Primeiros passos

Samuel Moreira faz balanço positivo da primeira série de oitivas na CPI dos Fundos de Pensão

O 2º vice-presidente da CPI dos Fundos de Pensão, deputado Samuel Moreira (SP), avaliou como positiva a primeira rodada de depoimentos realizada, nesta quinta-feira (20), pelo colegiado. Segundo ele, as quatro oitivas evidenciaram que os fundos participaram de investimentos bastante duvidosos do ponto de vista da rentabilidade.

“Foram depoimentos positivos do ponto de vista de melhorar as investigações. Já percebemos que os fundos participaram de investimentos bem duvidosos do ponto de vista da rentabilidade. Alguns classificados pelos próprios participantes que se pronunciaram na CPI como investimentos resultantes de decisões ruins e que causaram rombos bilionários”, resumiu o tucano.

Convidada por meio de requerimento do deputado Marcus Pestana (MG), a presidente da Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão (Anapar), Cláudia Ricaldoni, alertou para a necessidade de se equilibrar as aplicações da previdência complementar entre aplicações mais conservadoras e mais arriscadas. Ele exemplificou que o Postalis expôs seus participantes a riscos desnecessários.

Em 2010, o fundo tinha 0,7% de seu patrimônio em títulos públicos, mas a maior parte dos investimentos estava em CDBs de bancos, como o Topázio. Pestana citou investimentos feitos pelo Postalis em títulos de bancos liquidados, como Cruzeiro do Sul e BVA, e investimentos atrelados à dívida de países com problemas, incluindo Argentina e Venezuela.

O resultado dessas operações foi o déficit enfrentado pelos fundos. “Em 2014, o Funcef teve prejuízo de R$ 6,2 bilhões e o Postalis chegou a algo próximo a R$ 6 bilhões também”, destacou Samuel Moreira, ao lembrar investimentos dos fundos de pensão na Sete Brasil, empresa constituída para construir sondas de perfuração para a Petrobras e envolvida em irregularidades apontadas pela Operação Lava Jato.   

Moreira afirmou ainda que as informações prestadas pelos depoentes foram importantes para dar início aos trabalhos das CPI e destacou as sugestões feitas no sentido de a ampliar a transparência e melhorar a gestão dos fundos, que segundo ele, são verdadeiras caixas-pretas. 

“Já temos inúmeras notícias de má gestão, malversação e, com a reunião de hoje, o campo se amplia. Nossa expectativa agora é ouvir os presidentes dos quatro fundos na próxima terça-feira”, declarou. 

Na audiência desta quinta-feira foram ouvidos ainda o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferrerira; o diretor do Fundo de Pensão dos Funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef), Antonio Miranda e Souza, e o presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap), Luiz Alberto Barreto. Na avaliação dos parlamentares tucanos que participaram das oitivas, o depoimento de Barreto evidenciou a corrupção no Postalis.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola)