Doutrinação
Tucanos condenam assédio ideológico nas escolas em debate na Comissão de Educação
A Comissão de Educação promoveu nesta terça-feira (6) caloroso debate sobre assédio ideológico nas escolas de educação básica. O tema central da audiência pública, presidida e solicitada pelo deputado Rogério Marinho (RN), foi a doutrinação nas salas de aula e o abuso dos professores ao ensinar ideologias partidárias. “Não podemos varrer para debaixo do tapete um problema que é real”, apontou.
De acordo com o parlamentar, o professor goza de inteira confiança da família dos alunos para transpor ensinamentos, e não ideologias. Para ele, sala de aula não é palanque e deve haver pluralidade nos ensinamentos para que o aluno faça o juízo de valor. Segundo Marinho, essa conduta muitas vezes acaba por obrigar os alunos a adotar posturas ou ideologias que não são deles, mas dos educadores.
O tucano chamou atenção a uma proposta do PT que prevê a hegemonia cultural. “Fazer isso é impor a hegemonia de pensamento e praticar o assédio ideológico”. O parlamentar destacou que os professores devem fazer a prática narrativa e colocar “os dois lados da moeda”.
Presente no debate, Izalci (DF), professor e contador, ressaltou que nos últimos anos o PT fez o projeto de poder na educação, assim como fez em outros setores. Para ele, isso foi feito por pessoas experientes que usaram o apelo popular para manter o projeto. “Ninguém é contra o professor. Mas ele não pode se aproveitar desse privilégio para impor a sua ideologia partidária”, defendeu.
Para o deputado Eduardo Cury (SP), infelizmente o Brasil está polarizado. Ele também defendeu a necessidade de reconhecer a existência do problema, para que possa ser resolvido. “Na prática, isso ocorre. Pode não ser majoritário, mas acontece”, destacou. De acordo com o parlamentar, a educação brasileira precisa melhorar.
A escola, apontou João Campos (GO), está sendo um espaço com desvio de finalidade, principalmente nas fases de formação da criança. “O professor, por iniciativa própria, tenta impor as ideologias, sem o consentimento dos pais”, destacou.
Participaram do debate o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Roberto Franklin de Leão; o professor da Universidade de Brasilia (UNB) Bráulio Pôrto; a representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, Iolanda Barbosa; e o coordenador do Movimento Escola sem Partido, Miguel Nagid, entre outros.
Para Roberto Leão, não se pode dizer que é prática da educação pública brasileira fazer doutrinação política na sala de aula. De acordo com Braulio Pôrto, essa prática é um problema real, difícil de pesquisar e que um cartaz “antidoutrinação” não é dirigido aos professores, mas àqueles que com suas ideologias estragam o ambiente escolar.
(Reportagem: Thábata Manhiça/ Foto: Alexssandro Loyola)
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