Rejeição generalizada


Tucanos contestam avaliação simplista de Dilma sobre rejeição recorde ao governo dela

Pedro - Daniel

Para vice-líderes da bancada tucana, crise econômica está longe de ser único motivo da péssima imagem da presidente perante os brasileiros.

Dias após a pesquisa CNI/Ibope ter revelado que apenas 9% dos entrevistados consideram o governo petista ótimo ou bom, na última semana a presidente Dilma atribuiu seu fracasso exclusivamente à “situação econômica adversa” que o Brasil vive. Nesta segunda-feira (13), vice-líderes do PSDB na Câmara contestaram a simplória avaliação feita por ela na Rússia e afirmaram que a rejeição recorde é fruto também de outros fatores, como o flagrante estelionato eleitoral em curso e o escândalo que envolve a Petrobras.

Segundo o deputado Pedro Cunha Lima (PB), a falta de transparência e a deliberada enganação por parte de Dilma não são mais admitidas pelos brasileiros. “Acreditar que o problema é tão somente econômico é não ter a capacidade de enxergar as coisas e interpretar esse momento que estamos vivendo”, resumiu o jovem parlamentar tucano. 

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“Não bastasse esconder a verdade e simular um cenário que não existe, ao invés de tomar medidas que seriam adequadas para o momento em que nós vivemos – cortando ministérios, reduzindo o número de comissionados, cortando os gastos com publicidade – a presidente tira do trabalhador, tira do lado mais fraco”, reprovou. Na avaliação do parlamentar, a melhor saída para enfrentar de maneira menos sofrida o período de dificuldades, seria, num ato de grandeza, a renúncia da presidente.

Os dados trazidos á tona pelo Ibope refletem o pior índice de aprovação de um governo desde a redemocratização. A popularidade de Dilma é mais baixa até do que a dos ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor. De acordo com o deputado Daniel Coelho (PE), isso é consequência de uma crise política e de credibilidade, e não meramente econômica.  

“A presidente mentiu na eleição e isso foi escancarado para o país”, apontou. Segundo o parlamentar, a petista se comprometeu com a “completa falta de compromisso com a questão ética e moral”. Para Daniel,  a corrupção tomou conta do país. “Tudo isso junto faz com que a popularidade da presidente despenque”, resumiu. 

Conforma destaca o tucano, a justificativa de que uma crise internacional está afetando o seu governo é inaceitável. “Ela não existe. Quem está em crise é o Brasil”, rebateu. Segundo Daniel, o que realmente está afetando o governo são as mentiras sucessivas, o aumento dos combustíveis e da energia elétrica, a modificação dos direitos trabalhistas e o aumento de impostos.

“Tudo isso faz parte da receita da impopularidade deste governo, ainda mais quando a candidata Dilma negava que existia uma crise”, relembrou. É gigante a diferença entre a realidade vendida pelo PT na campanha e o que os brasileiros vêm amargando nos últimos meses. Apenas no campo econômico citado pela presidente, o país amarga a combinação de inflação e juros nas alturas, milhares de postos de trabalho fechados na indústria e no comércio, endividamento das famílias, restrição ao crédito e grande desconfiança dos investidores no governo. 

Ao longo do semestre, o PSDB denunciou o estelionato eleitoral por mais de uma vez, como na votação das MPs que retiram direitos trabalhistas.

Ao longo do semestre, o PSDB denunciou o estelionato eleitoral por mais de uma vez, como na votação das MPs que retiram direitos trabalhistas.

Em seu conjunto, os dados trazidos à tona pelo instituto de pesquisa são um desastre para o Palácio do Planalto. O percentual dos brasileiros que avaliam o governo ruim ou péssimo subiu de 64%, em março, para 68% em junho. A aprovação da maneira de governar de Dilma recuou de 19% para 15%, enquanto o percentual da população que confia na presidente caiu de 24% para 20%. As maiores reduções da popularidade ocorrem nos estratos em que a presidente tende a ser bem avaliada, ou seja, entre as pessoas com renda familiar baixa, no Nordeste, e entre os que possuem menor escolaridade.

O fato é que até o ex-presidente Lula, mentor da carreira política de Dilma Rousseff, reconheceu publicamente o péssimo momento. “Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto. Todos estão numa situação muito ruim”, declarou a religiosos em 18 de junho passado.  

Nota vermelha

9%
dos entrevistados pelo Ibope consideram o governo ótimo ou bom. É o pior índice de aprovação de um governo desde a redemocratização.

90%
desaprovam as políticas de juros e impostos do governo do PT. Essas são as áreas com piores avaliações da população. Todas as demais sete políticas aferidas pelo instituto de pesquisa também não passam no teste popular – é o caso da saúde (86% de rejeição) e educação (74%).

A frase
“Eu me sinto traído. Dilma apontou um rumo durante a campanha e mudou tudo depois que ganhou a eleição.”
Raimundo Nonato Rodrigues, 42 anos, em entrevista  ao jornal “O Globo” publicada no domingo. O vaqueiro mora em um povoado no interior do Maranhão que votou em peso em Dilma e se diz arrependido da sua escolha.

(Reportagem: Thábata Manhiça/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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13 julho, 2015 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Rejeição generalizada”

  1. Como funciona o Chefe de Estado em uma República presidencialista e em uma Monarquia Parlamentar?

    R – O presidente da República, eleito pelo povo, acumula as duas funções: Chefia de Estado e Chefia de Governo.

    Há milênio se reafirma a expressão “O Império é a paz”; isto porque a Monarquia significa, invariavelmente, a instauração da ordem e da construção. A História está aí para comprovar a afirmação.

    Os Chefes de Estado que alcançaram o poder através de eleições partidárias, acabam encerrados num pequeno círculo oligárquico, completamente alheados da nação que os elegeu, mantendo-se voltados para os interesses da legenda que os guindou ao poder. O Monarca, pelo contrário, por não se encontrar filiado a nenhum partido político, ou agremiação sectária, vê apenas os interesses maiores da nação, conclamando-se defensor do povo.

    O Monarca hereditário não precisa subornar, corromper ou conchavar para a consecução do seu intento e, muito menos, preocupar-se, com a sua reeleição ou eleição do seu substituto.

    Já os Chefes de Estado Eleitos, são inquilinos transitórios que passam pela casa, usufruem dela sem se deixar impregnar por sua estrutura; sabem que terão que abandoná-la vencido o contrato. Assim não promovem melhorias, apenas remendando os danos imediatos visando seu próprio interesse.

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