Avanço importante
Aprovado relatório da MP do Futebol; Otávio Leite diz que texto é novo marco para o esporte
A comissão mista que analisa a Medida Provisória 671/15, a chamada MP do Futebol, aprovou nesta quinta-feira (25) o texto apresentado pelo relator Otavio Leite (RJ) na íntegra. Apesar de alguns pontos serem considerados polêmicos, o tucano acredita que a aprovação pelo colegiado foi um passo importante e afirma que a proposta, como está, significa um novo marco para o futebol brasileiro.
A MP do Futebol trata do refinanciamento das dívidas fiscais e trabalhistas dos clubes de futebol profissional. O texto cria o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut), um instrumento de refinanciamento que exige dos clubes que aderirem o cumprimento de critérios de responsabilidade fiscal e de gestão interna.
“Existe a possibilidade real dos clubes saírem do atoleiro financeiro que se encontram e, ao mesmo tempo, reorganizarem as suas práticas administrativas para comportamentos responsáveis, saudáveis do ponto de vista financeiro, e transparentes. Isso significa uma gestão que cada clube terá dentro do tamanho do seu orçamento, o que inibirá a geração de dívidas irresponsáveis, que são a raiz do problema”, explicou Otavio Leite.
Deputados contrários à íntegra do relatório e que defendiam alterações no texto criticaram a aprovação da matéria. Mas o relator alertou que, durante as votações nos plenários da Câmara e do Senado, será possível apresentar destaques. “No plenário outros destaques poderão ser apresentados, mas o conteúdo da nossa proposta significará um novo marco para o futebol brasileiro”, reiterou.
Limite de mandato na CBF – Segundo o tucano, o projeto mexe em estruturas importantes ao alterar o colégio eleitoral da CBF para oxigená-la. O parlamentar destaca como alguns dos mais importantes pontos do relatório a imposição de limite de mandato de quatro anos para a confederação e o dispositivo que declara a seleção brasileira patrimônio cultural nacional –Pelo texto, a CBF passa a ser passível de investigação pelo Ministério Público Federal.
Esse último dispositivo foi sugerido pelo deputado Silvio Torres (SP) e acatado pelo relator. Tornando a seleção brasileira patrimônio nacional será possível que a Justiça acompanhe os contratos que a CBF faz em nome da seleção ou se utilizando dela. A emenda esbarra nos interesses de parlamentares ligados à confederação, mas é considerado fundamental dos pontos de vista da transparência e lisura. Apenas em 2014 a CBF faturou mais de R$ 500 milhões sem necessidade de prestação de contas.
Ao todo o texto possui 57 artigos em mais de 30 páginas. Além das questões como mudanças nos colégios eleitorais de federações e confederações e da transformação da seleção brasileira em patrimônio cultural, o texto prevê o pagamento de direito de arena para árbitros de futebol e autoriza novas modalidades de loteria, com possibilidade de associação aos clubes e exploração pela internet – apostas online. O relatório altera o Estatuto do Torcedor para que os clubes tenham que apresentar comprovantes de pagamentos para se inscreverem em campeonatos. Quem estiver inadimplente, é automaticamente rebaixado.
Há ainda pontos relacionados aos Jogos Olímpicos Rio 2016, como o custeio por parte da União do fornecimento temporário de energia para o evento e aplicação de regras de tributação do programa “Minha Casa Minha Vida” para obras vinculadas ao reassentamento de famílias. O texto também propõe a prorrogação da Lei de Incentivo ao Esporte – que oferece descontos no Imposto de Renda para quem investe no esporte -, inscrição de beneficiários do Bolsa Atleta na previdência e obrigação de seguro para atletas – artigo inspirado no caso da ex-ginasta Lais Souza.
(Reportagem: Djan Moreno com portais/ Foto: Ag. Senado/ Áudio: Hélio Ricardo)
Boa tarde. Apoio as cláusulas chave da MP (pagamento de dívidas, não atrasar salário de atletas, perda de pontos por inadimplência. Só uma seção me deixa dúvidas, que se refere a apostas desportivas. Este é um mercado que não deve ser interpretado como jogos de azar. Ele é muito mais próximo do mercado financeiro, pois envolve estudos sobre os times e as possibilidades de aposta que contempla. Não é correto compará-lo a um cassino ou bingo. Esta premissa seria falsa e na prática seria dizer que em uma partida os atletas e comissão técnica são croupiers.
O fator sorte existe, mas ele não possui um peso expressivo como uma roleta ou mesmo as loterias promovidas pelo Governo Federal. Parece-me mais um choque cultural porque desde a década de 40, quando o jogo foi proibido no Brasil por razões muito peculiares (dando uma conotação de pecador ao praticante), não houve mais nenhuma movimentação no sentido de reverter isso. É uma associação indevida. A fé de um indivíduo nada tem a ver com isso.
Voltando ao assunto das apostas desportivas: em muitos países é uma importante fonte de arrecadação, que aqui não está regulamentada e deveria aproveitar a oportunidade para fazer a devida regulamentação (que ao meu ver é melhor de ser realizada via parceiros, que já possuem expertise por operarem em diversos países – e prestarem contas nele). As casas de apostas seriam importantes patrocinadores do esporte, gerariam empregos, movimentariam a economia do país como um todo. Um reforço de caixa que ao meu ver não deveria ser desperdiçado (como bem levantado pelo vice presidente da Caixa, Fabio Cleto).
Considerem isso na próxima sessão.
Atenciosamente,