Petrolão em xeque
Tucanos defendem acareações e depoimento de Ricardo Pessoa na CPI da Petrobras
Deputados do PSDB que integram a CPI da Petrobras defenderam, nesta terça-feira (30), as acareações entre delatores e investigados da Operação Lava Jato. Os tucanos voltaram a defender ainda que o colegiado faça oitiva com o dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa. Em delação premiada, o executivo afirmou ter repassado recursos de caixa dois para o PT e a campanha de Dilma Rousseff em 2010, além de ter feito repasses a atuais ministros da petista.
O vice-presidente da CPI, deputado Antonio Imbassahy (BA), anunciou que a primeira acareação, marcada anteriormente para esta terça-feira, ocorrerá em 8 de julho. “Por solicitação do juiz Sergio Moro, haveria conflito de datas, e mudamos a nossa programação”, explicou. Segundo o tucano, a comissão colocará frente a frente os ex-diretores da Petrobras Renato Duque e Pedro Barusco na quarta-feira da semana que vem; e Barusco e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto no dia seguinte.
Para o deputado Izalci (DF), as acareações são fundamentais. O tucano afirma que elas precisam acontecer para o avanço da CPI. Quanto a Ricardo Pessoa, Izalci afirma que a CPI aguarda receber a íntegra da delação do executivo, mas alerta que a oitiva precisa acontecer o mais breve possível. “Já solicitamos ao presidente que busque as informações o quanto antes. Já houve a divulgação até em revista e não faz sentido a CPI não ter conhecimento do teor completo da delação. Precisamos preparar as perguntas”, disse.
O deputado Delegado Waldir (GO) também defendeu o depoimento: “Todos nós, assim como a sociedade brasileira, esperamos o Ricardo Pessoa aqui ansiosamente. Confiamos que ele continuará sua delação e que tem muito a revelar.”
Contradição – Waldir criticou as declarações da presidente Dilma ao fazer referência aos delatores da Operação Lava Jato. Negando irregularidades em sua campanha, a petista afirmou não respeitar delatores e não acreditar em nenhum deles. Em entrevista, comparou a delação com a pressão que sofreu quando foi presa durante a ditadura. “Ela está provando de seu próprio veneno. A delação é um instrumento proposto pelo PT, que agora faz mal a eles próprios. Agora querem constranger delatores?”, rechaçou Waldir.
Segundo Imbassahy, a declaração de Dilma é uma desesperada tentativa de desqualificar a Operação Lava Jato. “Ela não se refere apenas a Ricardo Pessoa, mas a todas as delações, instrumento contido na Lei 12.850, que ela própria sancionou. Uma agressão à inteligência dos brasileiros”, disse o deputado. Izalci também condenou as declarações da petista e lembrou que as colaborações ou delações premiadas se tornaram instrumento legal por projeto de origem do próprio PT.
Oitivas – Os tucanos participaram de oitivas promovidas pelo colegiado nesta terça-feira. Segundo Izalci, os depoimentos deixaram ainda mais claro que o fundo pensão Petros, assim como os demais fundos de pensão, funcionam hoje na base das indicações políticas, seus participantes não têm poder de investimentos e cumprem determinações e investimentos determinados pelo governo.
A conclusão do tucano se deu após ouvir o representante dos engenheiros da estatal, Fernando Siqueira, e o representante dos aposentados da estatal e conselheiro do fundo de pensão Petros, Paulo Teixeira Brandão. Mais cedo, a CPI ouviu o ex-gerente de Segurança Empresarial da Petrobras Pedro Aramis.
(Reportagem: Djan Moreno/ Áudio: Hélio Ricardo)
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