Amigo do Lula

CPI do BNDES: Tucanos questionam empresário sobre ligação suspeita com Odebrecht

O proprietário da Exergia Brasil, Taiguara Rodrigues dos Santos, aceitou nesta quinta-feira (15) a quebra de sigilo fiscal, telefônico e bancário de sua empresa, em depoimento à CPI do BNDES. A quebra foi solicitada pelo deputado Betinho Gomes (PE).

Segundo matéria da revista “Veja”, a Exergia teria sido contratada pela Odebrecht para trabalhar na ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola, no mesmo ano em que a Odebrecht conseguiu no BNDES um financiamento para realizar o projeto. A suspeita é de que houve influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a empresa conseguir contrato.

Betinho questionou o depoente sobre a prestação de serviços em Angola e se os contratos foram efetivamente cumpridos. Ele destacou que Taiguara não é especialista em engenharia nem tem capital para investir no exterior. “Não tem sentido uma empresa do porte da Odebrecht contratar uma empresa sem expertise, dimensão ou capital financeiro para esse tipo de serviço”, afirmou o tucano.

O deputado Miguel Haddad (SP) afirmou que até 2009 Taiguara não era um empresário de sucesso e questionou por que seria escolhido para ser sócio da Exergia Brasil. Haddad perguntou ainda se o depoente teria conhecimento de que estava sendo investigado pelo Ministério Público. Ele respondeu que sabe por meio da mídia que está sendo investigado pelo MP, mas disse não ter recebido qualquer tipo de notificação ou intimação.

O parlamentar rebateu críticas de governistas de que o depoimento não teria relação com o tema da CPI. Segundo ele, a convocação “tem tudo a ver com o BNDES”. Segundo ele, a empresa de Taiguara prestava serviço para a Odebretch, que tinha financiamento do BNDES. Para Haddad, poucos empresários conseguem contratos que Taiguara conseguiu, sem qualificação, capital ou expertise de mercado. “É, no mínimo, suspeito”, disse

MUITO AMIGO
Questionado pelo deputado João Gualberto (BA), Taiguara afirmou que tem contato com o ex-presidente Lula, mas que não se considera amigo dele. Porém, confirmou que seu pai, Jacinto Ribeiro dos Santos, foi muito amigo do ex-presidente. “Lula foi casado com minha tia, irmã do meu pai”, explicou. Ele negou ser sobrinho de Lula, como noticiado pela imprensa, e confirmou ser amigo do filho de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, que o teria acompanhado em uma viagem a Cuba.

Gualberto argumentou que estaria havendo deboche do PT ao roubar o dinheiro do povo brasileiro, provocando discussão na CPI. Ele disse considerar estranho o fato de não ter sido exigido capital de Taiguara para ser sócio da empresa: “Está claro o tráfico de influência”, ressaltou Gualberto.

Em sua fala, o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP) afirmou que o foco não está nas relações do depoente junto ao BNDES. O objetivo da investigação é descobrir se a empresa de Taiguara serviu para receber dinheiro para outras pessoas. “Dinheiro ilicitamente desviado que recebe o nome de propina”, completou. Já Alexandre Baldy (GO) indagou o empresário sobre uma viagem a Cuba com a Odebrecht e reforçou o pedido de quebra dos sigilos de Taiguara.

(Da redação com informações da Agência Câmara/ Foto: Alexssandro Loyola)