Ex-presidente em silêncio


Desespero de petistas com CPI da Petrobras indica que investigação se aproxima de Lula

Durante sessão marcada para ouvir o ex-presidente da empresa Sete Brasil João Carlos de Medeiros Ferraz, nesta terça-feira (16), a CPI da Petrobras voltou a ser palco de protestos de parlamentares petistas inconformados com a aprovação de requerimentos que fecham o cerco a figuras Izalci - Brunoligadas ao PT. Para os deputados do PSDB, o desespero dos petistas e o silêncio de Ferraz durante a oitiva na comissão só reforçam a tese de que a apuração está cada vez mais próxima do ex-presidente Lula.

“O PT e Lula apostaram na impunidade. No mensalão e no petrolão, o esquema era comprando a base aliada, só que agora o governo é minoria. Mas vamos fazer as acareações. É o que está faltando. A verdade vai ter que prevalecer”, alertou o deputado Izalci (DF), após os petistas reclamarem do resultado da votação da semana anterior.

Entre os requerimentos aprovados naquela ocasião, estão a convocação de Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula; bem como a obtenção dos dados relativos aos sigilos bancários, telefônicos e fiscais do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e da empresa dele, a JD Assessoria e Consultoria LTDA – informações em poder do Ministério Público e da Polícia Federal.

Também foram aprovados pedidos de acareação entre o ex-gerente de Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco e o ex-diretor de Serviços Renato Duque; entre Barusco e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto; entre o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e Vaccari; entre Vaccari, Barusco e Duque; entre Barusco, Vaccari e o doleiro Alberto Youssef; e entre o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e Paulo Roberto Costa.

“A reunião talvez tenha sido a mais importante dessa CPI. A reação dos parlamentares do PT é por causa do ex-presidente Lula, que esculhambou seus comandados e chegou ao cúmulo de chamar a atenção do vice-presidente Michel Temer”, criticou Izalci. De acordo com a imprensa, Lula teria telefonado a Temer e, em tom de cobrança, quis saber o que havia acontecido para que a convocação do presidente do instituto fosse aprovada.

Para Izalci, outro motivo que estaria causando pânico nos aliados da presidente Dilma seria a aprovação de requerimentos que atingem José Dirceu. “Ele corre um sério risco de voltar para a prisão. Dessa vez, acredito que ele vai entregar o rei e a rainha responsáveis pela operação”, alertou.

O deputado Bruno Covas (SP) citou a lista de parlamentares que não votaram durante a sessão da última quinta-feira (11), entre eles os petistas que reclamaram do resultado. “Seja por distração, ausência, omissão ou constrangimento, não quiseram registrar seu voto. Provavelmente tomaram um ‘pito’ no final de semana e agora querem fazer o registro de voto de forma extemporânea”, rechaçou.

Diante da opção do ex-presidente da Sete Brasil de não responder aos questionamentos dos deputados, Izalci disse que dificilmente João Carlos de Medeiros Ferraz agia apenas em causa própria. “Não era ele sozinho que conduzia esse processo. Foi escolhido a dedo, pois, como disse a própria Graça Foster, tinha que ser alguém de muita confiança e que fosse solidário, como está sendo hoje para não prejudicar aqueles que o colocaram lá. Entendemos agora o desespero do ex-presidente Lula chamando atenção do Temer e da base aliada pela votação da semana passada”, avaliou.

Ferraz foi acusado de receber propina pelo ex-gerente da área de Serviços da Petrobras Pedro Barusco. Segundo Barusco, os estaleiros contratados pela Sete Brasil para construir sondas de perfuração (ao custo unitário de 800 milhões de dólares) pagaram propina de 1% sobre os contratos, dividida da seguinte maneira: 2/3 para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, e o restante para ele, Barusco, Ferraz e Eduardo Musa (então diretor de Participações). A Sete Brasil é uma empresa privada, criada por iniciativa da própria Petrobras em 2011 para construir as sondas.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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16 junho, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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