente legal, que tem ajudado a Justiça brasileira a desbaratar esse monstruoso esquema de corrupção que dilapidou a maior empresa do país”, afirma o congressista. O deputado também se disse confiante e esperançoso na recuperação da Petrobras, “cujo patrimônio foi aloprado pelo Partido dos Trabalhadores e seus aliados como vem sendo provado a cada fase da Operação”.

(Da redação com textos de assessorias/ Foto: Alexssandro Loyola)