Reposição salarial
Em sessão do Congresso, tucanos cobram derrubada de veto sobre reajuste do Judiciário
Após seis meses de espera, a Câmara e o Senado reuniram-se em sessão conjunta para analisar vetos presidenciais a projetos de lei. Um dos principais itens é o que reajusta os salários do Poder Judiciário em até 78,56% (PL 7920/14). A sessão entrou pela madrugada. Até 01h desta quarta-feira (23), o resultado não havia sido anunciado.
Deputados do PSDB defenderam a reivindicação dos servidores pelo reajuste. Segundo Domingos Sávio (MG), o projeto encaminhado pelo Judiciário foi resultado de anos de estudos. Os servidores foram pacientes e dialogaram com o governo, que deu falsas promessas. “A inflação comeu o salário de alguém que lutou para passar em um concurso e se dedica a uma carreira pública que impõe sacrifícios”, explicou o tucano.
Sávio destaca que o governo da presidente Dilma esperou o calor das eleições passar para anunciar o veto ao reajuste. Para ele, não são os funcionários os culpados pela falência do Estado. Eles lutam por reposição salarial, não por privilégios, alega o parlamentar. “O que quebra o país é a roubalheira, é o toma-lá-dá-cá de ministérios, os juros levados à estratosfera por um governo sem comando. Não podemos transferir a conta aos trabalhadores”, acrescentou.
Os tucanos ressaltaram ainda a demora do Congresso em analisar os vetos presidenciais. A espera se arrastava desde março. “Esta Casa deixou de cumprir sua função constitucional por meses”, lamentou Sávio. O deputado Vanderlei Macris (SP) afirmou que o governo federal apelou para a negociação de ministérios e entendimentos políticos antes da sessão do Congresso. Desde o início do mês, o Planalto tem manobrado para impedir as votações.
“Nesse arranjo foi embutida a incompetência do governo e quem paga o pato é a sociedade”, criticou Macris. Ele lembra que a incompetência de Dilma sobrou para a população com o aumento de impostos, como a retomada da CPMF. “É uma medida medíocre de uma presidente que não tem propostas. É mais um caminho para demonstrar a incapacidade de gestão do governo”, frisou.
O deputado Caio Narcio (MG) criticou a ausência de parlamentares no plenário, o que significaria o voto contrário à derrubada do veto. “Queremos que o governo enxergue essas pessoas que estão vendo a carreira ser debilitada. Não é um favor, é um direito”, cobrou. O deputado Daniel Coelho (PE) reprovou as manobras políticas realizadas para direcionar a votação. “Sai mais caro para o país dar um reajuste ou negociar o Ministério da Saúde?”, questionou.
A esperança de muitos segmentos da economia brasileira, de trabalhadores e funcionários públicos está no parlamento, destacou Luiz Carlos Hauly (PR). Quando o governo falha, o povo recorre ao Congresso. “Quando se tem um bom governo, o país prospera, a inflação é baixa. Mas com um governo ruim, começam os problemas. Ninguém suporta mais”, concluiu.
A deputada Mara Gabrilli (SP) reprovou o veto presidencial ao projeto que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoal com Deificência. Segundo ela, Dilma falhou com os acordos para manter dispositivos que garantem às pessoas com deficiência acesso à educação. “É uma ‘pátria educadora’ que não existe. Quer dizer que pessoas idosas e cadeirantes não têm o direito de sair na rua?”, lamentou.
(Reportagem: Elisa Tecles/ Foto: Alexssandro Loyola)
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