Em crise
Para tucanos, governo reagiu às manifestações com discrição porque não tem o que dizer
Deputados do PSDB avaliaram, nesta segunda-feira (17), que o governo Dilma não tem respostas a dar aos milhares de brasileiros que foram às ruas protestar contra a presidente e os desmandos de sua gestão. Apesar da grande quantidade de pessoas que adeririam aos protestos, Dilma não se manifestou oficialmente sobre as reivindicações. Representando o governo, apenas o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, fez breves comentários e admitiu o peso dos movimentos de rua.
O deputado Samuel Moreira (SP) considerou que o quase silêncio do governo e a total ausência de uma manifestação direta da presidente em relação aos atos está associada à falta de medidas que possam fazer frente às reivindicações. “Nós lamentamos profundamente a falta de liderança da presidente. Ela precisa, em respeito aos manifestantes, falar claramente qual a resposta vai dar à sociedade”, cobrou. “O que a gente sente no governo é que eles não tem uma agenda”, afirmou.
O parlamentar acredita que a única agenda do governo Dilma atualmente é tentar desviar da crise. Enquanto isso, os problemas se avolumam, sobretudo na economia, e os brasileiros sentem na pele os seus efeitos. “O país está com dificuldade. As pessoas não conseguem mais ter acesso a crédito, não conseguem consumir e com isso há menos arrecadação para as prefeituras e para o governo federal. É menos obra, menos investimento do setor privado e menos emprego para as pessoas”, apontou. “É isso que estamos cobrando da presidente. Mas percebemos que ela se esconde ao invés de falar”, alertou.
DEVERIA PEDIR DESCULPAS
O deputado Izalci (DF) reforçou a mesma defesa feita pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de que Dilma deve um pedido de desculpa à nação. “O que eles do governo precisavam fazer não fizeram, que era pedir desculpas pelo excesso de mentiras contadas e pelo que deixaram de fazer pela população. Agora eles tentam minimizar a participação popular”, criticou o tucano.
Em nota, o presidente do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, afirma que a presidente Dilma precisa pedir se desculpar ao Brasil por ter apresentado uma realidade econômica “inexistente” no período de campanha eleitoral. De acordo com Izalci, a população foi para a rua porque está inconformada e merece uma reposta. “Mas na prática eles não têm como dar essa resposta”, lamentou. Segundo ele, ficou ainda mais patente o desejo popular pelo afastamento da presidente e a indignação também com o presidente Lula.
O ex-presidente, o PT e a presidente Dilma foram os principais alvos dos manifestantes. Os petistas, porém, tentaram minimizar os movimentos. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), avaliou que os protestos registrados em todo Brasil não abrangeram pautas de interesse da população. Para o líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (PT-AC), “houve um arrefecimento muito forte” das manifestações. “Na verdade, eles não dão repercussão porque querem encerrar o assunto. Quanto mais mexerem nisso, mais vai ficar pior”, concluiu Izalci.
Para o deputado Vanderlei Macris (SP), o recado foi dado mais uma vez nas ruas das capitais e diversas cidades em todo o país, mas o governo insiste em menosprezar a voz do povo.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Gerdan Wesley/ Áudio: Hélio Ricardo)
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