CPI dos Fundos de Pensão
Deputados destacam governança diferenciada na Previ, mas alertam para prejuízos
A CPI dos Fundos de Pensão ouviu nesta quinta-feira (3) o presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), Gueitiro Matsuo Genso. Após o depoimento, deputados do PSDB avaliaram que o Previ é o único entre os grandes fundos (Previ, Postalis, Funcef e Petros) que possui certa governança e que menos danos vem causando a seus associados. Apesar disso, os tucanos ressaltaram que os prejuízos são evidentes em todos eles, fruto de um aparelhamento político que deu margem à corrupção nas instituições.
“Não há dúvida de que a Previ tem a melhor governança e as melhores práticas entre os quatro. Salta aos olhos uma diferença grande entre a sua gestão e a dos outros fundos, sobretudo do Postalis”, observou o deputado Marcus Pestana (MG).
“Embora muitos achem que o Previ é um modelo, na verdade foi o que menos prejuízos causou. Todos têm indícios claros de aparelhamento e de canalização de recursos para interesses do governo e de empresas envolvidas em esquemas de corrupção, como o desvendado pela Operação Lava Jato”, ponderou o deputado Rocha (AC).
Apesar de Genso ter garantido que a Previ não fechou o último ano com prejuízos, Rocha destacou que o fundo teve déficit de R$ 12 bilhões, coberto pelo fundo de reservas da instituição. Isso garantiu superávit, como confirmou o próprio presidente. “Certamente que tem muitos exemplos a ser seguidos, tem seus méritos, mas precisa de um modelo ainda mais eficiente”, avaliou Rocha, para quem a CPI terá que investigar a fundo essa questão.
O deputado Samuel Moreira (SP), 2º vice-presidente da CPI, concorda que a Previ tenha se mostrado um fundo mais conservador. O tucano cita como exemplo o investimento feito na empresa Sete Brasil, de R$ 180 milhões. Ao mesmo tempo, a Funcef (fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal) aplicou na mesma empresa R$ 1,7 bilhão, quase dez vezes mais.
O aparelhamento evidente dos demais fundos os levaram a investimentos como esse que só geraram prejuízos e consequentes perdas para os associados. A Sete Brasil foi criada com o aval da Petrobras para explorar negócios em torno do pré-sal. Citada na Operação Lava Jato, a empresa hoje tenta se livrar da falência.
“Foram realmente mais cautelosos, mas, de qualquer forma, a Previ investiu e com isso teve prejuízo, pois a Sete Brasil está destruída”, alertou Moreira. O presidente do fundo afirmou que a Previ pretende recuperar os R$ 180 milhões investidos na empresa.
Na avaliação do deputado, a reunião foi importante e contribuiu para os trabalhos da CPI. “Acredito que vamos obter um bom resultado do ponto de vista das investigações e das punições, e também no sentido de propor mudança nas regras de administração desses fundos”, garantiu Moreira.
Antes do depoimento de Genso, a CPI aprovou uma série de requerimentos. Entre eles, a convocação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, do ex-vice-presidente da Engevix Gerson Almada e do lobista Milton Pascowitsch.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Zeca Ribeiro – Câmara dos Deputados)
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