Sem muita novidade
Depoimento de viúva de Janene pouco acrescenta à CPI da Petrobras, avalia Imbassahy
O presidente em exercício da CPI da Petrobras, deputado Antonio Imbassahy (BA), considerou fraco o depoimento de Stael Fernanda Janene, viúva do ex-deputado José Janene. Ela esteve nesta terça-feira (14) no colegiado. Para o tucano, a oitiva com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, marcada para a tarde desta quarta-feira (15), deverá ser mais produtivo.
“O de hoje não acrescentou tanto. Mas fico a me perguntar como uma senhora que foi casada tanto tempo, teve três filhos, não sabia de nada do que se passava na vida financeira do marido, sendo que há tantos fatos graves comprovados contra ele”, disse Imbassahy após a oitiva.
Durante o depoimento, ela falou da relação de amizade entre o ex-marido e o doleiro Alberto Youssef, que é padrinho de um de seus filhos, mas negou ter tido conhecimento de negócios escusos antes da morte de Janene. Também negou saber das contas do ex-deputado do PP no exterior e admitiu que pode ter assinado documentos para o então marido sem ler.
Stael negou conhecer personagens centrais do escândalo do petrolão, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, antes do falecimento de Janene. A depoente alegou ser alheia aos negócios do marido pelo fato de ele ser “machista e muçulmano”, o que dava a ela poucos direitos nesse sentido.
Apesar de reconhecer que, diante das evidências, o ex-marido teve participação no esquema de corrupção na Petrobras, Stael Fernanda afirmou, porém, que não acredita e nem aceita que tentem imputar a Janene a figura de grande mentor do esquema. Segundo ela, essas acusações foram feitas porque ele já está morto e não tem como se defender.
“Ele nunca comentou de ter indicado ninguém para o governo. Nunca vi José Dirceu pessoalmente e nenhuma dessas pessoas citadas nunca frequentaram minha casa. É por isso que eu não consigo acreditar que ele era o cara que mandava em tudo, o cabeça”, disse em resposta ao deputado Izalci (DF).
Para Imbassahy, a colocação de Stael faz sentido. “Evidentemente que uma operação dessa magnitude não pode ser comandada só por uma pessoa. É algo muito mais grave, envolve uma série de pessoas, ex-diretores, o poder político, empresas. É muito mais amplo. Pela dimensão da falcatrua, é claro que nisso ela tem razão”, ponderou.
Próximos passos – Segundo Imbassahy, a CPI ainda terá dois importantes momentos antes do recesso parlamentar. O primeiro é nesta quarta-feira (15) com a oitiva do ministro da Justiça e o segundo na quinta-feira (16), com os depoimentos de Luis Inácio Adams, advogado-geral da União, e Waldir Moyses Simão, ministro da Controladoria-Geral da União.
“Tivemos certo avanço até aqui, mas ficamos frustrados porque não houve acareações. Mas há grande expectativa com o depoimento de amanhã, por exemplo. Trata-se do ministro da Justiça, que muito será indagado e esperamos que responda aos nossos questionamentos, apesar de sabermos que não será uma tarefa fácil”, alertou.
Ontem, o deputado Izalci já havia alertado que Cardozo terá que dar explicações sobre situações como a escuta telefônica na cela de Youssef, em Curitiba, e o encontro reservado entre ele, a presidente Dilma e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, em Portugal. Nesta terça-feira foi a vez de Imbassahy lembrar outro episódio: o encontro não oficial entre Cardozo e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, às vésperas da apresentação, pelo PGR, da denúncia ao Supremo contra políticos no âmbito da Operação Lava Jato, em fevereiro.
(Reportagem: Djan Moreno/ foto: Alexssandro Loyola)
Deixe uma resposta