O PSDB, a socialdemocracia e o Brasil, por Giuseppe Vecci

O Brasil passa por um momento peculiar, onde o Executivo, especialmente o governo federal, vive uma crise ética, política e econômica sem precedentes e o Legislativo rema contra a maré para tirar da gaveta projetos fundamentais para mudar o país. Por mais paradoxo que seja, são nestas ocasiões, chamadas de “momentos de crise” que estão as maiores oportunidades de aprendizado e crescimento. No exercício do mandato de deputado, acompanho de perto toda essa efervescência na Casa. Porém, é uma resposta tímida a um Brasil que clama por transformações profundas e urgentes. Nós, do PSDB, temos nos dedicado e trabalhado para atender a este anseio da população.

Integro o Grupo de Planejamento Estratégico do PSDB na Câmara dos Deputados onde temos discutido diversos projetos políticos para o futuro do partido e que pautarão nossas ações e atividades neste mandato. Não podemos ser hipócritas em não admitir que nosso projeto também passa pela conquista democrática de poder e pela reconquista da presidência da República. Todos os partidos, indistintamente, buscam essa meta a todo momento. No papel de oposição, a população cobra do PSDB uma posição mais combativa e vigorosa, uma ação mais próxima do sentimento do povo brasileiro. É nossa obrigação apontar as falhas do governo da presidente Dilma Rousseff, mas o propósito do partido tem de ir além disso.

A primeira ação é ser protagonista da mudança com uma agenda propositiva para o Brasil. Uma agenda que posicione os parlamentares, os governadores e prefeitos dos governos do PSDB em sintonia com o que há de mais moderno, com o que há de melhor para o desenvolvimento do país e para o crescimento econômico e social dos brasileiros.

O PSDB não pode fazer parte de uma oposição tacanha e ultrapassada que prega o quanto pior melhor. Somos muito mais do que isso! Queremos romper com as antigas práticas políticas em todas as instâncias. Da gestão pública à política partidária. Um dos desafios é resgatar a nossa história, o nosso DNA, a nossa origem que é fundamentada na Socialdemocracia. Somos um partido que no poder pactuou e fez reformas estruturantes que deram ao país ações modernizadoras e maior desenvolvimento econômico – concessões e privatizações-, abertura e reforma na moeda, no petróleo, nas telecomunicações e nos principais setores da economia.

Implantamos uma rede de políticas sociais (bolsa escola, de alimentação, auxílio gás, medicamentos genéricos, saúde da família, Fundef, Fies e Pronaf entre outros) e fizemos a Lei de Responsabilidade Fiscal, a LRF. Estas políticas possibilitaram um novo ciclo de crescimento econômico para o Brasil. O PSDB praticou com firmeza e determinação o receituário da socialdemocracia.

Hoje vejo companheiros titubearem com propostas de mudanças programáticas do partido, com posições rasas e pequenas diante do nosso ideário de lutas. Já ouvi por diversas vezes, em determinados momentos no Congresso, pessoas dizerem que o PSDB é um partido de elite e que é preciso dar uma guinada para o lado dos trabalhadores. Ignoram talvez, que a socialdemocracia é o equilíbrio entre o capital e o trabalho, entre o social e o econômico, entre a cultura do direito e do dever. Costumam dizer que o PSDB fica em cima do muro mas, na verdade, o PSDB busca um equilíbrio da balança entre esses dois pontos, o que é uma tarefa difícil. É dicotômica e equivocada a opinião de alguns colegas de ver os partidos nos extremos (só liberal ou só socialista). O que permeia principalmente a socialdemocracia é a luta pelo desenvolvimento, levando em consideração as questões econômicas, sociais e o desenvolvimento do ser humano em sua amplitude.

A socialdemocracia foi criada na Europa onde se aperfeiçoou e trouxe desenvolvimento a muitos países como a Inglaterra, Alemanha e a Suécia. Aqui no Brasil, a socialdemocracia está presente em sua essência na carta programática do PSDB e que teve uma experiência muito positiva na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Além de grande político e gestor é um grande intelectual com um vasto conhecimento do ideário socialdemocrata e que soube utilizá-lo para o bem econômico e social de todo o país. A maioria dos programas sociais em vigor ainda hoje, os quais o PT tenta se apoderar da autoria, nasceu nos governos do PSDB (Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, Marconi Perillo, Geraldo Alckmin entre outros). As reformas e os programas criados por eles são os maiores exemplos.

Devemos trilhar um horizonte, perseverando com mudanças e reformas que nos levem gradativamente ao progresso sustentado. A maioria das lideranças do partido tem esta visão e caminha nesta direção. Podemos ter dificuldades, falhas e dualismos, mas credibilidade, coragem, competência e talento são marcas do PSDB. Me sinto honrado de fazer parte deste grupamento idealista e qualificado.

(*) Giuseppe Vecci é deputado federal pelo PSDB de Goiás. (Foto: Alexssandro Loyola)