Mau exemplo


Cancelamento de refinarias da Petrobras mostra incompetência e descaso com dinheiro público, diz Betinho

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“Ficou muito clara na audiência pública que o governo não foi cuidadoso, nem fez os estudos necessários e tomou decisões erradas”, avaliou tucano.

O cancelamento da construção das refinarias Premium I, no Maranhão, e Premium II, no Ceará, evidencia a incompetência, a irresponsabilidade e o descaso do dinheiro público que marcam o governo do PT. A avaliação é do deputado Betinho Gomes (PE), integrante da comissão externa instalada na Câmara para esclarecer a decisão da Petrobras de interromper os empreendimentos.

Nessa quarta-feira (15), o tucano participou de audiência pública do colegiado com a participação de dois representantes da estatal, incluindo o gerente de Programas de Investimentos, Paulo Turazzi. A alegação central apresentada pela empresa foi a de que o cancelamento ocorreu porque a estatal não viu mais atrativos econômicos com a implantação dos dois empreendimentos.

Betinho não se convenceu. “Ficou muito claro na audiência pública que o governo não foi cuidadoso, nem fez os estudos necessários e tomou decisões erradas, sem levar em conta os aspectos comercial e técnico. A gestão do PT tentou fazer política pra conseguir popularidade fácil no Nordeste”, avaliou o tucano. Para ele, ficou um sentimento de frustração e a necessidade de esclarecer o que de fato aconteceu para que a sociedade tenha as respostas esperadas. 

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O ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli foi convidado para a audiência, mas não compareceu. Para o tucano, isso “revela falta de vontade de justificar as decisões tomadas pelo governo e por ele e compromisso zero com a transparência”. Betinho é autor de requerimento de informação enviado ao governo no qual cobrava várias informações sobre o cancelamento das refinarias. As respostas chegaram, mas parte com carimbo de sigilo. Por isso, não podem ser divulgadas.

As construções da Premium I e da Premium II foram anunciadas durante o governo Lula, em 2009 e 2010, com muita propaganda e com a expectativa de agregar mais 900 mil barris/dia de derivados à matriz de refino do país. Em janeiro deste ano, a Petrobras anunciou o encerramento das obras. Segundo o balanço da estatal, houve perda de R$ 2,7 bilhões com o cancelamento. Na semana passada a comissão externa protocolou pedido para que o Ministério Público Federal investigue os motivos da interrupção.

Abreu e Lima – A construção de outras refinarias pela Petrobras também é marcada por problemas. É o caso de Abreu e Lima, em Pernambuco. Paulo Roberto Costa, ex-gerente de Abastecimento da estatal, chegou a declarar que o planejamento financeiro para esta obra foi feita com base em uma “conta de padeiro”. O fato é que o orçamento explodiu e pode superar os US$ 20 bilhões.  O tucano lembra que a obra – paralisada no momento – é alvo da Operação Lava Jato em virtude das graves denúncias de corrupção e de desvio de dinheiro público.

Para ele, o anúncio da refinaria em Pernambuco trouxe uma expectativa muito grande de desenvolvimento local, mas o cenário atual é bem diferente do desejado. “O momento é bem diferente da expectativa gerada: nada mais que 50 mil empregos foram desfeitos e a população começa a vivenciar dificuldades. A renda caiu, o desemprego aumentou, assim como a violência e problemas sociais”, alertou.

Como lembra Betinho, faltam apenas 9% para a refinaria ficar pronta e há uma promessa de retomada. Apesar disso, avalia que é preciso passar tudo a limpo. “Precisamos aprofundar as investigações para saber o que aconteceu em relação ao uso de recursos públicos. A Lava Jato desnudou muita coisa e esperamos que a investigação avance para que todos saibam como se deu a construção”, finalizou. 

(Reportagem: Marcos Côrtes/Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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16 julho, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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