No alvo da PF


Ministério Público encaminha pedido de investigação contra Lula à Operação Lava Jato

A Força Tarefa da Operação Lava Jato receberá pedido de investigação contra o ex-presidente Lula. O comunicado foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em ofício encaminhado ao deputado Rocha (AC). O parlamentar representou no Ministério Público contra o petista, em abril, com base em revelações feitas pela revista “Veja” e supostamente atribuídas a Léo Pinheiro, ex-presidente da empresa OAS e amigo de longa data de Lula.  As informações, de acordo com o tucano, podem configurar o crime de corrupção passiva.

Pinheiro é um dos empresários da construção civil presos no âmbito da Lava Jato. A reportagem de Veja mostra que o empreiteiro mantinha uma relação nebulosa com Lula e diz que ele poderia colocar o ex-presidente no centro do escândalo do petrolão.

O pedido de investigação feito por Rocha foi dirigido ao Ministério Público do Estado de São Paulo e encaminhado à Procuradoria Geral da República (PGR). Em resposta, Rodrigo Janot observa que, apesar das denúncias de supostas condutas ilícitas, “não é possível extrair informações iniciais que revelem a atribuição do procurador-geral da República”. Entretanto, Janot determinou o envio das informações para a Força Tarefa da Operação Lava Jato e ressalvou que se encontrado “elemento objetivo que indique envolvimento de detentor de prerrogativa de foro seja imediatamente encaminhado à  PGR para apreciação”.

De acordo com a reportagem, Pinheiro tinha acesso irrestrito aos palácios do Planalto e da Alvorada durante os mandatos de Lula e “se orgulhava de jamais dizer não” aos pedidos do petista. A denúncia destaca a reforma feita em um confortável sítio no interior de São Paulo onde o ex-presidente costuma passar os fins de semana desde sua saída do governo. “Em 2010, meses antes de terminar o mandato, Lula fez um daqueles pedidos a que Pinheiro tinha prazer em atender. Encomendou ao amigo da construtora uma reforma no sítio”, diz “Veja”, ao lembrar que esse pedido está registrado “cuidadosamente” nas memórias do cárcere que Pinheiro escreve.

As obras foram feitas “de forma estranhamente rápida” e “com um padrão de riqueza e ostentação acima dos padrões da área”, como aponta trecho da representação. O pagamento aos empregados também ocorreu fora dos valores convencionais – e tudo em dinheiro vivo, segundo relato dos funcionários.

Outros elementos também mostram a estranha ligação entre Lula e a OAS, como a construção da Arena Corinthians, clube de coração do ex-presidente, e a conclusão de um edifício residencial no Guarujá onde o petista tem um tríplex. A empreiteira tocou a obra após a quebra da Bancoop, que deixou outros cooperados sem seus apartamentos.

Ainda de acordo com revelações feitas por Pinheiro da cadeia, a OAS teve papel fundamental no episódio envolvendo Rosemary Noronha, prestando mais um favor a Lula. A ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo estaria ameaçando revelar “esquemas” que poderiam constranger o ex-presidente. Resultado: rapidamente o marido dela conseguiu um emprego.

Ao representar contra Lula, Rocha destacou que as denúncias se revestiam de alta gravidade, seja pelo papel ocupado pelo representado, seja pelo poder econômico experimentado pela OAS dentro do escopo empresarial brasileiro.

De acordo com o tucano, se as informações da “Veja” se confirmarem, o ex-presidente feriu, de forma clara, os princípios republicanos que devem cercar o comportamento de um ex-presidente da República e chefe do partido que governa o país. Na representação, Rocha pede a devida investigação criminal e, caso sejam confirmados os fatos, que seja promovida a ação penal pública contra o ex-presidente e quem mais estiver envolvido.

(Da Redação/ Foto: Alexssandro Loyola)

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6 agosto, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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