Sessão solene
Tucanos relembram sucesso do Plano Real e alertam: governo do PT coloca conquistas em risco
A pedido do deputado Luiz Carlos Hauly (PR), a Câmara promoveu, nesta terça-feira (14), sessão solene para homenagear o 21º aniversário do Plano Real. Parlamentares dos PSDB prestigiaram a cerimônia e relembraram o êxito da reforma econômica adotada em 1994, que proporcionou ao país conquistas como o controle a inflação e a estabilidade da moeda. No entanto, alertaram para o péssimo momento econômico vivido pelo país, como a volta da inflação, e para os riscos à estabilidade.
Nos discursos, foi muita lembrada a atuação do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e dos economistas que elaboraram a iniciativa de sucesso durante o governo Itamar Franco, como Pérsio Arida, André Lara Resenda e Edmar Bacha, entre outros. Na época, petistas faziam oposição raivosa à iniciativa, em mais uma atuação contrária aos interesses nacionais.
Em seu discurso, Hauly fez um balanço histórico do momento anterior ao Plano Real. Segundo o tucano, estava instalada a hiperinflação, que chegou a 2.477,15%, em 1993. “Para termos conhecimento da anomalia que era a inflação no país, no período entre 1974 e 1994 chegou à estratosférica porcentagem de 145 trilhões. Enquanto que, da vigência do Plano Real até hoje, atingimos 373%”, comparou.
De acordo com o congressista, à época, o Brasil se tornou refém do círculo vicioso dos déficits crônicos associados ao descontrole de preços, refém do descrédito da moeda e com a carestia tomando conta do país. Mas essa realidade mudou completamente após o Real. “A inflação, que tinha sido de 47,43% em junho de 1994, caiu para a casa dos 6% em julho, quando a nova moeda entrou em vigor”, recordou.
Assim como outros parlamentares, alertou que a gestão petista está colocando em risco todas as conquistas do plano, o primeiro a não utilizar o congelamento de preços ou de salários. “Uma sucessão de erros e atos irresponsáveis do governo fez com que o país voltasse a experimentar índices indesejáveis de inflação e de desequilíbrio fiscal. E a situação tende a se agravar, caso não recoloquemos o Brasil rapidamente nos trilhos do desenvolvimento”, disse o tucano, que defendeu a adoção de um Plano Real II.
Em nome da Liderança do PSDB, o deputado Fábio Sousa (GO) disse que o Plano Real constituiu na adoção de medidas combinadas buscando a estabilização da moeda e a retomada do crescimento econômico, passando pela desindexação da economia e o equilíbrio fiscal. “A implantação do Plano Real redundou na plena recuperação da economia brasileira, que sucumbia a uma inflação sem controle e, portanto, a uma imprevisibilidade sem limites”, recordou.
De acordo com o parlamentar, infelizmente, após 21 anos de implantação, o país assiste ao retrocesso e o alojamento de nova crise econômica, a despeito da longevidade e da incontestável eficiência do Plano Real. “Recuamos, passo a passo, para a volta da inflação, para a estagnação da economia, para o crescimento do nível de desemprego. Os ajustes propostos pelo atual governo, passando sobre os ombros dos trabalhadores, não contam com o respaldo da população”, ressaltou o tucano, lembrando também da corrupção instalada pelo PT.B
Brasileiros voltaram a planejar seu orçamento, lembram tucanos
Para o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP), o Plano Real beneficiou principalmente os mais pobres, que até então tinham todo seu salário devorado pela inflação. Enquanto isso, conforme destacou, os mais ricos lucravam com a situação. Segundo o tucano, para combater a inflação não basta desejar, é preciso ter vontade e competência, o que o governo atual não tem. “O que vemos hoje é o grande risco de colocar a perder o plano que foi dos pobres”. E fez o alerta: “O que estamos assistindo é a incompetência jogando o país no lixo”.
Também presente, Mariana Carvalho (RO) lembrou que tinha sete anos quando o Real foi implantado. Ela comemorou o fato de conseguir viver as mudanças introduzidas pela iniciativa. De acordo com a parlamentar, a nova moeda deu às famílias a chance de fazer um planejamento, sem que se preocupassem com a inflação antes descontrolada. “Infelizmente, no nosso dia a dia, outros governantes não conseguiram fazer o que fez o Plano Real: trazer a estabilidade econômica”, ressaltou.
Segundo o deputado Nilson Leitão (MT), o Brasil, antes do Real, era inseguro e sem perspectiva de futuro. Conforme destacou, trabalhadores e investidores não tinham segurança nenhuma num país cuja moeda era muito fraca. “Vários planos foram tentados antes do Real e todos sucumbiram. Essa iniciativa veio à tona num momento novo, a partir do trabalho de equipe comprometida e com a seriedade”, recordou.
O congressista saudou FHC e lembrou que esse foi o maior programa de transferência de renda da história do Brasil contemporâneo. “O Plano Real foi o plano da oportunidade aos brasileiros que puderam melhorar sua vida e fazer um Brasil melhor”. No entanto, ponderou: “É um pena que hoje os governos Lula e Dilma abusaram de uma moeda forte que está cada vez mais desgastada e trazendo para o país este passado monstruoso que queremos voltar a viver”.
Em sua intervenção, Izalci (DF) afirmou que o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal mudaram a história do país. No entanto, avaliou que nos últimos 13 anos o PT causou grande destruição: colheu os frutos e não plantou e nem cultivou. “Nós esperávamos que, depois da estabilidade econômica, os governos subsequentes pudessem evoluir um pouco mais em termos de qualidade, de transparência. Mas aconteceu exatamente o contrário”, lamentou.
Assim como Mariana, Célio Silveira (GO) ressaltou um aspecto proporcionado pelo plano que provoca saudades nos brasileiros: a possibilidade de fazer um planejamento familiar. “Hoje infelizmente o governo do PT não está dando condição nenhuma à população de planejar nada. O nosso país está em situação muito difícil, principalmente para os mais pobres”, lamentou. Para o tucano, a gestão petista deveria chamar os autores do Real para ajudá-la a dar melhores perspectivas de futuro a
os brasileiros.
Segundo João Gualberto (BA), a comemoração é muito importante para o Brasil. Industrial na época, o tucano lembrou o fracasso de planos anteriores que classificou como “populistas” a exemplo do Cruzado, adotado em 1986. Os comerciantes eram vistos como vilões em virtude do remarcamento constante de preços. Conforme destacou, o Real deu certo e permitiu ao governo FHC arrumar a economia. Já os governos petistas, segundo ele, têm como marcas ações para manter o projeto de poder e escândalos como o petrolão e mensalão.
João Campos (GO), por sua vez, afirmou que o Real foi um marco na história brasileira e representou um novo momento para a população. Conforme lembrou, Itamar Franco e o então ministro da Fazenda, FHC, dialogaram com vários setores e construíram um ambiente para que o país construísse novos fundamentos para sua economia, proporcionando um novo patamar de dignidade para os brasileiros e possibilidade de planejamento para a população. Para ele, a solidez do Real permitiu que a estabilidade ainda não tenha “ido para o brejo” diante dos governos populistas do PT.
Um grande economista lembrou que a hiperinflação transformava o orçamento familiar em uma peça de humor negro e o orçamento público, em uma peça de ficção cientifica, recordou Marcus Pestana (MG). “A inflação inibe qualquer tipo de investimento sustentável, qualquer perspectiva de previsibilidade e visão de longo prazo, e impede qualquer tipo de distribuição de renda”, alertou. Segundo ele, as conquistas do desenvolvimento e da distribuição de renda obtidas nos últimos anos só foram possíveis graças ao Real. “Que não percamos o rumo. Não podemos jogar fora a semente plantada em 1994 por Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso”, avisou.
Vitor Lippi (SP) aproveitou a oportunidade para ressaltar conquistas do governo Geraldo Alckmin em São Paulo, como a nota máxima em transparência pública, segundo a CGU, o 1º lugar em aplicação dos recursos na Educação – 31% da arrecadação destinada ao setor e a eficiência na gestão das águas. O tucano também denunciou o déficit de R$ 100 milhões mensais de União com SP para custeio de ações na Saúde. “Precisamos de uma medida enérgica para exigir do governo federal sua responsabilidade no controle da inflação e que os repasses relativos ao SUS ocorram da forma mais rápida possível”, cobrou.
Na opinião do deputado Valdir Rossoni (PR), o momento de crise que o Brasil atravessa é mais do que oportuno para ressaltar a data. “Principalmente porque, não fosse o plano, o país já teria desaparecido sob a administração do PT”, afirmou. Ele lembrou que o Real trouxe estabilidade da moeda, manteve a inflação baixa, a economia sob controle e o país em crescimento no governo de Fernando Henrique Cardoso. “Esta foi a herança deixada aos brasileiros e estraçalhada nas mãos dos petistas”, lamentou. Segundo Rossoni, agora que o Real chegou à maioridade em meio à turbulência, nada melhor do que um irmão mais novo para dar apoio e sustentação. “A sugestão do deputado Luiz Carlos Hauly merece apoio: ‘Vamos ao Real II’”, clamou.
Ao longo da sessão, vários deputados também elogiaram a iniciativa do deputado Luiz Carlos Hauly de comemorar o aniversário do Real. Enquanto vários tucanos se revezaram na tribuna, parlamentares do Partido dos Trabalhadores se ausentaram da sessão, até porque o partido foi o principal adversário de uma iniciativa que trouxe tantas conquistas ao país. “O PT tem uma avaliação de que esse plano econômico é um estelionato eleitoral”, afirmou Lula na época.
(Reportagem: Thábata Manhiça e Marcos Côrtes/Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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