Falta pegar "os cabeças"
Ex-gerente da Petrobras depõe em CPI e aproxima Lula e Gabrielli de irregularidades na empresa
Mais uma vez o nome do ex-presidente Lula é associado ao escândalo que atinge a Petrobras. Durante depoimento na CPI que investiga irregularidades na estatal, Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente da área de Abastecimento da empresa, deu a entender que tanto ele quanto o ex-presidente da empresa Sergio Gabrielli tinham conhecimento dos desvios de recursos para pagamento de propina.
O vice-presidente da CPI, deputado Antonio Imbassahy (BA), alertou para os prejuízos causados ao país e aos brasileiros devido às irregularidades que colocaram a maior estatal no país em destaque no noticiário político-policial. O tucano cita a Refinaria Abreu e Lima (Renest) como exemplo da “trambicagem” ocorrida na Petrobras. Segundo ele, a comissão de inquérito vai continuar as investigações “doa a quem doer”, até chegar a todos os responsáveis pelos desvios.
Venina confirmou que Gabrielli sabia das irregularidades cometidas na construção da refinaria, em Pernambuco. “Ela comprova que uma refinaria que poderia ter custado US$ 20 mil por barril processado – que já é elevado para o mercado internacional –saiu por um preço final de US$ 87 mil por barril. Um prejuízo que jamais será pago, pois já está realizado e a população brasileira está pagando a conta com tributos, impostos e elevação do preço dos combustíveis. É realmente um crime que se cometeu dentro da Petrobras”, apontou Imbassahy.
De acordo com o tucano, o depoimento de Venina reforçou que o plano de negócios feito na gestão de Gabrielli, sob o comando do ex-presidente Lula, era absolutamente irreal. Conforme destacou, a estatal não tinha capacidade de realizar os projetos, que eram “fruto de megalomania”. O parlamentar afirmou que os compromissos da estatal passaram a ser vinculados ao calendário eleitoral.
“Por isso fica na compreensão de quem assistiu ao depoimento que a responsabilidade de Gabrielli e o conhecimento por parte de Lula é absolutamente claro. Não seria possível fazerem o que foi feito sem que essas duas personalidades estivessem tomando as decisões”, apontou o deputado.
Durante indagações que fez à ex-gerente, o deputado Delegado Waldir (GO) fez uma alerta. Segundo ele, os principais mentores do esquema ainda estão impunes. “Muitos já foram pegos, alguns braços dessa organização estão na cadeia. Mas eu vejo que o cabeça ainda não”, disse.
Questionada pelo deputado Bruno Covas (SP) sobre episódio envolvendo o nome de Lula, relatado por ela à Justiça Federal, Venina confirmou que após denuncia feita por ela sobre irregularidades no setor de comunicação da estatal, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa “apontou para o retrato do presidente Lula e perguntou se eu queria derrubar todo mundo”.
A denúncia feita pela ex-gerente sobre serviços de comunicação está entre as que ela afirma ter relatado à direção da Petrobras. Ela informou que a Petrobras pagou por serviços não feitos. O orçamento inicial da área de comunicação era de R$ 39 milhões, mas foram pagos R$ 133 milhões.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola)
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