No vermelho


Em CPI, deputados cobram presidente da Petrobras sobre endividamento gigante e perspectivas futuras

Sentados na primeira fila, parlamentares do PSDB fizeram uma série de questionamentos a Bendine.

Sentados na primeira fila, parlamentares do PSDB fizeram uma série de questionamentos a Bendine.

Parlamentares do PSDB questionaram nesta quarta-feira (14) o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, sobre a real situação vivida hoje pela estatal após o avassalador escândalo de corrupção ainda em processo de investigação pela Operação Lava Jato. Durante audiência da CPI que investiga os desmandos na estatal, o 1º vice-presidente do colegiado, Antonio Imbassahy (BA), fez uma cobrança contundente em relação ao crescente endividamento da estatal, que saltou de R$ 116 bilhões em 2010 para mais de R$ 415 bilhões.  

Bendine disse que a companhia terá que vender ativos para equilibrar o caixa por conta do enorme débito. “Realmente é muito alto. É uma das empresas mais endividadas do mundo”, admitiu o executivo ao responder Imbassahy. De acordo com o presidente da estatal, o ajuste das contas não será possível somente com a gestão operacional.

“Vamos ter que nos desfazer de ativos”, reconheceu, destacando que as dívidas são equivalentes a quatro vezes todo o resultado anual da empresa. “Não há solução mágica”, sentenciou. Bendine informou que a Petrobras pretende vender o equivalente a 15 bilhões de dólares em ativos até o final de 2016, valor que totalizará 40 bilhões de dólares em cinco anos. 

Ele também admitiu que a empresa sofreu o impacto de casos de “fraude e corrupção”, mas que esse não foi o único fator responsável pelo grande endividamento da companhia, o maior problema da Petrobras hoje. “A empresa é vítima desse processo”, alegou, ao se referir às denúncias de pagamento de propina e superfaturamento investigadas pela Operação Lava Jato.

PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS

O tucano questionou ainda qual a metodologia utilizada para o aumento do combustível, gasolina e diesel e se a Petrobras foi utilizada como instrumento para controle da economia. “Se isso for comprovado, pela Lei do Petróleo, a estatal pode reivindicar ao governo ressarcimento para que acionistas, notadamente os pequenos, não sejam prejudicados”, disse.

Ao se referir ao tema, o presidente da Petrobras disse que foi revisada a metodologia  adotada para revisão do preço da “cesta” de produtos da estatal. Segundo ele, a majoração dos preços de combustíveis segue agora um modelo internacional. 

O 1º vice-presidente também questionou quem vai pagar o prejuízo causado pelo superfaturamento na refinaria Abreu e Lima. Segundo Bendine, a segunda fase dessa obra vai exigir R$ 3 bilhões para ser concluída e o prejuízo já está incorporado como perda no balanço da estatal. Informou ainda que está buscando parceiros internacionais para concluir o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Além dessas duas grandes obras, a estatal cancelou a construção das refinarias Premium I e II, localizadas no Ceará e no Maranhão. 

PREJUÍZO BILIONÁRIO

Bendine ratificou a conclusão do balanço auditado da empresa, divulgado em abril, que apontou pagamentos indevidos no valor de R$ 6 bilhões – dos quais a empresa recuperou cerca de R$ 300 milhões. Em resposta ao deputado Bruno Covas (SP), ele informou que, para alcançar esse valor, foram analisados 32 contratos citados na operação Lava Jato, no período entre 2004 a abril de 2012, com estimativa de um percentual de 3% de propina.  “Esse balanço, referente a 2014, resgatou um pouco a credibilidade da empresa no mercado”, alegou. No entanto, na reavaliação de ativos, aplicando o teste de imparidade, em relação a esses contratos, a perda alcança R$ 45 bilhões.

De acordo com Bendine, no entanto, o maior impacto na saúde financeira da companhia foi a queda do preço do barril do petróleo e o endividamento acima da meta, majoritariamente em moeda estrangeira. “Em 2014 o barril do petróleo chegou a custar US$ 114,00 e caiu para US$ 50,00, no final do ano”, disse.

Apesar dos dados preocupantes,  Bendine anunciou que a empresa vai chegar ao fim do ano com US$ 20 bilhões de dólares em caixa. O deputado Izalci (DF) disse ter dúvidas sobre a obtenção de melhor resultado financeiro em 2015, em relação a 2014, considerando que foi o pior resultado nos últimos três anos. Ele lembrou que a ex-presidente Graça Foster disse ter sido mais leal a Petrobras que ao governo.Ele questionou ainda se no cômputo da dívida da estatal estão inseridos os déficits que surgirão por causa da demanda internacional. Bendine negou a inserção de quaisquer valores de processos em litígio no balanço da estatal. 

O deputado Delegado Waldir (GO) questionou o que a presidente Dilma pediu ao convidá-lo para assumir a direção da estatal. Solicitou, ainda, explicações sobre “o malfeito Sete Brasil”, ironizando que o prejuízo “é pequeno”. Ele ressaltou ainda que a ideia para colocar a Petrobras “no buraco” foi de Lula e dos ex-diretores Pedro Barusco e Renato Duque.

(Reportagem: Ana Maria Mejia/Foto: Alexssandro Loyola)

Compartilhe:
14 outubro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *